A consultora do Ministério da Saúde para o processo de acolhimento com classificação de risco nos hospitais, a médica Clara Sette, diz que “as pessoas ficam insatisfeitas nas filas dos hospitais não porque elas têm que esperar, mas porque não sabem o tempo de espera e acham que não deveriam esperar”. Sette explica que “quando os pacientes chegam no Pronto Socorro acham que o caso deles é super grave; aliás por isso que vieram procurar o Pronto Socorro. Então, se alguém fala que o caso destas pessoas não é tão grave, que serão atendidas e terão que esperar, elas esperam qualquer tempo sem reclamar”. A consultora conheceu, ontem, o hospital universitário da Universidade Estadual de Maringá e disse que a proposta de acolhimento nas portas de urgência faz parte de algumas das etapas da humanização na área de saúde.

 

Segundo ela, o acolhimento “é uma forma de se organizar a porta de urgência, de maneira que se acolha todo mundo, que não se dispense ninguém sem atendimento e de maneira que as pessoas sejam atendidas não por ordem de chegada, mas por ordem de prioridade clínica, de gravidade de caso”. Para ela, este processo “cria um ambiente melhor no Pronto Socorro, organiza a porta do Pronto Socorro quando ela é muito cheia, permite que os usuários fiquem mais satisfeitos porque eles são acolhidos, passam por uma consulta de enfermagem que vai fazer a classificação de risco e que vai informar para eles o quanto vão esperar”.

 O acolhimento também é muito melhor, conforme a consultora, para quem trabalha, pois “quem está atendendo sabe que não vai deixar passar um caso grave, que alguém não vai passar mal na fila, que está demorando para ser atendido e deveria ser atendido antes; a equipe que está atendendo fica mais tranqüila porque sabe que quem está mais grave vai com certeza passar na frente e isso diminui a angústia dos profissionais que estão ali”. De qualquer modo, Sette esclarece que, de imediato, o acolhimento não diminui o número de pessoas que serão atendidas. Segundo ela, depois de um tempo de implantação até diminui, porque as pessoas começam a entender o processo e acabam se autoclassificando antes de irem para o hospital.

 No caso do HU da UEM, Sette diz que a implementação do acolhimento vai, com certeza, organizar a porta do Pronto Socorro, que está muito cheia. Ela citou o caso da ortopedia, em que há muito movimento. “Por exemplo, a entrada da ortopedia se beneficiaria de uma classificação de risco para atender primeiro os que chegam com dor. Às vezes, uma pessoa que está ali, retornando porque fez uma cirurgia, está esperando na fila junto com alguém que acabou de ter uma luxação e está com dor”.

Sette observou também que “este hospital é um hospital de referência regional, que recebe muita gente que precisa de internação. Além do acolhimento outras providências precisão ser tomadas para melhorar esta circulação, “e este hospital é um hospital de referência para uma região grande. Então, ele tem uma demanda grande de pacientes mais graves”. À noite, acompanhada por Patrícia Souza Campos, consultora do Ministério da Saúde para a Rede Humanizasus na região Sul do Brasil, Sette se reuniu, no hospital, com integrantes da comissão de implantação do acolhimento no HU, membros da GTH (Grupo de Trabalho de Humanização), diretores do hospital e com o superintendente do HU, José Carlos Amador.

 Explicou o que é a classificação de risco e acrescentou que, além deste trabalho, há outras ferramentas de gestão para auxiliar no processo, como a ajuda horizontal, na qual é realizada a visita diária de um médico para ver o paciente; a visita do clínico em todos os leitos; a existência de uma pessoa responsável para acompanhar a situação do paciente e alguém que também monitore o tempo de permanência do paciente no hospital. Sette participa do Encontro maringaense sobre acohimento com classificação de risco, que termina, hoje (29), às 12 horas, no Centro Universitário de Maringá (Cesumar).

 No final de 2008, o HU iniciou a distribuição de  folhetos informativos sobre os atendimentos no Pronto Socorro, além da instalação de placas em pontos estratégicos, dando início à preparação do projeto mais amplo, de acolhimento do paciente, a ser implantado em 2009. Em junho do ano passado, o hospital aderiu à Política Nacional de Humanização (PNH), do Ministério da Saúde, também conhecida como Humanizasus. Com isso, o HU, que já trabalha com algumas ações de humanização no atendimento, caminha para consolidar estas práticas.