Primeiro prédio da Reitoria

Maringá tinha apenas 23 anos de fundação quando o governador, Paulo Pimentel, assinou, no dia 28 de janeiro de 1970, o Decreto Lei criando a Universidade Estadual de Maringá. Em 11 de maio de 1976, quando Maringá acabava de completar 29 anos, outro decreto era publicado, agora pelo Governo Federal. Era o decreto de reconhecimento da Instituição Passados quatro décadas, a UEM reconta sua história e comemora as conquistas acumuladas ao longo desses anos. 

Cafezal daria lugar ao futuro câmpusPara quem não sabe, a Instituição foi criada a partir de três faculdades isoladas – Faculdade Estadual de Ciências Econômicas, Faculdade de Direito e Faculdade de Filosofia – e do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas.

Nos idos de 1967, esses três estabelecimentos estaduais de ensino superior de Maringá ofereciam, no total, sete cursos e já concentravam grande número de acadêmicos. E, nos bastidores, as conversas em torno da fusão das faculdades já começavam a tomar corpo.

O primeiro a falar em público sobre o assunto foi o economista Lauro Werneck, que era classificado como um sonhador. O professor Ademaro Barreiros, outro entusiasta da idéia, chegou a idealizar uma lista com dezenas de assinaturas cujo objetivo era desencadear um movimento pró Universidade.

Contudo, a idéia começou realmente a se definir quando, em junho de 1968, o prefeito Luiz Moreira de Carvalho constituiu a Comissão de Planejamento da Universidade. Liderada pelo professor Flávio Pasquinelli, a Comissão era composta pelos professores Ademaro Barreiros, Oberon Floriano Dittert, José James da Silveira, Ricarte Oliveiros de Freitas e os secretários municipais Renato Bernardi, da Educação e Cultura e  Sebastião Rodrigues Pimentel, da Saúde. Esse grupo de professores ficou conhecido como grupo do ICET, sigla do futuro Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas de Maringá.

No dia 2 de setembro de 1968, a Comissão entregava ao prefeito Luiz de Carvalho, um anteprojeto de lei contendo 21 artigos. Era o embrião da Universidade. Depois disso, a comissão se desfez, mas os professores não pararam de trabalhar.

Em fevereiro de 1969, Adriano Valente assumia a prefeitura de Maringá. A expectativa era grande e Valente, convicto de que uma universidade  proporcionaria um salto de desenvolvimento a Maringá e  região, não decepcionaria. Poucos dias após a posse, o prefeito criou o Grupo de Trabalho para a Implantação da Universidade.

Adriano Valente e os membros do Grupo de Trabalho visitam um dos locais estudados para implantação do câmpusEste novo grupo, presidido por Pasquinelli, e integrado pelos mesmos professores, era mais completo, pois possuía 9 conselheiros, tendo a frente Dom Jaime Luiz Coelho, uma Comissão Jurídica, liderada pelo advogado e professor Horácio Racanello, uma Comissão de Obras, liderada por Odilon Dittert, uma de Finanças tendo a frente José James da Silveira e uma de Relações Públicas, comandada pela professora Clarinha Brilman. Ao todo, eram 31 pessoas trabalhando nas comissões ou como conselheiras com um único objetivo: estudar a viabilidade e lutar pela implantação do Instituto Tecnológico, que serviria de base à concretização da Universidade.

Naquele mesmo ano, durante as comemorações do aniversário de Maringá, o governador Paulo Pimentel recebia um documento elaborado pelo Grupo. Entre vários itens, ressaltava a importância de uma universidade para a consolidação do desenvolvimento regional e solicitava a criação de um Instituto Tecnológico que ofereceria novos cursos. Com isso o Conselho Federal de Educação não se oporia à criação da Universidade.

No dia 6 de novembro de 1969 o Governo do Estado autorizava a criação do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, o ICET que ofereceria os cursos de Matemática, Química, e as Engenharias Civil e Química, em um prédio nos fundos do Instituto de Educação. O decreto de criação da UEM, assinado dois meses depois, incorporava o ICET e as três faculdades isoladas. A Universidade nascia oferecendo 10 cursos de graduação.

Formação do câmpus  

A Companhia de Terras Norte do Paraná, responsável pelo planejamento de Maringá, havia reservado, em 1947, um local para a edificação de faculdades, na planta do município. A área, doada à prefeitura, em 1964, era um lote de terras contíguo ao Estádio Willie Davids, no entanto, a área era pequena.

Havia ainda o plano diretor da cidade, de 1967, que previa espaço para um Setor Universitário, nas proximidades do Cemitério Municipal. Mas esta área ficava na periferia e também não atendia as necessidades de espaço exigidas para a edificação do câmpus.

Diante do impasse, a administração municipal designou uma comissão para estudar outros locais que pudessem abrigar a UEM. Depois de uma busca por vários bairros de Maringá, que incluiu, entre outros, as zonas 4 e 5, a comissão acabou optando pela Zona 7, tendo eleito uma área compreendida por vários lotes da Gleba Patrimônio Maringá.

A área escolhida para o câmpus, fronteiriça à Avenida Colombo, já contava com 11 edificações. Eram 7 casas de madeira, uma casa popular e um salão comercial, demolidos conforme as desapropriações eram realizadas, e outras 4 edificações em alvenaria: duas residências e dois armazéns. As edificações em alvenaria foram aproveitadas e 3 delas existem até hoje.

Parte das doações de lotes destinados a UEM acabou sendo rescindida e com essas rescisões e litígios, em algumas desapropriações que perduram até hoje, a área total destinada ao câmpus passou dos originais 206,39 halqueires aos atuais 33,10 halqueires. O equivalente a 1.381.033,17 m².                           

Edificação no sistema pré-moldado

A área escolhida para o câmpus já contava com 11 edificações, que eram demolidas conforme as desapropriaçõesJá em 1970, a Prefeitura de Maringá contratou o primeiro plano piloto para construção do câmpus. Elaborado por renomados arquitetos de Curitiba, como Jaime Lerner, Domingos Henrique Bongestabs e Marcos Prado, o plano piloto foi chamado Projeto UMA – Universidade de Maringá. Essa era a sigla da Universidade que só mais tarde seria trocada por UEM.

Moderno e ambicioso o projeto lembrava o câmpus da Universidade de Brasília, porém, não chegou a ser implantado em sua forma original. Havia inadequações e, principalmente, falta de recursos financeiros.

A construção de salas de aulas no sistema pré-fabricado foi o modelo escolhido em razão do custo baixo e da agilidade na construção. Mesmo assim os recursos eram insuficientes e a administração da Universidade se viu obrigada a buscar dinheiro na rede bancária, por meio de empréstimos.

Naquela época, como a reitoria centralizasse todas as decisões e ações administrativas da Instituição, o próprio reitor, Cal Garcia, resolveu ser o avalista nas operações de crédito bancário. O professor José James da Silveira, diretor financeiro da Instituição, chegou a hipotecar a própria casa, pois o montante da dívida da qual era o avalista equivalia a quinhentas vezes o salário mensal recebido por ele na época.

Em 1973, a administração da Universidade instituía a taxa de câmpus, uma contribuição, paga por professores e funcionários, com o objetivo de angariar recursos que ajudassem a viabilizar as construções. O ensino, naquela época, também não era gratuito como hoje. Os alunos pagavam mensalidades e o montante desse dinheiro representava mais de 20% da receita total da Universidade.

Com tudo isso, mais a colaboração da administração municipal na infra-estrutura do terreno, neste mesmo ano os blocos pré-fabricados começaram a ser construídos.

Os primeiros blocos pré-moldadosFoi rápido. Os três primeiros surgiram em frente à rua Lauro Werneck. Uma parte das edificações ficou pronta em 1973 e o restante, em 1974. Conforme os blocos ficavam prontos os cursos progressivamente eram transferidos para a nova sede.

Entre 1973 e 1974, a grande maioria deles e a reitoria estavam instalados no câmpus. A reitoria funcionava no bloco 101, em frente à Avenida Colombo, onde hoje estão instalados a Pró-Reitoria de Administração e o Escritório de Cooperação Internacional. Na gestão Carl Garcia foram construídos, ao todo, quinze blocos pré-moldados além de 3 quadras esportivas. A UEM começava a tomar jeito de Universidade.

Calouros aguardam a foto para o regisro acadêmicoEm quatro décadas de história, a Universidade agigantou-se. Cresceu quantitativa e qualitativamente, tornando-se referência no Estado e no País. A história acabou mostrando a importância que ganharia a luta daqueles idealistas.