O vice-governador e secretário de Educação do Paraná, Flávio Arns, em sua visita à Universidade Estadual de Maringá no dia 10, anunciou que o Estado suprirá, para 2011, os professores que o Colégio de Aplicação Pedagógica precisa para a oferta do ensino fundamental de nove anos. Arns liberou a abertura de duas turmas para cada um dos três primeiros anos do novo sistema. Os novos professores já começaram a trabalhar nesta segunda-feira à tarde (14).

O CAP, criado em 1974 e que atende alunos dos ensinos fundamental e médio, estava encontrando dificuldades com a falta de professores para as séries iniciais do ensino fundamental. Em atendimento às mudanças inauguradas pela edição da Lei Federal que tornou obrigatório o Ensino Fundamental a partir dos seis anos, o governo do Estado do Paraná, desde 2007, em acordo com os Municípios paranaenses, firmou a oferta do Ensino Fundamental (anos iniciais), ou seja, do 1º ao 5º dos 9 anos da sua nova duração, como de responsabilidade dos municípios. Com a cessação gradativa da oferta pelo Estado e a implementação, também gradativa, da oferta pelo Município, desde 2009 o Colégio tem enfrentado sérias dificuldades. Estas dificuldades foram acentuadas pelo não avanço nas negociações, à época, com relação às reivindicações, junto às secretarias estaduais de Educação (Seed) e de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), de todos os colégios de Aplicação do Paraná (UEM, UEL, UEPG) para que os mesmos fossem compreendidos em sua natureza específica, abrindo-se possibilidades de fixação de seus professores em quadro próprio. Num segundo momento, em negociação com o município, a UEM também não avançou em virtude da Lei Orgânica Municipal que gera o impeditivo para a cessão de professores do município para o CAP.

Negociação - Segundo a pró-reitora de Ensino, Ednéia Rossi, com a autorização de Arns para 2011 a UEM ganhará tempo para continuar as negociações. Temos que buscar junto à Prefeitura a solução do problema, seja por meio de convênio ou lei especial. A UEM também solicitará a reavaliação da situação dos Colégios de Aplicação do Paraná junto à Seed e Seti. A meta é que eles possam cumprir em sua plenitude os objetivos para os quais foram criados e possam realizar suas contratações. Para ela, é difícil trabalhar apenas com professores cedidos por meio de convênios. O ideal é que todos sejam fixados no quadro próprio. Rossi comenta que é preciso uma política pública que perceba a importância de colégios de aplicação nas universidades e inclua na carreira o professor dos ensinos fundamental e médio.

A pró-reitora mostrou-se otimista com a posição do novo governo em relação à educação e acredita que as negociações devem ter um trâmite mais tranquilo. Lembrou ainda do apoio e empenho da chefe do NRE de Maringá, Maria Inês Teixeira Barbosa, e do posicionamento de Arns em relação aos colégios de aplicação pedagógica. Durante sua visita à UEM, Arns reforçou que os CAPs são algo essencial e fundamental para alunos, para pesquisa e estágio, não só licenciaturas. “A nossa ideia é transformar esses colégios em polos de irradiação de conhecimento para toda rede pública. Fazer dentro deles o debate com a comunidade. Por isso, vamos dar todo apoio aos colégios de aplicação”.

Experimentação - A diretora do CAP, Augusta Padilha, ressalta que o CAP tem uma proposta diferenciada das demais escolas. Por ser de aplicação pedagógica, serve como laboratório de investigação, testagem e experimentação pedagógicas; e centro inovadora e catalisador de processos de inovação pedagógica. Serve ainda como campo para estágio para cursos de licenciatura. Busca instrumentalizar a comunidade escolar para o desempenho consciente da cidadania e prestar serviços à comunidade relacionados com a sua finalidade de ensino, pesquisa e extensão, como os projetos Centro de Vida Independente e Atividades Alternativas para Pessoas com Necessidades Especiais.

Os colégios de aplicação foram criados em 1946 por legislação federal para serem um tipo de estabelecimento de ensino em que os alunos de licenciatura fizessem a aplicação, numa situação real de ensino-aprendizagem dos conhecimentos técnicos adquiridos nos cursos de graduação, servindo também de campo de experimentação pedagógica para renovação e melhoria do ensino fundamental e médio. Para Padilha, a eficiência de uma universidade se mede pela qualidade de profissionais que ela forma e a qualidade desses profissionais depende do treinamento que tiveram enquanto alunos.

Entre as reivindicações do colégio estão a fixação de professores no próprio colégio, a reforma e revitalização das instalações e arredores, o retorno do oferecimento da pré-escola e que a biblioteca seja considerada setorial. Padilha pede ainda o resgate do convênio entre a Secretaria de Educação e a UEM que normalizava a situação administrativa do CAP e previa remuneração dos professores e colaboração financeira para atividades e projetos, assinado em setembro de 1984.