O Laboratório de Adsorção e Troca Iônica da Universidade Estadual de Maringá foi credenciado, pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), para realizar pesquisas na área de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural. A resolução foi publicada, nesta segunda-feira, dia 11, no Diário Oficial da União. 

Sob coordenação dos professores Pedro Augusto Arroyo e Maria Angélica Barros, ambos do Departamento de Engenharia Química, o laboratório foi implantado há cinco anos através de um convênio com a Petrobrás. Em 2009, a estatal propôs o convênio para projeto de pesquisa, visando ao desenvolvimento de tecnologia para descontaminação de gás natural, a ser produzido no pré-sal, nas unidades de exploração da petrolífera. Uma das exigências técnicas era a centralidade em tecnologia verde, ou seja, purificar o gás natural que sai do pré-sal com tecnologia 'limpa', sem a geração de resíduos em processos menos agressivos ao ambiente.

O projeto está sob a coordenação de Arroyo e a supervisão de técnicos da Petrobras. Na primeira fase, a Petrobras investiu R$ 1,2 milhão, para construção física, compra de equipamentos e instalação do laboratório, que ocupa um prédio tem 111m², divididos em setor administrativo, sala de estudos e três salas de testes, as quais abrigam equipamentos tecnológicos de ponta para realização de três tipos de ensaios na área de Adsorção e Troca Iônica: dinâmicos; em equilíbrio; e de caracterização de adsorventes.

Com os recursos da primeira fase foram contratados dois pesquisadores, a química Joziane Gimenes Meneguin e o engenheiro químico Leonardo Hadlich de Oliveira, responsáveis pelo laboratório. Também atuam no projeto dois alunos de graduação em Engenharia Química, inseridos na iniciação científica. A segunda fase do projeto vai até metade de 2015, com investimento da Petrobras no valor de R$ 2,4 milhões, para equipamentos, manutenção e contratação de mais um profissional pesquisador.

A nova fase entrará em vigor a partir de agosto do ano que vem e prevê o repasse de mais R$ 2,4 milhões. A previsão para esta etapa é a obtenção de dados para implantação de uma planta piloto, o que deve ocorrer depois de 2017. A planta fornecerá os dados necessários para aplicação do projeto já então em escala industrial.

Tecnologia Verde - O professor Pedro Arroyo diz que os resultados são promissores. “O adsorvente que estamos utilizando tem um grande potencial de aplicação na descontaminação de gás natural e como este projeto tem a abordagem de uma tecnologia verde, podemos contribuir para minimizar a produção de rejeitos e a emissão de poluentes como o CO2 (gás carbônico) e o H2S (gás sulfídrico)” explica o professor, destacando que os resultados alcançados em cada etapa de desenvolvimento do projeto é apresentado à Petrobras.

Segundo Arroyo, o processo de adsorção seletiva não gera resíduo do ponto de vista do adsorvente, pois este pode ser regenerado e reutilizado no processo. “Numa linguagem simples, a adsorção significa reter, no nosso caso, uma molécula (CO2 ou H2S) numa superfície sólida (a zeólita). No momento em que a molécula de interesse está adsorvida, podemos separá-la seletivamente de outras, descontaminando o gás natural. Em outra condição operacional, a molécula adsorvida no sólido pode ser dessorvida e direcionada a outra parte do processo. O ciclo de adsorção/dessorção não gera nenhum tipo de resíduo, constituindo-se em tecnologia verde”, explica o professor. Ele lembra que os processos clássicos de descontaminação do gás natural na indústria utilizam solventes altamente tóxicos, podendo acarretar danos significativos ao ambiente. “O que fazemos é um processo de separação. O material adsorvido possui utilização em outros processos. O próprio CO2 retirado, que é um dos contaminantes, pode ser modificado quimicamente, utilizado como solvente ambientalmente correto para extrações surpercríticas ou ser injetado nos poços de petróleo”, exemplifica ele.

Portas abertas – Além de atestar critérios de qualidade, estrutura e capacitação técnica do Laboratório, o credenciamento anunciado pela ANP traz outras vantagens para a Universidade a participação de licitações para o desenvolvimento de outros projetos. "O credenciamento abre muitas portas. Agora, estamos aptos a participar de licitações via ANP. Por meio delas, teremos mais desenvolvimento, mais tecnologia. Nossos projetos poderão ser aprovados, o que causa bastante impacto”, comemora Arroyo.

A UEM tem mais três laboratórios credenciados pela ANP. São eles: Laboratório de Tecnologia de Asfalto; Laboratório de Tecnologia em Biolubrificantes; e Laboratório de Tecnologia Enzimática de Biocombustíveis.