O adoecimento dos trabalhadores em decorrência da precarização das condições de trabalho é o principal foco de um evento aberto, nesta quinta-feira (2), na Universidade Estadual de Maringá, reunindo alguns dos principais estudiosos brasileiros sobre o assunto. 

Os pesquisadores estão discutindo o cenário de incertezas, que sinaliza, por exemplo, para a perda dos direitos trabalhistas por meio de recuos na legislação.
Foi esta a tônica da fala do professor Fábio Orsini Lopes, do Departamento de Psicologia da UEM, na abertura do 1º Simpósio “Psicologia e Trabalho: Dimensões Sociais e Subjetividade e do 1º Encontro do Laboratório Interinstitucional de Subjetividade e Trabalho.
Para Lopes, um dos coordenadores gerais do evento, o cenário político sinaliza para um momento de alerta geral. Ele adverte para a necessidade de cautela sobre discursos sobre a competitividade e o sucesso individual.
No entendimento do coordenador, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador está em risco. É por meio dela, por exemplo, que as empresas informam a União, acessando o Sistema de Notificação de Agravos, sobre os motivos da saída do funcionário. E isso contribui para que o governo federal acompanhe, de fato, o que acontece nas transformações do mundo do trabalho, ajudando na definição de projetos.
Pesquisas da Universidade, baseadas em relatórios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), apontam para o aumento da incidência de doenças psico-patológicas em razão da precarização das condições de trabalho. São casos como a depressão, o abuso das substâncias entorpecentes e, em casos extremos, de suicídio.
Lembrando que o evento vem sendo preparado há mais de um ano, Fábio Lopes destacou a participação efetiva dos estudantes e a presença de palestrantes de renome nacional de internacional. Segundo ele, a inscrição de 39 trabalhos, para serem apresentados como comunicações orais, também é reflexo deste prestígio.
A chefe do Departamento de Psicologia, Elizabeth Lima, destacou o fato de o evento envolver o trabalho interinstitucional, por meio de várias instituições de ensino superior, além da UEM. Também ressaltou a atuação de jovens professores do Departamento de Psicologia da UEM nas áreas do ensino, da pesquisa e da extensão.
O reitor Mauro Baesso disse que "construir um bom ambiente de trabalho nem sempre é fácil". Ele também afirmou sobre a necessidade de a sociedade discutir o modelo ideal de universidade pública. Para ele, caso se decida adotar, nas públicas, o mesmo modelo praticado nas universidades particulares, com os professores horistas, haverá "uma tragédia nacional".
A solenidade de abertura teve também a participação da banda "Viajantes de Gaveta", formada por estudantes de psicologia da UEM, além de uma exposição de fotos e textos sobre a questão das relações de trabalho.
O evento prossegue até amanhã (3) e é promovido pelos grupos de pesquisa "Psicologia e Trabalho: Dimensões Sociais e Subjetividade"; e "Laboratório Interinstitucional de Subjetividade e Trabalho (LIST)", como ações de fortalecimento e desenvolvimento de suas atividades.
Estes grupos são compostos por pesquisadores atuantes em várias instituições, como as universidades estaduais de Maringá (UEM), de Londrina (UEL),  e Estadual Paulista (Unesp)/câmpus de Assis, além das Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO) e da Faculdade da Alta Paulusta (Fadap).
A programação reúne palestrantes de renome na área, como José Antônio Damásio Abib, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Ricardo Antunes, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Edith Selligmann Silva, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Além das palestras, acontecerão mesas redondas, comunicações orais, atividades culturais e fórum de encerramento. As inscrições serão aceitas até a data de início do evento. Outras informações no site  www.eventos.uem.br/index.php/spsi2.