Há dois anos, Mauro Baesso e Julio Damasceno assumiam a Reitoria da Universidade Estadual de Maringá sob a bandeira Atuar e Mudar. Uma conquista importante marcaria o início da gestão: a volta da paridade do voto nas eleições para reitor. Ao colocar o tema em votação no Conselho Universitário, Baesso e Damasceno davam voz a uma parcela significativa da comunidade universitária que lutava pela causa.

A gestão também iniciava com muitos outros desafios a enfrentar. Alguns bem objetivos como a necessidade de expansão da estrutura física, em contrapartida com a situação das obras paradas e o déficit de custeio. Para além das obras, outras questões igualmente importantes como a necessidade de aprofundar as ações afirmativas e de assistência estudantil, promover o fortalecimento das licenciaturas e a sistematização dos processos de informação, integrar os câmpus regionais, discutir a política de inovação e propriedade intelectual, aprimorar o diálogo entre universidade e empresas.

 

“Entre tantos desafios, demos prioridade à conclusão das obras do Restaurante Universitário”, diz Baesso. Longe de ser uma escolha aleatória, segundo disse o reitor, a decisão tem a ver com a importância do RU para a permanência dos alunos na UEM, especialmente os que possuem situação de fragilidade econômica e dependem da oferta de refeições baratas e de qualidade.

O RU foi reaberto em março deste ano, após três anos fechado

A retomada da obra se deu em julho do ano passado, após o rompimento do contrato com a construtora, ato justificado por sucessivos atrasos e algumas irregularidades comprovadas, e ao final de um período de aproximadamente três meses de greve.

Baesso relembra que o rompimento do contrato foi uma decisão difícil, inclusive do ponto de vista econômico. Perder a garantia de repasse de verba do Governo era só um lado da moeda. O outro seria reunir recursos suficientes para concluir o projeto. Por isso mesmo a reinauguração do RU, em março deste ano, foi tão comemorada.

O reitor faz questão de agradecer o empenho dos servidores que, segundo ele, foi decisivo na entrega da obra. “Após o rompimento do contrato, decidimos continuar a reforma com mão de obra e recursos próprios. Sem a competência e a disponibilidade da equipe não teríamos conseguido devolver o RU à comunidade universitária”, reforça Baesso.

Rescisão contratual – Assim como no RU, foi feito um diagnóstico em todas as obras paradas, que são cerca de 50. Em alguns casos, os laudos técnicos apontaram irregularidades que levaram à instauração de processos administrativos e consequente rescisão contratual. Julio Damasceno fala da preocupação da Reitoria de que todo esse levantamento se desse dentro dos limites da legalidade e da transparência e lembra que nem todos os processos levaram ao rompimento do contrato. De acordo com o vice-reitor, depois de cumpridas todas as etapas serão abertas novas licitações. É o caso do Centro de Excelência em Handebol e do Bloco da Odontologia. “São obras paradas há pelo menos oito anos, que agora devem ser retomadas”, comemora o vice-reitor.

Centro de Eventos: processo de licitação para o reinício da obra seja deve ser aberto no começo do ano que vem

Centro de Eventos – Outra construção importante que está sendo viabilizada é o Centro de Eventos. “A previsão é de que processo de licitação para o reinício da obra seja aberto no começo do ano que vem”, anuncia Baesso.

As comunidades acadêmica e local irão ganhar muito com esse Centro  que terá um auditório com mais de mil lugares. Além de salas menores, que juntas totalizarão mais 400 lugares.

Ainda falando em desafios, a atual gestão buscou o enfrentando de um problema crônico na UEM: a queda de energia em horários de pico, principalmente no verão. A situação compromete, inclusive, os cursos noturnos que repetidas vezes têm as aulas suspensas. “Para solucionar esse problema estamos construindo uma nova subestação, pois com a capacidade instalada de 13,8 kV, a atual já não atende a demanda da UEM”, anuncia Damasceno. Os investimentos são de cerca de 1,3 milhão e a previsão é de que as obras estejam concluídas em oito meses, segundo informou Damasceno. “A nova subestação terá entrada de 34,5 kV, atendendo as demandas atuais e futuras da Universidade”.

Foram feitos investimentos em iluminação para maior segurança no câmpus

Segurança – A gestão também vem fazendo alguns investimentos importantes em segurança. Merece destaque o incremento da frota para uso da vigilância patrimonial e a ampliação e melhoria na iluminação do câmpus. Assim como o acordo firmado com a polícia militar para o patrulhamento ostensivo em toda a área. A instalação de mais de 300 câmeras de monitoramento terá um papel fundamental no item segurança. O processo de licitação para compra das câmeras deve ser aberto nas próximas semanas.

Graduação – Com foco no fortalecimento da graduação, a gestão deu início a um programa continuado de apoio e integração dos discentes, visando a redução da evasão e o índice de repetência. Trata-se do Prointe, que basicamente é um facilitador na transposição do ensino médio para o ensino superior, oferecendo reforço nas disciplinas básicas e dando suporte aos alunos, especialmente aqueles que estão ingressando na Instituição, possibilitando melhor desempenho ao longo de todo o curso de graduação. O Prointe também atende os câmpus regionais.

Ainda dentro de uma política de assistência estudantil, a atual gestão vem atendendo os acadêmicos que estudam fora do câmpus sede, com o subsídio de marmitex. O benefício é oferecido nos cinco câmpus regionais.

A manutenção de bolsas para indígenas e a implantação do comitê interdisciplinar de enfrentamento às violências e fobias de gênero e questões raciais constituem novos exemplos de ações que pouco a pouco vão consolidando a marca da gestão

Novo Plano diretor do HUM prevê 500 leitos

Saúde – O Hospital Universitário aumentou em 30% o número de internações e em 60% o número de cirurgias. Os novos leitos foram disponibilizados à população a partir de uma reforma administrativa iniciada após a conclusão do Bloco Administrativo.

 A área anteriormente ocupada pelo setor administrativo foram construídas duas novas enfermarias e criadas outras quatro a partir da reforma e adequação de espaços.

O Centro Cirúrgico e Obstétrico também foi ampliando, recebendo uma nova sala cirúrgica e outra de recuperação pós-anestésica.

Houve investimentos nas clínicas de internamento, facilitando as condições de recuperação dos pacientes e melhorando as condições de trabalho dos profissionais envolvidos no setor.

Essas iniciativas fazem parte de um amplo projeto de reestruturação do hospital, que engloba ainda a construção do bloco cirúrgico e da clínica adulta. As obras, já em andamento, receberam recursos da Secretaria de Estado da Saúde. Os investimentos resultarão na abertura de onze novas salas cirúrgicas e de cem novos leitos. As obras estão contempladas no Plano de Diretor de Infraestrutura e Paisagismo do HU proposto pela atual gestão. O novo Plano dá a visão futura do Complexo de Saúde, ordenando a ampliação do HU até chegar a 500 leitos.

Ele também prevê a centralização dos departamentos ligados à área da saúde e a criação dos Centros de Doenças Crônicas e Raras e de Reabilitação Motora, tornando o HU de Maringá referência nessas áreas.

De acordo com o reitor, o projeto para o Centro de Reabilitação Motora está em execução, com a garantia de recursos, no valor de R$ 2,7 milhões, através de emendas individuais impositivas de alguns parlamentares, entre eles o senador Álvaro Dias (PV), os deputados federais Rubens Bueno (PPS), Ênio Verri (PT), Edmar Arruda (PSD), Luiz Nishimori (PR) e Ricardo Barros (PP-PR), hoje ministro da Saúde.

Baesso também informa sobre outras emendas parlamentares, destinadas para investimentos na Biblioteca Central, no Hospital Veterinário de Umuarama, no Laboratório de Design e Moda de Cianorte e no Câmpus Regional do Vale do Ivaí. Segundo Baesso, as emendas totalizam cerca de R$ 2,3 milhões e são da senadora Gleisi Hoffman (PT), e dos deputados federais Alex Canziani (PTB), Toninho Wandscheer (PROS), Osmar Serraglio (PMDB) e Sérgio Souza (PMDB).

Mobilidade – “Estamos trabalhando em um projeto de mobilidade interna que, entre outras obras, incluirá a construção de uma ciclovia que vai circular por todo o câmpus”, diz Baesso. Finalizada essa etapa, será construído o Espaço de Convivência que tem como proposta facilitar a integração e formação cultural dos acadêmicos e servidores. “Construído entre o Restaurante Universitário e a Biblioteca Central, o espaço contemplará área de exposições, deck elevado, calçadão, sem acesso a veículos, e ciclovia com iluminação noturna”, explica o reitor, destacando que todo o projeto já foi concebido.

Com a proposta de estabelecer uma ponte bem estruturada entre pesquisadores e empresas, a gestão Atuar e Mudar também implantou uma agência de inovação. “Também criamos do comitê ambiental, que vem apresentando soluções importantes na busca de uma UEM mais sustentável e estamos trabalhando em um projeto de reestruturação administrativa”, afirma o vice-reitor. “Claro que todas essas ações constituem um conjunto de esforços, onde todos dão sua parcela de contribuição”, frisa Damasceno, destacando o papel dos conselhos superiores, da equipe de pró-reitores, assessores e de toda a comunidade universitária. “Sozinhos não teríamos realizado nada”, pondera ele.

A UEM aparece em vigésimo quarto lugar no Ranking Universitário Folha (RUF) e está listada entre as cinco melhores universidades estaduais no ranking Times Higher Education

Baesso também faz questão de acrescer o empenho de todos que, mesmo diante de um cenário de dificuldades, têm feito o seu melhor para que a UEM continue sendo a Universidade de destaque que sempre foi. A medida desse desempenho pode ser dada, por exemplo, na consolidação da posição de liderança da UEM entre as universidades brasileiras, demonstrada através de diversos rankings.

Neste ano, por exemplo, a Universidade aparece em vigésimo quarto lugar no Ranking Universitário Folha (RUF), com vários cursos entre os vinte melhores do país. A UEM ainda está listada entre as cinco melhores universidades estaduais no ranking Times Higher Education.

Todo esse reconhecimento é importante, especialmente porque a UEM é uma instituição jovem e ainda tem muito potencial de crescimento. Significa que há ainda um longo caminho a trilhar.

“Cabe a nós continuar trabalhando para construir a UEM que todos queremos, garantindo à comunidade universitária a concretização de um projeto formatado coletivamente, a partir de princípios universais de transparência, independências e qualidade”, frisou o reitor.

Baesso e Damasceno ainda expressam o desejo de que o Governo do Estado esteja aberto ao diálogo e mostre mais sensibilidade para atender as reivindicações não só da UEM, mas de todas as universidades estaduais do Paraná, que afinal são um patrimônio público do Estado.