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A criação de um comitê, a elaboração de uma carta aberta e a realização de uma audiência pública foram algumas das decisões tomadas na reunião que contou com a presença do prefeito Ulisses Maia e de representantes de várias entidades

Cerca de 50 pessoas, entre políticos, representantes da sociedade civil organizada de Maringá, e autoridades religiosas e acadêmicas, marcaram presença na reunião realizada na Universidade Estadual de Maringá, durante toda a manhã desta segunda-feira, dia 17. A proposta do encontro foi dar continuidade a um movimento criado no início de abril em defesa da UEM e das universidades públicas paranaenses.

Mais uma vez a Instituição recebeu manifestações favoráveis, vindas dos diferentes setores. O prefeito de Maringá, Ulisses Maia, foi o primeiro a declarar “apoio incondicional” à Universidade. Como ex-aluno, Maia lembrou que conhece bem a realidade da UEM e disse que estará presente, inclusive como interlocutor, nas ações criadas com o objetivo de defendê-la. “A UEM é nossa e vamos defender esse patrimônio”, disse o prefeito. 

Visita às obras paradas

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O grupo foi convidado a visitar algumas das obras paralisadas no câmpus, entre elas os blocos das engenharias, cuja construção teve início em 2008, com o investimento de R$ 2 milhões. As obras foram paralisadas em 2011, ainda na primeira gestão do governador Beto Richa, sem o término da segunda fase. “Esses novos blocos consolidariam os cursos de Engenharia de produção, Mecânica, Elétrica e de Alimentos. Ao invés disso, hoje os alunos estão espalhados em diferentes salas pelo câmpus, algumas em condições precárias de uso”, explicou o reitor Mauro Baesso.

A Casa do Estudante foi outra das obras visitadas. Com o lançamento da pedra fundamental em 2009, o local foi planejado dentro de uma política de assistência estudantil para facilitar a permanência dos estudantes na Universidade. Em especial os que vêm de fora e não têm condições de se manter na cidade.

Essas obras fazem parte do conjunto de 36 construções inacabadas e que dependem de recursos para serem concluídas. “São obras importantes que garantem a infraestrutura necessária para atender o movimento de expansão da UEM”, diz Carlos Augusto Tamanini, prefeito do câmpus. 

Antes da visita pelo câmpus, todos os convidados reuniram-se no Gabinete do reitor, que aproveitou o momento para apresentar o atual cenário em que as instituições estaduais de ensino superior se inserem. Falando a partir da realidade local, Baesso lembrou que cerca de 30% do quadro docente da UEM é composto por professores temporários, sem que isso represente uma justificativa econômica, considerando que os custos de um professor efetivo e de um temporário se equivalem.

Ainda segundo o reitor, há cursos funcionando sem nenhum docente efetivo, como é o caso da graduação em Engenharia Elétrica.

Futuro comprometido

A falta de repasse para as obras, a não reposição do quadro funcional e outras decisões tomadas pelos poderes executivo e legislativo do Estado podem ter sérias implicações no futuro das universidades públicas paranaenses, segundo Baesso. Este cenário compromete a excelência do ensino e causa prejuízos para toda a comunidade local, em especial para o jovem que sonha em ingressar em uma instituição pública de qualidade.

“O Estado pode privatizar nossas instituições sem precisar lançar mão de nenhum decreto. Basta não autorizar a contração de efetivos”, desabafa o reitor, justificando o pedido de apoio da sociedade local. Principalmente porque os canais de comunicação com o governo estão cada vez mais inacessíveis.

Destacando o papel da Universidade para o crescimento de Maringá e Região, o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá, Ilson da Silva Rezende, lamentou o sucateamento da instituição. “A UEM sempre foi referência e o enfraquecimento institucional coloca em risco a visão de futuro da nossa cidade”, disse Rezende, declarando o apoio do Codem em defesa da UEM.

Outra manifestação de apoio foi dada pelo presidente da Ordem dos Pastores Evangélicos de Maringá, Pastor Noel Cruz, que se comprometeu em levar adiante o movimento, fazendo com que a comunidade conheça a realidade da UEM.

D. Anuar Battisti, arcebispo da Arquidiocese de Maringá, disse que todos ali poderiam ser porta-vozes da crise da UEM, cada qual na sua área de atuação e influência. Para o arcebispo, cruzar os braços seria como “assinar um atestado de óbito antecipado”. “Precisamos chamar nossos representantes para um diálogo”, pontua D. Anuar.

Carta Aberta

Representando a Ordem dos Advogados do Brasil-Subseção de Maringá, Ana Cláudia Bandeira, garantiu que levará todas essas demandas para a OAB Paraná, uma vez que os problemas enfrentados são comuns a todas as instituições estaduais de ensino superior. Ana Cláudia também citou o alto índice de aprovação dos alunos de Direito da UEM nos exames da Ordem, justificando a qualidade do ensino. 

Além disso, ela sugeriu a elaboração de uma carta aberta, assinada por todas as entidades presentes, como manifestação ampla de apoio à UEM. A sugestão foi elogiada pelo reitor e teve aprovação geral dos presentes.

Outra proposta bem recebida foi a feita pelo representante do Sindicato dos Comerciários de Maringá, Walter Fernandes, que sugeriu a criação de uma comissão, integrada por um representante de cada entidade. A ideia é que essa comissão apresente as demandas da UEM em uma audiência com o governo do Estado e com os parlamentares.

Audiência Pública

Os vereadores Carlos Mariucci e Sidney Teles representaram a Câmara Municipal de Maringá. Mariucci destacou que, no próximo dia 27, deve ser marcada uma audiência pública na Câmara, chamando todas as lideranças políticas da cidade e região, para discutir estratégias de defesa da UEM.

O presidente da Seção Sindical dos Docentes da UEM, Edmilson Silva, destaca que todas as manifestações de apoio fortalecem e alegram a comunidade universitária, pois são demonstrações de que a luta pelo ensino público de qualidade não é solitária. 

Lembrando que a UEM foi criada a partir de um movimento da sociedade maringaense, Silva falou que a união em defesa da Universidade resgata um sentimento de pertencimento, de que a UEM é de todos. Para ele, as dificuldades impostas a todas as universidades atinge diretamente o interior do Estado, pois são recursos financeiros que deixam de ser investidos nas cidades.

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá, Nelson Garcia, também falou do papel de destaque da UEM e da importância da luta conjunta em benefício da Universidade.

Alunos de diferentes cursos ainda se manifestaram em defesa da UEM. O acadêmico Phil Natal, do curso de Comunicação e Multimeios, falou de várias conquistas obtidas a partir de movimentos organizados. Para ele, esse movimento está ajudando a construir o futuro da Universidade, que depende da união de forças.

Leonardo Fagundes, diretor do DCE também declarou o apoio do Diretório Central dos Estudantes, em defesa da universidade pública e de qualidade.

O reitor, Mauro Baesso, e o vice-reitor, Julio Damasceno, agradeceram tantas manifestações de apoio. Para eles, apesar dos sérios problemas enfrentados, esse momento de união dá esperanças de futuro melhor para a UEM. “É para isso que estamos lutando”, diz Damasceno.

A reunião também contou com a presença do diretor da Associação Comercial e Industrial de Maringá, Mohamad Ali Awada, do presidente do Convention Visitors Bureau de Maringá, Dirceu Gambini, de representantes dos Sindicados da Construção Civil, do Vestuário e dos Metalúrgicos, entre outros.

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