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Na avaliação do ex-ministro, o Brasil é muito complexo para ficar num reducionismo divisório entre "coxinhas e mortadelas"

Para o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT), não é possível aceitar que "um País complexo como o nosso, para o bem ou para o mal, seja reduzido a esta divisão espúria entre coxinhas e mortadelas". Na avaliação dele, "O Brasil não cabe nesta divisão miúda. O Brasil é bem mais complexo do que isso". 

Ciro fez palestra, ontem (29), a um auditório lotado, com cerca de mil pessoas, na Universidade Estadual de Maringá (UEM), para falar sobre os "Desafios e perspectivas para a retomada do crescimento econômico no Brasil".

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O evento ocorreu no Restaurante Universitário e reuniu estudantes, professores e agente universitários, além de pessoas da comunidade externa, incluindo representantes municipais do PDT. O secretário de Recursos Humanos de Maringá, César França, representou o prefeito Ulisses Maia (PDT).

Ciro veio a convite do Centro Acadêmico do Curso de Economia (Caeco) "José James da Silveira", para analisar as características e perspectivas recentes do crescimento e do desenvolvimento econômico brasileiro do ponto de vista da condução das suas principais políticas e instituições macroeconômicas e seus resultados para o desempenho recente do País. 

Durante cerca de duas horas, o ex-ministro conduziu uma análise das estratégias de desenvolvimento adotadas pelo Brasil, especialmente a partir da década de 1980, dentro de uma perspectiva crítica e comparativa.

Ele lembrou que em 1980 o Brasil era relativamente um País mais rico que a China, com a economia do País representando 1% do comércio mundial. Hoje, o Brasil representa o mesmo 1% e a China 12,5%. Segundo Ciro, é possível copiar as premissas da economia política de outra nação desenvolvida, respeitando as peculiaridades brasileiras.

 

Projeto

 

Para o ex-ministro, o Brasil tem jeito, desde que haja um projeto de Nação. Falando sobre a atual onda voltada para a despolitização da sociedade, ao induzir o eleitor a pensar que os políticos são todos iguais, no sentido perojativo, ele lembrou que o Congresso "é o santuário da democracia. Nós precisamos do Congresso, porque ele é o poder popular. É bom que a gente lembre que se este Congresso fosse 100% corrupto, e não é, eles [deputados federais e senadores] foram eleitos por nós. E isso é que é constrangedor".

Levando em conta que em 2018 haverá eleições gerais, Ciro pergunta: "que tal dar valor ao seu voto para deputado?, que tal lembrar que eles é que estão discutindo nossos direitos?". Conforme ele, "os próximos [eleitos] é que vão eventualmente restaurar os nossos direitos. A Constituição de 88 está revogada. A tal PEC [Proposta de Emenda Constitucional] 55, que virou 271, congela por 20 anos os gastos com educação, saúde e segurança. E deixa sintomaticamente livre o mais volumoso dos gastos, que são os juros para bancos".

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O reitor Mauro Baesso e o vice-reitor Julio Damasceno prestigiaram a palestra. Ao discursar, Baesso lembrou que a universidade pública brasileira passa por um momento delicado. De acordo com ele, Maringá não seria o que é hoje se não fosse a UEM". E arrancou aplausos ao dizer que "na UEM não tem custo aluno, tem investimento".

Ele solicitou a Ciro Gomes que ajuda a defender o sistema público de ensino superior, que, conforme o reitor, "custou bastante do ponto de vista do empenho da sociedade brasileira". 

Para finalizar, afirmou que somente por meio da educação conseguiremos transformar o País. "Não há sociedade livre sem educação"

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O ingresso na palestra foi a doação de um litro de leite. Os donativos serão entregues, pelo Caeco, a uma entidade social.

 

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