Nesse momento, 150 pacientes estão sob os cuidados da equipe do hospital
Dia 30 de outubro, é celebrado o Dia Internacional de Luta contra o Reumatismo. Poucos sabem que o Hospital Universitário de Maringá oferece atendimento ambulatorial na área de reumatologia para pacientes de Maringá e região desde 1993. O responsável por essa iniciativa é o médico e professor do curso de medicina da Universidade Estadual de Maringá (DMD/UEM), Paulo Roberto Donadio. Ele é um dos convidados que irá palestrar no encontro organizado pela Associação Maringaense de Apoio ao Reumático (Amar), que acontece na manhã desta segunda-feira (30), no auditório Hélio Moreira, anexo à prefeitura de Maringá. Para marcar a data comemorativa, o doutor adiantou algumas questões que irá tratar no evento, entre elas os mitos que envolvem o tema reumatismo.
Segundo Donadio, a palavra reumatismo tem como origem o termo reuma, proposto por Hipócrates, o pai da medicina, 300 anos antes de Cristo. “Hipócrates chamava de reuma os fluidos maléficos do corpo. Assim, surgiu o termo reumatismo, que se referia às doenças ‘causadas’ por esses fluidos. Com o tempo, no entanto, a definição de reumatismo foi sendo ajustada e, hoje, nós entendemos esse termo como aquele que define o conjunto de doenças difusas do tecido conjuntivo. Estas doenças podem ser inflamatórias ou autoimunes, ou seja, aquelas causadas por anticorpos que por algum motivo agridem o organismo”, explicou o médico.
Entre as doenças reumáticas mais comuns de caráter autoimune, o doutor Donadio cita a artrite reumatoide e o lúpus eritematoso sistêmico, que pode comprometer qualquer órgão do corpo. Aliás, apontar as doenças reumatológicas é um dos mitos que envolvem a área. De acordo com Doandio, o espectro dessas patologias é grande. Além das doenças autoimunes, há as osteoartrites, popularmente conhecida com artrose, que se configura como um desgaste articular das cartilagens; e o reumatismo das partes moles, que acontece nos tendões e outros locais, como as tendinites e as burcites.
As causas das doenças reumáticas são várias. Podem ser resultado de hábitos errados de alimentação, esforço repetitivo, mas também por um depósito excessivo de cristais nas articulações, além das questões das patologias autoimunes”, explicou o médico. Ele ainda destacou que, ao contrário do que muitos pensam, esses problemas não são causados pela exposição excessiva ao frio, outro mito em torno do tema. “Se fosse assim, os moradores dos países com temperaturas mais baixas teriam mais propensão à doença, o que não é verdade”, alertou.
Por último, o médico chamou atenção para o fato de que é preciso que as pessoas saibam que o diagnóstico do reumatismo não é feito apenas com exames laboratoriais. Dependem de um conjunto de variáveis que não dispensam o exame clínico, do médico no consultório com o paciente. “Criou-se o mito de que alguns exames, como o de fator nuclear, que apontam a propensão de problemas autoimunes, significam que a pessoa irá desenvolver algum tipo de reumatismo como o lúpus. Isso não procede. Como disse, esses exames isoladamente não são capazes de fazer o diagnóstico. São exames complementares, que completam a ação da clínica, do contato com o médico”, alertou o reumatologista.
Ambulatório – É esse acompanhamento clínico que é feito no HUM desde 1993. Os pacientes que são atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e têm diagnóstico ou suspeita de doenças reumatológicas são encaminhados para o ambulatório do HUM, que funciona todas as manhãs. “Conseguimos dar esse atendimento ampliado, porque criamos, em 2009, a residência em reumatologia no HUM. Além dos residentes, atuam no ambulatório os alunos dos 2º, 5º e 6º anos de medicina, que estão passando pela disciplina de clínica médica. E ainda fazemos atendimentos fora do HUM, à tarde: segunda-feira, na UBS Iguaçu, e quinta-feira, na UBS Mandacaru. Neste caso, além dos residentes, atuam alunos do 5º ano que estão em estágio na área de Saúde da Família. Sem contar que ainda abrimos espaço para acadêmicos que estão estagiando na Santa Casa e o hospital Santa Rita”, esclareceu o doutor Donadio.
Iracema Augusta da Silva é uma das pacientes do ambulatório de reumatologia. Ela foi encaminhada pela UBS Mandacaru, porque alguns exames indicaram que ela poderia ser portadora de lúpus. A maringaense disse que vem recebendo atendimento de qualidade da equipe do doutor Donadio. O grupo analisou os exames encaminhados pela Unidade Básica, solicitou outros e, “agora, vou passar pelo exame clínico já com esses exames analisados. Sempre sou atendida pelos residentes mas, depois, o doutor [Donadio] vem conversar pessoalmente e explicar o que está sendo feito. O acolhimento é muito bom”, destacou.