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A segunda manifestação em 15 dias reuniu, segundo os organizadores, mais participantes que o protesto anterior; veja as fotos do protesto

Cerca de quatro mil pessoas, entre estudantes, professores e servidores técnicos da Universidade Estadual de Maringá, alunos do ensino médico, sindicalistas, representantes de partidos políticos e integrantes de movimentos sociais e populares participaram, ontem (30), da segunda manifestação contra os cortes na Educação patrocinados principalmente pelo governo federal, mas também promovido pelo governo paranaense.

Após a concentração na frente da Biblioteca Central, câmpus da UEM, os manifestantes seguiram em passeata até à praça Raposo Tavares, ao lado da antiga rodoviária, se juntando aos trabalhadores que aguardavam o transporte coletivo no retorno para casa.

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Durante a caminhada, com duas paradas para explicar à população os motivos do protesto, a preocupação era esclarecer aos cidadãos na rua o sucateamento a que a Educação brasileira, sobretudo a de nível superior, vem sofrendo nos últimos meses.

Presidente do centro acadêmico do curso de Educação Física da UEM, o Caef, o estudante Krigor Camargo Barea Faeda (foto abaixo), por exemplo, enfatizou que se a Universidade Estadual de Maringá parar, toda a cidade vai sofrer um impacto sem precedentes.

E foi neste sentido, falando o quanto o investimento feito na UEM, incluindo os salários e bolsas pagos aos servidores e alunos, retorna para o comércio da cidade, que os manifestantes conduziram parte da passeata.

Krigor

O ex-vereador Bianco Aparecido, de Sarandi, falou que o governo do presidente Jair Bolsonaro quer tornar o Brasil em um País de terceiro mundo, pois, sem Educação superior de qualidade a nação poderá ficar cientistas e sem pesquisas.

Para Pedro Jorge de Freitas, professor das Ciências Sociais, o Ministério da Educação e o governo de Ratinho Junior querem para as universidades federais e estaduais um modelo de pouca credibilidade, sem a prática da pesquisa e da extensão. Ele se referia ao anúncio recente do governador de fazer acordo com a Universidade Estácio de Sá, instituição particular no Rio de Janeiro, para a compra de vagas de ensino a distância.

A professora Sueli de Castro, da seção sindical dos Docentes da UEM (Sesduem), denunciou a falta de reposição dos professores que estão se aposentando. Citou um estudo encomendado por Ratinho Junior à Fundação Dom Cabral visando mais eficiência nas universidades estaduais. Conforme Sueli, esta lógica da iniciativa privada para o ensino superior vai resultar na redução de servidores, acabando com a pesquisa e a extensão nas instituições de ensino superior públicas estaduais.

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O estudante César Silva, vice-presidente do centro acadêmico de Artes Visuais da UEM e membro da Frente Estudantil da Universidade, alertou para a gravidade da situação em decorrência do corte nos recursos para a Educação, que deve afetar o repasse de bolsas de estudo e, no caso da Desvinculação de Receitas de Estados e Municípios (Drem), pelo governo do Paraná, comprometer o funcionamento do Restaurante Universitário, do hospital universitário e de laboratórios.

Ao longo do percurso, cartazes e palavras de ordem deram o tom do protesto, que, em muitos trechos, recebeu o aceno positivo da população.

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Algumas das frases mais pronunciadas foram "Estudantes na rua, Ratinho a culpa é sua", "Greve geral, de resistência nacional", "Nas ruas, nas casas, quem disse que sumiu? Aqui está presente o Movimento Estudantil", "Não é mole não. Tem dinheiro para a milícia, mas não tem pra educação", "Pula, sai do chão quem defende a educação", Trabalhador, preste atenção! O Bolsonaro só trabalha pro Patrão", A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria", "A UEM não vai embora, a UEM não vai embora", "Ratinho Junior, fique ligado que o Movimento Estudantil tá organizado", e "Quem ataca a educação ataca a Nação".

Aproveitando a oportunidade, os manifestantes convidaram a população a participar, no dia 14 de junho, da greve geral nacional convocada pelas centrais sindicais brasileiras. A pauta central será a defesa do direito de aposentadoria e o repúdio à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro, em tramitação no Congresso.