ABERTURA hemocentro cianorte covid 4

A iniciativa vem fazendo coletas de plasma de pessoas infectadas pelo coronavírus que se recuperaram; material pode fornecer anticorpos para pacientes ainda em recuperação

A coleta de sangue de pessoas que tiveram Covid-19 está sendo realizada na Unidade de Coleta e Transfusão de Cianorte, há pouco mais de um mês. A ação conta com a ajuda de uma enfermeira do projeto “UEM no combate ao coronavírus”. Financiado pela Fundação Araucária de Apoio ao desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA), em parceria com a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) e a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), o projeto atua nos municípios da 15ª Regional de Saúde (Maringá), 12ª Regional de Saúde (Umuarama), 13ª Regional de Saúde (Cianorte) e 22ª Regional de Saúde (Ivaiporã).

A enfermeira Daniela da Graça iniciou as atividades como bolsista do Projeto na sala de coleta de sangue. As bolsas coletadas são disponibilizadas para os hospitais de Cianorte, municípios da 13ª Regional e para toda a hemorrede do Paraná. “Em algumas unidades da hemorrede, já eram realizadas as coletas do plasma hiperimune. Logo em seguida, o Hemepar solicitou para que todas as unidades realizassem esta coleta, seguindo um protocolo”, explica Daniela. O plasma hiperimune ou convalescente vem de pessoas infectadas pelo coronavírus que se recuperaram, e pode fornecer anticorpos para pacientes ainda em recuperação.

Triagem – A bolsista da UEM conta que este tipo de coleta é realizada duas vezes por semana, que também faz a busca ativa e a pré-triagem destes doadores. “Ligamos para pacientes que já tiveram a Covid-19, nos últimos seis meses, para fazer uma primeira triagem e saber se existe interesse da doação”, conta Daniela. Não são todos que tiveram o vírus que podem ser doadores, existem alguns critérios e impedimentos. “Eles precisam ter feito o exame de RTPC-R, mulheres que já foram gestantes não podem doar, elas desenvolvem outros tipos de anticorpos que estão associados a reações graves”. Em média, de duas a quatro pessoas doam o plasma, por semana. Este material é processado no Hemocentro de Maringá e o plasma liberado, volta para a unidade de Cianorte, de onde é encaminhado para o Hemepar Paraná.

A coordenadora do projeto em Cianorte, a professora da UEM, Anelise Dalberto, lembra que a unidade de Cianorte, em toda a pandemia, manteve seus estoques suficientes, abastecendo todos os hospitais da 13ª Regional. “Primeiro, veio a necessidade de sangue para as pessoas com Covid em estado grave. Como em Cianorte existia uma deficiência de profissionais foi solicitada a bolsista ao Projeto, para realizar as atividades na sala de coleta e, também, dar apoio ao trabalho diferenciado de coleta de plasma hiperimune”.

Para a coordenadora da Unidade de Coleta e Transfusão de Cianorte, Patrícia Regina de Oliveira, a bolsista foi primordial e essencial para a manutenção do estoque de bolsas de sangue. Ela conta que alguns servidores se aposentaram e a unidade ficou com o número reduzido de funcionários. "Sem ela [a bolsista] teríamos que diminuir uma cadeira na sala e isso resultaria em uma redução de quatro a seis coletas por dia. A atuação da Daniela está sendo fundamental para que nosso trabalho continue acontecendo com excelência”.

EQUIPE hemocentro cianorte covid 2Números – A coordenadora informou, ainda, que a média mensal de encaminhamento para a Hemorrede do Paraná é de 97 bolsas e, para o Hemepar de Curitiba, 70 bolsas. A Unidade atende oito hospitais da Regional de Cianorte e um serviço de hemodiálise. Hoje, conta com uma média mensal de 314 candidatos a doadores e coleta uma média mensal de 275 bolsas. “Já chegamos a coletar, em 2018, 423 bolsas/mês e recebemos 492 candidatos a doadores por mês. Por isso, a importância do quadro completo de servidores, para não haver queda de coletas, candidatos à doação e estoque’, destaca Patrícia.

Em relação à coleta do plasma, a coordenadora destaca a importância da busca ativa, que é bem delicada e demorada também. “Não são todos que podem ser doadores e, daqueles que estão aptos, nem todos aceitam. Vejo aqui, por exemplo, a enfermeira contata 10 pessoas, uma ou duas aceitam ser doadoras”.

Para a pró-reitora de Extensão e Pesquisa da UEM, Débora de Mello Sant’Ana, o Projeto Covid é uma das ações mais efetivas da Universidade no apoio à sociedade, durante a pandemia. “Nossa atuação envolve desde cuidados básicos até o apoio a iniciativas inovadoras, como esta, da coleta de sangue hiperimune, e mais, em médios e pequenos municípios da nossa região”.

UEM no combate à pandemia – O Projeto da UEM conta, atualmente com 122 bolsistas, sendo que 62 deles estão atuando na 15ª Regional de Saúde; 25 na 13ª Regional; 18 na 22° Regional e 17 na 12ª Regional de Saúde. Os apoios estão sendo realizados nos mais variados setores: pronto-atendimentos, Hospital Universitário de Maringá (HUM), Instituto Médico Legal, delegacias e rodovias do Paraná, que fazem divisas com outros Estados.

Texto produzido pela bolsista do Projeto, a jornalista Vanessa Bellei