paratletas projeto UEM01

Há atividades gratuitas de atletismo, bocha adaptada, badminton e tênis de mesa; foto antes da pandemia

Com as Paralimpíadas de Tóquio, os olhos do mundo se voltam aos atletas com deficiência. No entanto, o curso de Educação Física do Câmpus Regional do Vale do Ivaí (CRV) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em Ivaiporã, atende essa população não só agora, mas já há mais de seis anos. São desenvolvidas atividades semanais e gratuitas de atletismo, bocha adaptada, badminton e tênis de mesa. Muitos participantes obtêm resultados expressivos em competições locais, regionais, nacionais e até internacionais.

O projeto de extensão Atividades Físicas Adaptadas do Vale do Ivaí (Afavi) atende cerca de 50 pessoas e “já conseguiu muitas conquistas tanto no âmbito da promoção da integração e inclusão social, saúde e qualidade de vida por meio do estímulo à prática esportiva, quanto no âmbito do esporte de rendimento, dentre eles campeões paranaenses, brasileiros e um mundial com quebra de recorde na modalidade de atletismo na classe T20, para deficientes intelectuais”, divulga a coordenadora, Andréia Paula Basei. As atividades de atletismo foram retomadas presencialmente neste mês e ocorrem três vezes por semana no complexo esportivo do CRV da UEM.

 

CRV10anos 03

Complexo esportivo do CRV da UEM tem pista de atletismo, campo de futebol com medidas oficiais e ginásio de esportes

 

A coordenadora do Afavi menciona que o projeto possibilita que os participantes fiquem mais independentes e desenvolvam potencialidades e autoestima. Também é uma oportunidade para “satisfação pessoal, lazer, melhoria das capacidades físicas e motoras, bem como superação de limitações e preconceitos”. E como esporte também é competição, pode render vitórias… Diego de Souza Vieira, 26, o “Divininho”, tem várias delas! Morador de Arapuã-PR, participa do Afavi desde o início. É um corredor nato e compete pela T20. “O projeto da UEM é muito importante! Os professores ensinam a termos disciplina dentro e fora de casa, dentro e fora do treino”, diz o paratleta.

Divininho faz provas de 1,5 km, 5 km, 10 km, revezamento 4x100m e 4x400m e até já correu maratona (42 km) e meia-maratona (21 km). É dono de incontáveis troféus e medalhas de ouro, prata e bronze. É tanto pódio durante a carreira que não dá para enumerar todos, mas alguns são: 1º lugar na T20 da clássica Corrida de São Silvestre, em 2017; campeão da Maratona de Curitiba e do Campeonato Brasileiro de 5 km, ambos em 2019 pela classe T20. “Me sinto orgulhoso de representar a equipe da UEM e quero seguir mais longe”.

 

paratletas projeto UEM02

Participante do projeto desde o início, o jovem Diego Vieira é fera no atletismo

 

paratletas projeto UEM03

Uma das conquistas mais recentes de Divininho: 2º lugar geral no Desafio Beto Carrero World, no 1º semestre

 

Professores

Os treinadores do Afavi da UEM são Ricardo Alexandre Carminato, criador do projeto e docente do curso de Educação Física do CRV, e Ewerton Davi Marques Silva, coordenador técnico de Educação Física no Núcleo Regional de Ivaiporã e técnico da Seleção Brasileira de Atletismo para Deficientes Intelectuais. Para eles, “ver os paratletas vivendo do esporte é a maior realização, um fato que muda vidas, atitudes e que irá se refletir pelo resto da vida deles”.

Basei, a coordenadora do Afavi, ressalta que os paratletas percorrem uma longa trajetória até alcançar os níveis para participar de competições de grande expressão. “Porém, toda trajetória necessita de oportunidades de engajamento, seja com a finalidade competitiva, recreativa, educacional, social, entre outras de interesse das próprias pessoas com deficiência”.

 

Contribuição nacional

Por meio do Afavi da UEM também é realizado anualmente o Festival Paralímpico do Vale do Ivaí para inclusão social de estudantes com deficiência do Centro-Norte paranaense. É o maior evento do tipo no Brasil, e teve sua edição mais recente realizada em 2019. Para Basei, além da inclusão social, a importância do evento está na possibilidade de as pessoas com deficiência terem “inspiração, motivação e estímulo para a prática de atividades físicas e esportivas, e muitos paratletas do Afavi da UEM têm se tornado essas boas referências no esporte e na vida”.

 

Participe

Pessoas a partir de 5 anos de idade e com deficiências física, intelectual ou sensorial podem ser atendidas pela UEM no projeto Afavi da graduação em Educação Física de Ivaiporã. Os interessados em participar (ou seus responsáveis) devem enviar um e-mail para apbasei@uem.br para receber instruções iniciais.

Em razão da pandemia, o atendimento aos paratletas estava ocorrendo de forma remota, por meio de aplicativos e plataformas digitais, “para orientá-los e incentivá-los a continuar realizando atividades físicas, e para os paratletas com mais autonomia continuarem seus treinamentos a partir das orientações dos professores”, conta Basei.