A paixão pela fotografia fez com que Paulo Martinelli, funcionário da BCE, cursasse até pós-graduação na área

Por Gabriela Pontes, com fotos de Leonardo Ianella

Talvez você já tenha passado pela Biblioteca Central (BCE), no Câmpus Sede, e observado uma exposição de gravuras que desafiaram seu olhar, confundindo o cérebro e invocando sua atenção para parar e tentar entender melhor a imagem. São fotomontagens surrealistas. Imagens trabalhadas e desenvolvidas a partir de uma imaginação fértil. Elas fazem parte do Lado B de Paulo Cezar Martinelli, servidor na BCE. E não haveria local melhor para a exposição da arte produzida por ele, pois o servidor trabalha na BCE desde 1987, data que ingressou na Universidade. Sua história de UEM é uma relação de 31 anos com a Biblioteca.

Paulo não se denomina artista, afirma que tem uma pitada de fotógrafo e outra de artista plástico. Conta que desde criança se destacava na disciplina de artes. “Me empenhava muito nos trabalhos e por séries consecutivas tirava 10 na matéria”, lembra orgulhoso e em seguida admite, entre risos, que era a única disciplina que ia tão bem.

[“Adquiri minha primeira câmera e já comecei a fotografar eventos, ensaios pessoais e, depois, a me aprimorar na fotografia artística”]

Na juventude, Paulo se matriculou em alguns cursos de extensão da UEM ligados à produção artística, fez aulas de desenho e depois partiu para a pintura. Já apaixonado pelas artes, na década de noventa descobriu mais uma de suas paixões: a fotografia. “Adquiri minha primeira câmera e já comecei a fotografar eventos, ensaios pessoais e, depois, a me aprimorar na fotografia artística”.

Paulo é formado em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Depois de sua primeira graduação, iniciou o curso de Publicidade e Propaganda e não chegou a concluí-lo porque foi selecionado para uma pós graduação em fotografia, na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Sabendo de sua fascinação pela área, os próprios professores de Publicidade e Propaganda o incentivaram a trocar o curso pela pós graduação. “Foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida, um conhecimento que agregou no âmbito profissional e pessoal”, afirma com convicção de que fez a escolha certa.

Simultaneamente com o trabalho na UEM, Paulo fez a pós e se especializou ainda mais na área. “Eu comecei a trabalhar com fotografia de moda, fazendo linhas editoriais e catálogos”. Depois do trabalho, todo o tempo que restava era dedicado para a prática fotográfica.

Depois de tanto estudo e treino, Paulo estava apto para passar o conhecimento que adquiriu. Em Maringá, ministrou diversos cursos na área de fotografia e tratamento de imagem.

Ele não consegue identificar alguma pessoa próxima que tenha o inspirado para gostar das artes, do desenho e até mesmo da fotografia. Mas não tem dúvidas de que o Surrealismo e, em especial, Salvador Dali tenham sido grandes incentivadores em suas produções e gostos.

[“... trabalhava muito com manipulação de imagens e era apaixonado pelo surrealismo. Então uni as duas coisas”]

Paulo lembra que “trabalhava muito com manipulação de imagens e era apaixonado pelo surrealismo. Então uni as duas coisas”. Ele pesquisou a fundo a fotografia surreal, para entender como ela age para causar impacto visual, fazendo os observadores refletirem sobre a imagem, sobre a irrealidade. “Faz as pessoas sonharem”, explica entusiasmado.

Paulo começou a criar e, em outubro de 2017, fez sua primeira exposição, a Surreal, na Biblioteca Central. “Teve uma ótima repercussão, recebi muitos elogios e gostei dos resultados”, menciona contente. A partir da mostra, ele resolveu montar um livro piloto com as obras da Surreal. O livro ainda não foi impresso para distribuição e venda, pois está à espera de soluções burocráticas para a publicação.

Depois da primeira, Paulo já realizou sua segunda exposição, a Irrealidade, novamente na BCE. Mais uma vez, a repercussão foi grande.

Todas as imagens produzidas por Paulo têm um título. Para ele, o título é importante porque encaminha o olhar das pessoas para a obra.

A inspiração das criações de Paulo vem a qualquer momento. Ele já teve que, no meio da noite, anotar algumas ideias para produzi-las posteriormente. “Eu faço muita pesquisa de imagem e naturalmente minha mente começa a construir outras imagens a partir daquela primeira”. Uma simples foto de uma maçã em cima de um prato já rende muita criatividade para Paulo Martinelli.

[“Eu faço muita pesquisa de imagem e naturalmente minha mente começa a construir outras imagens a partir daquela primeira”]

A intenção do artista é continuar produzindo e expondo seu trabalho. Portanto, fique sempre atento porque a qualquer momento tem exposição nova na BCE.