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Neste sábado, 11 de maio, Universidade comemora novo aniversário de um de seus principais marcos históricos

Em 1976, quando a Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi reconhecida em âmbito federal pelo Ministério da Educação (MEC), Zenilda Soares Beltrami já trabalhava na instituição. Exatos 48 anos depois, a administradora ainda está na ativa e detém um recorde: é a funcionária da UEM com mais tempo de casa.

Desde então, muita coisa mudou na vida da servidora, e também na da UEM. Ao ser reconhecida pelo governo federal, a instituição pôde consolidar seus departamentos e centros de ensino, além de expandir suas atividades em âmbito regional. Hoje, a Universidade conta com sete câmpus, 67 cursos de graduação, mais de 100 programas de pós-graduação e 31 polos de Educação a Distância (EaD).

São mais de 83 mil estudantes formados, 15 mil matriculados e 3,5 mil docentes e agentes universitários, além de inúmeros projetos de ensino, pesquisa e extensão, como lembrou o reitor da UEM, Leandro Vanalli. “Esse é mais um dia de festa, em que a sociedade lembra da importância da nossa Universidade. Essa relevância não existe só no aspecto de formação, mas também na pesquisa, na extensão, na prestação de serviços e no desenvolvimento da nossa região e dos câmpus regionais. Viva a nossa Universidade Estadual de Maringá”, destacou.

Neste sábado, 11 de maio de 2024, aniversário de seu reconhecimento federal, a Universidade ouviu alguns dos servidores mais antigos que, assim como Beltrami, guardam na memória as histórias que consolidaram a UEM como uma das principais Instituições de Ensino Superior (IES) do país.

 

Trabalho em equipe

Criada em 1969 por meio de lei estadual, a UEM tinha quase seis anos de história em fevereiro de 1975, quando Zenilda Soares Beltrami ingressou na Diretoria de Assuntos Acadêmicos (DAA). Uma das primeiras funções da então auxiliar de escritório foi, justamente, reunir parte da documentação que seria enviada a Brasília para embasar o pedido de reconhecimento federal.

“As mesas da sala do Conselho Universitário (COU) ficaram todas cheias de papéis e de máquinas de xerox, que eram uma coisa muito nova na época. Era um trabalho tão árduo que a gente trocava de turno e se revezava, de sábado, de domingo, na parte da noite… E quando cansava, a gente deitava no carpete, colocava a cabeça na papelada para descansar um pouco, e voltava ao trabalho”, recordou.

O grupo de trabalho, que envolveu diferentes setores da Universidade, foi liderado pelo professor aposentado Argemiro Aluísio Karling, primeiro coordenador do curso de Pedagogia na UEM. Após a visita de uma comissão do governo federal a Maringá e vários meses de espera, o MEC enfim anunciou o reconhecimento da UEM como uma IES de pleno direito, por meio do Decreto Federal nº 77.583, de 11 de Maio de 1976.

“Eu até me arrepio de lembrar. Quando chegou a notícia, o pessoal começou a gritar, todo mundo foi para as passarelas, teve fogos de artifício, carreatas… Foi aí que nós tivemos noção da dimensão que era esse reconhecimento”, relembrou Beltrami.

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Administradora do Hemocentro da UEM, Zenilda Soares Beltrami é a servidora com mais tempo de serviço à instituição: 49 anos e 3 meses ininterruptos

 

Hoje, aos 67 anos, Beltrami se orgulha da trajetória que construiu não só na DAA, mas também em outros setores da UEM. Trabalhou na Divisão de Pessoal (DPE), que mais tarde se tornaria a Pró-Reitoria de Recursos Humanos e Assuntos Comunitários (PRH), e, desde 1994, atua como administradora no Hemocentro do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM).

“Essa ligação minha com a Universidade é muito forte, como se fosse um cordão umbilical. Eu morei aqui perto, depois passei a estudar e trabalhar, conheci meu marido aqui, tive minha família e parte dos meus filhos estudou aqui também. É uma vida inteira aqui dentro”, resumiu.

 

Lutas e avanços

Professor do Departamento de Administração (DAD), Décio Sperandio é o docente que há mais tempo leciona na UEM. Em 8 de maio de 1975, ele iniciou sua carreira no então Departamento de Matemática e Estatística, que depois seria desmembrado.

Contratado um ano e três dias antes da data comemorada hoje, Sperandio viu de perto o esforço do grupo liderado por Karling. “Foi feito um bom trabalho para demonstrar à comissão avaliadora tudo o que a UEM estava fazendo, no ensino, na pesquisa e na extensão. Não era simplesmente um protocolo. Se a Universidade não atendesse às exigências do MEC, ela não seria reconhecida”, ressaltou.

Para ele, o reconhecimento federal foi um divisor de águas na história da instituição. “Isso foi um marco legal e motivacional, que ajudou a divulgar o nome da Universidade nacional e internacionalmente, como uma instituição de qualidade. Mais do que isso, trouxe para a UEM uma identidade”, opinou.

Aos 73 anos de idade, Sperandio soma 53 anos de vida dedicados à UEM, contabilizando também o período em que foi estudante da licenciatura em Matemática na Universidade. Mais tarde, concluiria ainda o doutorado em Agronomia pela instituição.

Por mais de meio século, ele não só testemunhou, como contribuiu ativamente para o crescimento da Universidade. Foi reitor da UEM por duas vezes, entre 1990 e 1994 e de 2006 a 2010. Também ocupou o cargo de secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e, hoje, é membro do Conselho Estadual de Educação (CEE/PR). 

“A UEM cresceu muito e, para mim, ainda está em fase de crescimento. Uma instituição universitária nunca pode se dar por acabada. A Universidade conquista coisas, porque ninguém dá nada para ela, ela tem que lutar e conquistar. Tem que estar sempre em um processo contínuo de evolução da qualidade da graduação, da pós-graduação, da extensão”, exemplificou. “Eu sou privilegiado porque vivi a Universidade e acompanhei essa história de lutas e avanços”, completou. 

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Reitor da UEM em duas oportunidades, Décio Sperandio está na ativa há 49 anos e é o professor da Universidade com mais tempo de casa

 

Aprendizados pela estrada

Quem também viu de perto o desenvolvimento da Universidade foi Pedro Irineu Andrioli, motorista mais antigo da Divisão de Apoio (APO) da Diretoria de Serviços e Manutenção (DSM). Pedrinho, como é conhecido pelos colegas, tem 73 anos de idade, 47 como funcionário da UEM.

O servidor entrou na instituição em 1977, um ano após o reconhecimento federal. Por meio de um amigo, soube que a UEM estava ofertando uma vaga para motorista. Candidatou-se apenas 20 minutos antes do fim do prazo de inscrições e, na semana seguinte, voltou para fazer um teste de direção e mecânica com um sargento que atuava na segurança da Universidade. “Eram sete concurseiros, e subimos os sete em uma Kombi. Eu fui o terceiro ou quarto. O sargento mandava entrar na contramão, furar semáforo, mas eu estava de olho e falava para ele: ‘não, sargento, aqui é contramão’ (risos)”, relatou.

Uma semana depois, ele voltou ao câmpus para conferir o resultado. “Cheguei ali, rapaz, com um medo de não ter passado. Cheguei bem pertinho e vi o meu nome em primeiro, e era só uma vaga. Eu falei: ‘que beleza!’”, comemorou. 

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Motorista mais antigo da UEM em atividade, Pedro Irineu Andrioli, o Pedrinho, atua na Universidade desde 1977

 

Cerca de um ano após passar no concurso, Andrioli se tornou o motorista fixo da Reitoria. Nos quase 50 anos de serviço, acompanhou reitores, vice-reitores e outras autoridades da UEM em viagens oficiais pelo Brasil. Os aprendizados que fez pelo caminho são, hoje, seu maior orgulho. “Peguei conhecimento com todo mundo. Viajei muito para Curitiba, almoçava com o governador, com os reitores, aqui em Maringá com os juízes e advogados. Ficava do lado deles. Eu tinha minha vergonha, depois fui perdendo e peguei amizade com eles (risos). Foi muito bom, valeu a pena”, contou.

Ao lado das sedes dos câmpus regionais da UEM - Cianorte, Cidade Gaúcha, Diamante do Norte, Goioerê, Ivaiporã e Umuarama -, Curitiba foi um dos destinos mais frequentes, mas não o mais distante na carreira do motorista. Em uma de suas viagens, rodou mais de 1.100 km de Maringá até Brasília-DF, com uma Ford Belina LDO, ano 1977. Também conheceu São Paulo-SP, Belo Horizonte-MG, Cuiabá-MT, Campo Grande-MS, entre outras cidades brasileiras.

Nos últimos anos, Andrioli tem ficado à disposição da Garagem da Universidade. Ao fim do ano, deve iniciar o processo para, enfim, se aposentar. “A UEM representa muito para mim. Mudou muita coisa, era tudo terra, aí fizeram tudo isso do jeito que está agora. Gosto demais de trabalhar aqui”, revelou. “Vou sair, mas com vontade de continuar”.

 

Aniversários

O dia do reconhecimento federal, celebrado anualmente em 11 de maio, é uma das três datas comemorativas festejadas pela comunidade acadêmica da UEM.

A primeira delas ocorreu em 6 de novembro de 1969, quando a criação da Universidade foi autorizada pela Lei Estadual nº 6.034/1969. A segunda é celebrada em 28 de janeiro: nesta data, em 1970, a fundação de direito público da instituição foi criada por meio de um decreto estadual.

Confira, abaixo, a mensagem completa do reitor, Leandro Vanalli, à comunidade acadêmica, sobre o aniversário de 48 anos do reconhecimento federal da UEM: