A parede interna da Diretoria de Cultura da Universidade Estadual de Maringá está sendo decorada com doodles pelos alunos do curso Fundamentos da Linguagem Visual, acompanhados da professora e artista plástica Tânia Machado. Um doodle, explica, pode ser um esboço de um desenho linear, simples, mas que pode ter um significado concreto de representação, ou simplesmente representar formas abstratas. “Aqueles desenhos dos cadernos escolares, muitas vezes nas margens, quando os alunos estão distraídos ou desinteressados, podem ser uma forma de doodle. Podem ser representados seres fictícios, paisagens, caricaturas, formas da natureza, formas abstratas. Na linha da escrita automática dos dadaístas, a oficina baseada no doodle pretende exercitar o poder criador. Os doodles compõem-se de fragmentos que refletem as qualidades especiais de cada pessoa”.

A atividade teve início neste sábado, dia 2, e deve prosseguir em agosto. Os alunos colocaram sua criatividade em ação e foram espalhando os desenhos de forma integrada. Embora ainda não concluídos, os doodles já trouxeram uma alteração significativa no ambiente. O trabalho foi bem recebido pelos alunos. Segundo Welingron Vainer, 29 anos, infografista, “foi uma novidade, uma experiência diferente e prazerosa. A arte dos doodles nos proporciona a possibilidade de explorar a imaginação criativa, despretensiosa. Eu já fazia alguns desenhos desse estilo, mas não sabia que tinha esse nome. Achei que pintar a parede seria um desafio aparentemente impossível, mas, no decorrer do processo criativo, juntamente com os colegas de curso, foi se revelando algo surpreendente”.

Para Cláudia Thomasi, 35 anos, dona de casa, os doodles sempre estiveram presentes em sua vida, só não sabia que esta prática tinha nome, conceito e técnica. “Apesar de aparentemente fácil de fazer, não basta simplesmente rabiscar e esperar que fique harmonioso. Os rabiscos precisam ter relação entre si, preencher todo espaço em branco disponível e, de forma (não obrigatória) a fazer algum sentido. Gosto muito de desenhar, colorir e pintar, mas encontrei nos doodles sinônimos de liberdade artística, uma vez que os desenhos são livres, sem qualquer ordem; sem começo ou fim. Tenho planos para algumas paredes lá de casa depois desta experiência tão bacana aqui na UEM”.

Já Roberto Kovatur, 27 anos, web designer, comenta que sempre gostou de desenhar e acompanhar assuntos relacionados com a arte, porém, foi a primeira vez que colocou a mão na massa. Disse que a experiência foi válida porque “nos faz quebrar restrições que tínhamos para com a prática. No papel, todos já tinham rabiscado uma ou outra coisa, mas na parede, foi a primeira vez e quero voltar a repetir”. Apesar disso, confessa que, ao ver o “paredão” sentiu medo. “Mas essa sensação passa ao esboçar os primeiros traços. Depois de algum tempo, fica até fácil e gostoso. Gosto do estilo porque você até pode seguir um tema, mas o estilo fica aberto e a criatividade flui naturalmente”.