Comentário foi feito, ontem, pelo professor Pablo Orttelado, da USP, durante palestra que marcou a aula inaugural do curso de Comunicação e Multimeios
Na palestra “Informações nas Redes Sociais: consumo e difusão de notícias falsas”, Pablo Ortellado, professor da Universidade de São Paulo (USP), disse que boatos e rumores que parecem factuais inundam as novas mídias e que erros intencionais enganam os leitores. “A população brasileira acessa o Facebook numa média de 4 horas diárias, sendo essa a principal fonte de informação de baixa qualidade, sobretudo as de cunho político”, complementa.
A palestra, que marcou a aula inaugural do curso de Comunicação e Multimeios da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e que ocorreu no auditório do Bloco I-12, foi organizada pelo grupo de estudos “Observatório de Mídias”, formado pelos alunos do curso. O vice-reitor Júlio Damasceno prestigiou o evento.
Segundo Orttelado, a polarização política, assunto amplamente discutido entre os participantes do evento, apresentou-se como um fenômeno anterior às mídias sociais, presente em 10 a 15% da sociedade brasileira, ou seja, uma parcela não desprezível que recusa relações e diálogos mais aprofundados sobre política.
Segundo o palestrante, as raízes desse fenômeno estão na ascensão do Partido dos Trabalhadores à presidência em 2005, assim como nos escândalos de corrupção que os envolvem, aspectos que trouxeram descontentamento à população. Desses episódios surgem os primeiros antagonismos alimentados por notícias falsas.
De acordo com ele, as manifestações de junho de 2013 desafiaram a política brasileira contra a corrupção, com 24 milhões de pessoas nas ruas, uma mobilização massiva. Para o professor, a reação política foi de dividir a sociedade em duas, polarização que enfraqueceu as movimentações ocorridas até então.
Na avaliação de Orttelado, as manchetes (títulos de notícias) mais compartilhadas são aquelas que correspondem ao espírito do tempo. "A cada cinco notícias compartilhadas, apenas uma tem mais do que sua manchete lida” comenta Ortellado. Essa produção não é dominada pelos grandes veículos de comunicação, mas pelas comunicações amadoras, desenhadas para a alimentação dessas disputas políticas.
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*(Com orientação dos jornalistas da assessoria de comunicação)