A socialização também é um dos objetivos do projeto
Elas já são mais de 20. No último mês e meio, as quartas e sextas-feiras, com tempo bom ou ruim, elas se encontram na Praça Reinaldo Guanaes Bitencourt Filho - Parque das Laranjeiras, rotatória bem próxima ao Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) para uma sessão de treinamento. Esse é o cenário do projeto Mais UEM Caminhada e Corrida, que tem como objetivo tirar os servidores do HUM do sedentarismo e dar mais qualidade de vida àqueles que cumprem sua atividade profissional num ambiente, muitas vezes, estressante como é um hospital.
A ideia surgiu do doutorando de Educação Física da UEM, Vitor Hugo Ramos Machado. Ele participou, em 2016, da coleta de uma pesquisa de campo da mestranda Ana Silvia Degasperi Ieker e do doutorando Rui Gonçalves Marques Elias. Os dados colhidos junto aos servidores e na base de dados do Serviço de Medicina e Segurança do Trabalho (Sesmt), que faz o acompanhamento dos funcionários da UEM, por meio dos exames periódicos, mostraram que era preciso oferecer alternativas para que os trabalhadores do hospital melhorassem seus índices de qualidade de vida.
“Estes dois colegas deram início a todo esse processo identificando quais os fatores de risco à saúde e a condição atual dos servidores do HUM. A primeira ideia era conhecer essa população, no que diz respeito à qualidade de vida, sedentarismo, obesidade e verificar o quanto essas condições interferiam na potencialização de doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes e a hipertensão. Foi aplicado um questionário bem completo e realizadas algumas avaliações físicas. Verificamos as intenções e barreiras que limitavam as pessoas a fazerem exercício físico, identificamos porque existem tantos sedentários no HUM e criamos uma proposta de intervenção com objetivo de melhorar a qualidade de vida através do exercício, essa é a minha contribuição”, explicou Vitor Machado, que é professor de Educação Física na Unipar, em Cianorte.
Segundo o profissional de educação física, o Mais UEM já existia como grupo de pesquisa, com o professor Wilson Rinaldi. A partir do ano passado, o grupo começou a ter um contato mais direto com o HUM por meio da pesquisa de Ana Silvia e Rui Elias. Com os resultados desta aproximação, Machado pode desenhar um projeto de intervenção levando em consideração os fatores que foram expostos pelos próprios servidores do hospital, como conta o doutorando:
“Eles achavam que fazer exercício sozinho era ruim. Pensamos, então, uma atividade coletiva. Eles não se sentiam bem em ambientes fechados, então propusemos atividades ao ar livre. E fechamos o número de atendidos em 25 para podermos dar atenção a todos”, explicou Vitor.
Assim surgiu o Grupo de Corrida e Caminhada Mais UEM, uma proposta de exercício que já faz parte do cotidiano profissional do professor Vitor. O doutorando lembrou que toda a atividade é monitorada com frequencímetros e equipamentos sofisticados para dar segurança e permitir o monitoramento dos participantes de forma constante. Para garantir essa atenção, Machado trabalha com mais três pessoas: Camila Santos Cristino, Alan Gustavo Scherer, ambos da Unipar, e o formando do curso de Educação Física da UEM, Leonardo Oliveira.
Oliveira disse que sua participação surgiu ao ingressar no Grupo de Pesquisa Mais UEM, do curso de Educação Física da Universidade. Ali foi proposta uma investigação científica que será o tema do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Vou caracterizar fisicamente esse grupo que aceitou fazer do projeto de atividade física. Fizemos a análise morfológica do pessoal e, agora, estamos fazendo as análises de aptidão física para entender quem são e como o projeto vai interferir na qualidade de vida dos participantes”.
O grupo - Entre as frequentadoras do grupo está Madalena Lobo da Silva. Ela é auxiliar operacional na copa do Hemocentro Regional de Maringá, uma das diretorias do HUM. Ela foi avaliada pelo grupo ano passado e, por estar acima do peso, resolveu aderir à iniciativa. Segundo Madalena, em um mês e meio, o condicionamento físico já melhorou e “já comecei a pensar de forma mais saudável. Já não canso tanto, já não tenho dores para caminhar e estou mais disposta para trabalhar", explicou.
Clarisse Oliveira Vaz atua na limpeza do HUM e é magra. Segundo ela, no entanto, precisa de condicionamento físico. “Aqui no projeto a gente acaba melhorando nossa disposição e o entrosamento com as colegas o que é bom para a nossa saúde física, psicológica e mental. A gente escuta que é tão importante o exercício físico para a saúde como um todo, que eu resolvi aderir”.
Isaura Ávila Nunes, do grupo da enfermagem do HUM, também destacou que, “quando você faz exercício em grupo é muito melhor. Você vir caminhar sozinha é mais difícil. No grupo, um estimula o outro... é mais interessante”.
A auxiliar operacional Marli Fátima da Cruz Souza lembrou que o projeto é uma forma da instituição investir no servidor. “É uma oportunidade única. Nós ficamos muito presas, fechadas lá no hospital. E aí você fica ansioso, come mais. Este projeto, ao contrário, faz a gente entrar em forma. E é um grupo bem interessante. O pessoal ainda está chegando, mas o grupo já é bem legal. Tem que aproveitar, né?”, brincou a servidora.
Quem pode participar do grupo de corrida e caminhada? Servidores do HUM. “Não tem nenhum fator limitante”, segundo Vitor Machado. “É necessário estar disponível nos dias do projeto, segundas e quartas, às 19 horas. Quem tiver dúvida pode ligar no telefone (44) 99758-4165, falar com Leonardo, ou no (44) 99945-7460. Esse último é o meu telefone”, concluiu o doutorando da UEM.