Equipe do hospital aplica e divulga protocolo do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde instituiu o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Este data é celebrada no dia dezoito de maio. Mesmo atrasados, realizamos uma reportagem para entendermos melhor a importância de um dia especial para pensarmos neste tema. Conversamos com a doutora Odete Antunes de Oliveira que, além de pediatra e hebiatra (especialidade que cuida de adolescentes), é a coordenadora de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), e responsável por aplicar o Protocolo de Atendimento do Ministério da Saúde às vítimas de violência sexual.
A doutora Odete explicou que este protocolo tem como foco orientar os profissionais da saúde para que consigam atender às vítimas da melhor maneira possível. Segundo a médica, o documento visa à prevenção de algumas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) como a contaminação pelo HIV, a sífilis e a tricomoníase, além da gravidez após o abuso.
“A vítima, além de tomar medicações para o tratamento das DST, é encaminhada ao setor de serviço social onde recebe atendimento psicológico. Depois, decide-se para qual instituição responsável será levada. O Conselho Tutelar, em caso de crianças e adolescentes; se é idoso, para o Conselho do Idoso; uma mulher vítima de violência para a Delegacia da Mulher. É um trabalho em rede, na verdade", salienta a coordenadora.
A médica ressaltou que, apesar do Protocolo se relacionar também com vítimas de outros tipos de violência, o HUM é referência no atendimento às vítimas de violência sexual da 15ª Regional da Saúde. Recentemente, ela apresentou o documento do Ministério da Saúde para profissionais de toda região, para os médicos residentes do HUM e para os alunos de quinto e sexto anos de Medicina da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que atuam no Hospital.
“Existe um envelope com toda a documentação sobre os atendimentos aos casos de violência sexual que fica à disposição dos profissionais e alunos. É um material de educação sobre abuso, que foi desenvolvido por nossa equipe, a partir do protocolo do governo federal. Atuo junto com as enfermeiras Mariluci Pereira de Camargo Labegalini e Hellen Carla Rickli, e a técnica Beatriz Sayuri Babá. A partir do documento do Ministério, nós já produzimos campanhas com cartazes e folderes e desenvolvemos ações de educação continuada para a orientação dos profissionais no atendimento às vítimas. Como é um tema delicado, é difícil lidar com essa situação. Ninguém quer encarar, porque a vítima está sempre muito fragilizada. Por isso, precisamos treinar nossos profissionais e alunos. Eles precisam ter um olhar melhor, uma escuta melhor para essas pessoas", ressalta a Odete Oliveira.
HUM – O encaminhamento desses casos no Hospital Universitário é de livre demanda. Isto é, a vítima pode se dirigir direto ao Pronto Atendimento (PA). Mas também pode ser enviada pelo município, pelas escolas, pelo Conselho Tutelar, pelas delegacias. Na maior parte das vezes, as próprias vítimas e familiares vêm ao HUM, onde são atendidos pelos profissionais responsáveis.
Doutora Odete diz que a prevenção ou denúncia de abusos, no caso de adultos é mais fácil, já que eles mesmos contam ou denunciam. "A criança é o caso mais difícil. Precisamos ficar atentos a mudanças de comportamento. A criança vai ficando entristecida, ela começa a ir mal na escola. É preciso prestar atenção, tanto os pais, que às vezes deixam a criança o dia todo com outras pessoas, quanto a escola, com o olhar da professora, da cuidadora do pátio. Geralmente, também, surgem lesões, por isso, é importante prestar atenção no corpo da criança, nas secreções", alerta a pediatra.
A médica ainda disse que sempre se deve procurar ajuda e acompanhamento nestes casos. Reforçou que, no HUM, a porta de entrada para esse acompanhamento é o Pronto Socorro. “Chegou lá, é feita uma ficha de atendimento e a pessoa é encaminhada ao Acolhimento, que direcionará, dentro do Hospital, a quais setores a vítima será levada. Lembrem-se que para a aplicação do protocolo, o paciente deve vir o quanto antes, antes de 72 horas do abuso. E mais: há um telefone para denúncias, o número 100”, completou.