Bastião

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ele abrirá o encontro de mestrandos em Agrocologia, na sexta-feira, às 14 horas

O professor e engenheiro agrônomo e engenheiro florestal Sebastião Pinheiro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vai fazer a palestra de abertura do 2º Encontro de Pós-Graduandos do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia/Mestrado Profissional (Profagroec), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), na sexta-feira (27), às 14 horas, no anfiteatro do Bloco B-33 (PDE).

Pinheiro vai falar sobre "O Agronegócio que não é mais Agricultura", numa conferência prevista para terminar às 17 horas. Além de engenheiro agrônomo e florestal, ele é ecotoxicologista, ambientalista, integrante do Núcleo de Economia Alternativa (NEA) e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), da UFRGS. Também é conselheiro da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGPAN).

Após a palestra de Pinheiro, a programação do evento prevê a apresentação de trabalhos de ex-alunos do Profagroec, com intervalo às 17 e às 19 horas. O encerramento do encontro ocorrerá às 20h30.

O objetivo de proporcionar a troca de saberes entre os mestres formados pelo Programa de Pós-Graduação em Agroecologia/Mestrado Profissional, mestrandos, professores, agricultores familiares em base ecológica e a comunidade em geral.

Pinheiro estava com chegada prevista a Maringá no final da tarde desta quarta-feira (25), para, em seguida, visitar ao Assentamento 8 de Abril e a Cooperativa de Comercialização Camponesa do Vale do Ivaí (Cocavi), em Jardim Alegre.

Amanhã (26), ainda em Jardim Alegre, o professor vai proferir a palestra “A Importância da Agroecologia" (para a vida, a vida camponesa, a humanidade e como resistência ao domínio do capital).

Na sexta-feira, das 8 às 12 horas, ele fará outra palestra, desta vez na Escola Milton Santos, ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Paiçandu, sobre "Desafios para a alimentação e nutrição saudáveis".

O 2º Encontro de Pós-Graduandos do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia/Mestrado Profissional é uma iniciativa do Profagroec, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti/PR), e do Núcleo de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável (Nads)/Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia e Produção Orgânica - CVT.

Outras informações pelo telefone (44) 3011-5847, no período da manhã.

Entrevista

Ao longo das últimas décadas, em espaços como o Laboratório de Resíduos de Agrotóxicos do Meio Ambiente e do Núcleo de Economia Alternativa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sebastião Pinheiro dedica sua vida a estudar as relações entre agricultura, saúde e meio ambiente e a alertar a sociedade para as graves consequências de um modelo agrícola baseado no uso intensivo de agrotóxicos, transgênicos e outros insumos químicos.

Em um texto publicado em sua página no Facebook, ele escreveu: “Comer é algo que precisamos fazer várias vezes ao dia e muitas vezes fora de nossa casa para garantir a saúde, qualidade de vida e cultura. No entanto, dia a dia há uma escalada no medo e terror com consumo de alimentos venenosos, tóxicos e de alto risco a longo prazo. É a maior ameaça à humanidade e à evolução”. 

Em entrevista ao Sul21, Sebastião Pinheiro fala sobre o processo de transformação da agricultura em agronegócio que, para ele, foi progressivamente deixando de ser agricultura propriamente dita. “Agricultura é uma das palavras mais lindas que existe e não significa cultivo somente. Ela envolve uma cultura que tem uma espiritualidade, uma religiosidade, valores e a natureza associadas a ela. A agricultura passou a ser agronegócio. Isso foi um baque tremendo. Saiu a cultura e entrou o negócio? Foram retirados valores da agricultura e agronegócio passou a significar só dinheiro”, afirma. O pesquisador também avalia o crescimento da agroecologia nas últimas décadas, reconhece avanços, mas alerta para oportunidades que foram perdidas.