Documento foi recebido pelo reitor Mauro Baesso, hoje (24), que prometeu encaminhá-lo segunda-feira ao CEP
Integrantes do coletivo negro Yalodê-Badá entregaram, nesta sexta-feira (24), ao reitor Mauro Baesso, requerimento solicitando a implantação do sistema de cotas raciais na Universidade Estadual de Maringá (UEM) a partir de 2019.
O requerimento é acompanhado de farta documentação na qual os requentes especificam as razões do pedido e fundamentam a solicitação.
O documento foi elaborado junto com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros (Neiab), da UEM. O Núcleo é coordenado pela professora Marivânia Araújo, diretora de Cultura da instituição.
Na realidade, o Yalobadê-Badá pede que o assunto seja reexaminado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEP), que, há 10 anos, votou pela aprovação das cotas sociais na instituição.
Em 2008, o CEP entendeu que as cotas sociais atendiam uma parcela mais ampla da população, em detrimento do sistema de cotas raciais.
A reivindicação para que a Universidade volte a examinar a questão já havia sido apresentada ao reitor no dia 6 de julho, pelo mesmo Coletivo.
Desta vez, o documento foi recebido oficialmente e reúne, além do abaixo assinado com 3.100 assinaturas, cartas de apoio de movimentos sociais de todo o Brasil em solidariedade à causa.
Baesso reafirmou, hoje, que a Universidade precisa rediscutir o tema. Ele parabenizou os integrantes do Yalobadê-Badá e o Neiab pela iniciativa e disse que eles "farão parte da história".
Baesso prometeu encaminhar o documento na segunda-feira (27) para a Câmara de Graduação do CEP.
Assim que receber o pedido, a presidência da Câmara deverá designar um conselheiro para fazer a relatoria. A decisão final, com respaldo do relato apresentado, será de todos os membros do CEP em reunião plenária.
O conselho é composto pelos coordenadores dos cursos de graduação presenciais e a distância e pelos coordenadores dos cursos de pós-graduação. A UEM tem 69 cursos de graduação e 53 de pós-graduação.
Para o professor Reginaldo Dias, do Departamento de História (DHI), a implementação das cotas raciais não implica a necessidade de mais recursos financeiros. São apenas vagas que serão disponibilizadas sob novos critérios.
Segundo Marivânia, é importante debater novamente o documento, na perspectiva de aprová-lo, porque senão a UEM pode ficar com a pecha de instituição conservadora. A coordenadora do Neiab lembrou que, no sistema estadual de ensino superior público paranaense, apenas a UEM e a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) ainda não adotaram o sistema de cotas raciais.
Na avaliação do professor Delton Aparecido Felipe, do Departamento de História, e membro do Neiab, a entrega deste documento ajuda a amenizar o racismo uma vez que a universidade pública tem um espaço pouco ocupado pelos negros. Para ele, a aprovação das cotas raciais na UEM é uma das estratégias de combate ao racismo.
O doutorando em Psicologia, Paulo Vitor Navas Coni, integrante do Yalobadê-Badá, manifestou, em nome do grupo, preocupação em relação ao tempo que terão para apresentar o documento ao CEP. Ele afirmou que o Coletivo está preparando esta apresentação para respaldar a votação pelos conselheiros.
Na opinião da pró-reitora de Extensão e Cultura, Itana Gimenes, é importante que o Coletivo faça um trabalho paralelo à tramitação da matéria na Câmara de Graduação, visando fornecer aos membros do CEP subsídios para votarem o pedido.