Setor envolve enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, famacêuticos, além de médicos
Manter uma alimentação saudável é necessário para todos. Mas é fundamental quando estamos doentes, debilitados. Em um hospital, a alimentação dos pacientes deve ser a mais equilibrada possível, sempre com o acompanhamento de especialistas capacitados e dentro das exigências de cada pessoa. Há algumas, inclusive, que precisam contar com uma alimentação especial, ministrada de forma diferente da nossa ingestão diária. Essa é a característica da nutrição parenteral, que é oferecida aos pacientes que não conseguem ou não podem receber alimento pela boca.
O responsável pela Nutrição parenteral do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), doutor José Carlos Amador, explicou que, quando o paciente não consegue se alimentar por via oral, a ingestão dos alimentos pode ser feita através de uma sonda posicionada ou implantada no estômago ou no duodeno, o que caracteriza a nutrição enteral. Já a nutrição parenteral é administrada por via endovenosa.
“É uma terapia que oferece ao paciente nutrientes como carboidratos, aminoácidos e lipídios, para dar energia e ajudar na recuperação”, explica o doutor, que acrescenta: “é um método inovador, lançado há 30 anos, e para a medicina isso é pouco tempo. Para chegar à fórmula atual, foi modificado com o passar das décadas. Esse tratamento contribui, principalmente, para áreas da neonatologia e da pediatria. A nutrição parenteral para adultos é mais estabilizada, vem pronta com seus elementos principais. Já na neonatologia tem que ser formulada dia a dia”.
José Carlos Amandor lembrou que, 20 anos atrás, um bebê recém-nascido não conseguiria sobreviver, porque não tinha respiradores que possibilitassem que essa criança se mantivesse viva. O recém-nascido possui um pulmão imaturo que não permite a criança respirar. Esse problema foi resolvido com a invenção de equipamentos que realizam a respiração. Mas, para manter uma criança viva, era necessário também adequar a alimentação. “Então, a nutrição sintetizou os carboidratos, gorduras e aminoácidos de uma maneira que pudessem ser aplicados na veia da criança, o que revolucionou a capacidade de salvar bebês de baixo peso”, resume Amador.
Na nossa região, o HUM é pioneiro nessa prática e referência regional e estadual. Quem coordena o trabalho é o doutor Amador, que se especializou ao passar um período de seis meses, na Holanda, atuando em um serviço de referência mundial.
Dinâmica – No Hospital Universitário existe uma equipe multidisciplinar de terapia nutricional (enfermeiras, fisioterapeutas, nutricionistas, famacêuticos e médicos), que atende ocorrências nutricionais da área adulta, pediátrica e neonatológica. Essa equipe sempre orienta os plantonistas a regular a dosagem dos elementos para a nutrição. “Visitamos os pacientes diariamente e vamos fazendo a avaliação das condições de cada um e as necessidades nutricionais. Em seguida, é solicitada a produção das porções. A alimentação para adultos é pronta e só precisa ser misturada na hora da aplicação. Porém, na área pediátrica e neonatológica, o composto é produzido em Curitiba e vem em uma forma líquida semelhante ao soro fisiológico. Nele são depositados todos os nutrientes necessários, em um setor altamente protegido do hospital. Para a preparação, existe uma sala toda fechada, onde os funcionários não podem estar doentes e precisam se esterilizar antes de trabalhar no composto”, explica o médico.
Segundo José Carlos Amador, por um período, a nutrição parenteral para os recém-nascidos era produzida no HUM. O processo foi suspenso porque tinha um alto custo e exigia pessoas muito qualificadas. “Nosso sonho é retomar essa produção um dia. Se pensarmos que temos um caráter de hospital ensino, produzindo aqui, estaríamos garantindo a formação de pessoal na área, o que é muito importante para o futuro desta área da medicina”, concluiu Amador.
* Matéria produzida com a colaboração da estagiária de Jornalismo, Rafaela Pena.