Chapas que vão concorrer à gestão do Hospital serão homologadas na segunda, 18 de fevereiro
O Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) vem passando por um período de desafios. Agora, algumas mudanças também vão influenciar os rumos do Hospital, que completou 30 anos de funcionamento em janeiro. O primeiro grande evento deste ano são as eleições para a equipe diretiva da Instituição. Para falar sobre esse processo e sobre os outros desafios do HUM, conversamos com o vice-reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), professor Ricardo Dias Silva.
Em primeiro lugar, o gestor destacou que a chapa eleita para comandar a UEM, em outubro do ano passado, traz propostas que tem como foco contribuir para grandes transformações nos rumos do HUM.
“A questão das eleições no Hospital, por exemplo, é uma promessa de campanha do professor Julio [Damasceno, reitor da UEM] e eu. Dissemos durante o período eleitoral que faríamos as eleições, mas precisamos estruturar o processo para que ele aconteça da melhor forma e em um momento adequado, para que toda a comunidade do Hospital participe”, disse Silva.
Segundo o vice-reitor, que é o gestor responsável por cuidar mais de perto do HUM, ouvir a comunidade do hospital é muito importante. Por isso, a equipe estudou as portarias que estabeleceram as regras em outras eleições do Hospital, compôs uma comissão eleitoral e estabeleceu o cronograma. Mas foi preciso um tempo de análise da conjuntura atual do Hospital Universitário.
“O calendário foi estabelecido para que, no dia da votação, a comunidade participante do hospital esteja presente, pois a presença dos alunos, funcionários e professores é muito importante. Devido ao período de recesso dos alunos, a eleição foi agendada para o dia 11 de março. Quem vai comandar o processo é o doutor Paulo Roberto Donadio, presidente da comissão eleitoral, junto com outros seis membros, que representam diferentes setores do Hospital”, explicou Silva.
Um dos destaques do Regulamento das eleições está a determinação de que os candidatos vão concorrer por chapas. Segundo Ricardo Silva, a opção se deu porque, antes da campanha eleitoral para a reitoria, ele e o reitor conversaram com antigos gestores do hospital para identificar as dificuldades. Alguns reclamaram que passaram pela superintendência sem uma equipe coesa. É que, em outras ocasiões, os eleitores podiam votar em candidatos isoladamente, o que acabava compondo uma equipe que não tinha afinidade.
“Isso foi muito debatido por gestores. Muitas vezes, o diretor não era alinhado com o superintendente do hospital o que dificultava a gestão. É preciso fazer as coisas de uma maneira que seja possível dar estrutura para o superintendente. É necessário trabalhar de forma coesa, em equipe, porque ele não trabalha sozinho. Assim, a importância de fazer a eleição por uma chapa e não por cargos individualizados. Especialmente, em um momento tão delicado para o HUM”, detalhou Ricardo Dias.
Na quinta-feira, dia 14 de fevereiro, encerra o prazo de inscrição das chapas que vão concorrer à eleição. Estas terão a homologação publicada na segunda-feira, 18 de fevereiro. A votação será no dia 11 de março, das 6h30 às 21 horas. O resultado oficial será publicado no dia 12, pela Reitoria da UEM, e a posse da nova equipe gestora acontece no dia 18 de março.
Desafios – O vice-reitor ainda disse que, na semana passada (4 de fevereiro), ele, o reitor da UEM, o superintendente do HUM, doutor Vicente Kira, e outros representantes do Hospital estiveram em Curitiba, conversando com o secretário da saúde, Carlos Alberto Preto. Segundo Silva, o secretário é uma pessoa da área, que conhece muito bem o setor, e a conversa foi muito boa. “Ele já tinha entrado em contato com o CRM [Conselho Regional de Medicina] sobre o indicativo de intervenção no nosso hospital e se mostrou ciente dos problemas de recursos humanos. Falou ainda que os membros do CRM elogiaram o HUM e o atual superintendente, doutor Vicente Kira”, ressaltou Silva.
De acordo com o professor Ricardo (foto acima), a conversa com o secretário girou em torno de três problemas. Um deles é a reposição dos quadros de médicos. Neste caso, cinco nomes aguardam a assinatura do governador para assumir, três médicos e dois farmacêuticos, que já passaram por todos os processos e já podem assumir as vagas. Foi pedido que esses profissionais sejam empossados para assumirem funções no HUM com urgência. Além disso, a equipe do Hospital pediu agilidade para o início da atuação dos profissionais que estão sendo contratados por meio de um teste seletivo, em caráter temporário, para desafogar os plantões do Pronto Atendimento do Hospital e atender às exigências do CRM.
Porém, o vice-reitor explica que essas são medidas emergenciais. Na conversa com o secretário, foi salientado que há a necessidade de realização de concursos públicos, para cobrir vagas de servidores efetivos, que foram exonerados, morreram ou se aposentaram.
“Precisamos de 204 pessoas no hospital, 123 poderíamos encaminhar para abertura de concurso, agora, porque são vagas que existem e estão em aberto. O estado vem trabalhando no sentido de não expandir demais o seu corpo de servidores, mas o secretário prometeu pensar sobre esta questão, porque entende a necessidade do hospital. O que pedimos não é expansão e, sim, reposição de pessoas nas vagas. Enfim, um dos nossos grandes problemas é a demora da reposição ou a não autorização de concurso para repor os quadros, o que gera uma demanda muito grande de servidores com contrato temporário. No HUM, optamos por fazer contratações por outros tipos de vínculo, como os credenciados. O que acontece é que isso não pode entrar na folha de pagamento de pessoal do Estado. Pagamos esses profissionais com recursos do próprio hospital, apesar do montante ser liberado mensalmente pelo governo. Isso acaba consumindo o dinheiro para a manutenção do HUM e outros investimentos como a compra de medicamentos, pequenas reformas etc”, adverte o gestor.
Ricardo Silva disse que também pediu que o secretário ajudasse a definir o reposicionamento do hospital na rede de saúde, o que vem sendo negociado com a prefeitura para diminuir a entrada de pacientes no Pronto Atendimento, a porta de entrada de urgência e emergência.
“O HUM é uma porta aberta, quem solicita atendimento vai ser atendido, só que a demanda é muito grande, por isso o reposicionamento. É preciso que se faça uma reeducação da população para que ela procure as UBS [Unidade Básica de Saúde] para o atendimento de casos com menor gravidade”, disse Ricardo.
Infraestrutura – Segundo o professor Ricardo, há ainda uma terceira questão: a melhoria da infraestrutura física do Hospital. Está em conclusão uma área com 100 novos leitos (foto acima), porém sem previsão de entrega. “Esses novos leitos praticamente expandiriam a capacidade do hospital, se houvesse contratação de pessoal, equipamento e recursos disponíveis para isso. Mas o estado não vem indicando esse caminho. A obra esta quase pronta, faltam detalhes para resolver”, explica Ricardo Dias.
Emergencialmente, até para atender às exigências do CRM estão sendo feitas reformas de oito leitos do PA para melhorar o serviço de atendimento no setor, informa Silva. Mas, além de colocar a área dos 100 leitos para funcionar, ainda é preciso concluir o bloco industrial e o centro cirúrgico, obras já iniciadas. “Conversamos, enfim, com o secretário para ver qual é o interesse do estado, se interessa ao estado que o HUM aumente seu atendimento. Para dar conta de todo o conjunto de investimentos seria necessário ao total, R$ 17 milhões. Mas, hoje, com R$ 2 milhões conseguiríamos manter a qualidade da atenção no nosso HUM”, conclui o vice-reitor.
* Matéria produzida com a colaboração da estagiária de Jornalismo, Rafaela Pena.