Pano de fundo é discutir como as imagens endereçadas à infância operam na construção visual das masculinidades
O lançamento de um livro pelo professor João Paulo Baliscei, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), promete, como sugere o título da obra, provocar os leitores a partir do debate sobre as maneiras como os sujeitos contemporâneos se relacionam com e a partir de imagens.
“Provoque: cultura visual, masculinidades e ensino de Artes Visuais” acaba de ser lançado pela Metanoia Editora, da cidade do Rio de Janeiro. Atuando nas linhas editoriais baseadas no gênero e sexualidade e na diversidade religiosa, a editora, que carrega um nome que significa mudança de mentalidade, coloca-se como uma ferramenta para produzir e difundir conteúdos que inspirem valores e atitudes capazes de permitir uma forma de pensar mais abrangente, inclusiva e solidária.
"Como as imagens endereçadas à infância operam na construção visual das masculinidades?". Para responder a essa pergunta, Baliscei compartilha as investigações visuais críticas e inventivas que fez sobre as animações Aladdin (1992) e Mulan (1998), da Disney, contemplando 20 personagens masculinos, dentre vilões, heróis e coadjuvantes.
Portanto, no entendimento do autor, a obra consiste em uma reflexão oportuna para aqueles e aquelas que atuam na área da educação e, sobretudo, no ensino de Artes Visuais, já que a percepção visual, como explica, é um fenômeno ensinado nas relações socioculturais, e dentre elas, aquelas promovidas pela escola.
Lotado no Departamento de Teoria e Prática da Educação (DTP), o professor dá aulas no curso de Artes Visuais. Em razão da pandemia do novo Coronavírus, ele optou, por ora, por não fazer um lançamento físico, presencial, mas os leitores interessados podem comprar o livro por meio do link.
“Não são meramente passivas”
O professor João Baliscei, autor do livro, é doutor em Educação
Num texto publicado no periódico “Educar em Revista”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Baliscei diz que “as aproximações estabelecidas com os artefatos visuais não são meramente passivas, mas, sim, críticas e inventivas”.
O texto se intitula “Provoque - problematizando visualidades e questionando estereótipos: leitura de imagens fundamentada nos estudos da cultura visual”.
Segundo o autor, “nas práticas escolares de ensino de Arte é comum identificar exercícios de leitura de imagem fundamentados em abordagens a partir das quais priorizam-se os elementos formais e plásticos de uma composição”.
“Apesar das contribuições que tais abordagens têm conferido às maneiras como os sujeitos aprendem a se relacionar com as imagens à sua volta, os Estudos da Cultura Visual têm destacado a necessidade de desenvolver maneiras mais críticas e inventivas de ensinar a ler imagens, sobretudo, em contextos em que estereótipos são reforçados pelas visualidades”, explica.
Por meio do estudo que desenvolveu, Baliscei diz que o objetivo é apresentar um conjunto de procedimentos que orientam investigações visuais críticas e inventivas e que dão ênfase aos estereótipos.
Provoque, esclarece ele, é uma abreviação para Problematizando Visualidades e Questionando Estereótipos e “esse conjunto de procedimentos tem como fundamentação os Estudos da Cultura Visual, constituído por cinco etapas”.
As etapas Flertando, Percebendo, Estranhando, Dialogando e Compartilhando oferecem, conforme Baliscei, ações analíticas distintas para que imagens estereotipadas sejam analisadas em situações de ensino e pesquisa.
Sobre o autor
Graduado em Artes Visuais, mestre e doutor em Educação pela UEM, com estudos na Facultad de Bellas Artes/Universitat de Barcelona, na Espanha, Baliscei coordena o Grupo de Pesquisa em Arte, Educação e Imagens (Artei).
Desenvolve pesquisas sobre Educação, Arte/Ensino de Arte; Estudos Culturais; Estudos da Cultura Visual; Visualidades; Gênero e Masculinidades.