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A baixa qualidade da água do lago está entre os problemas mais graves apontados pelos cientistas

A revisão do plano de manejo do Parque do Ingá foi finalizada neste mês pela equipe multidisciplinar composta por profissionais de instituições de ensino superior de Maringá, dentre eles o Departamento de Geografia e o Núcleo de Pesquisa em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) da UEM (Universidade Estadual de Maringá). Determinada em ofício pela Prefeitura de Maringá, a revisão do plano vem sendo elaborada desde 2018. Os aspectos mais relevantes do relatório final foram apresentados, publicamente, pela primeira vez, durante a live da Semana do Meio Ambiente de Maringá organizada pela Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) no dia 5 de junho.

Remanescente de mata atlântica no centro da cidade de Maringá, o Parque do Ingá é um atrativo turístico da cidade e, desde 2017, foi classificada como uma Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE). Esta classificação a define como uma área de pequena extensão que tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e compatibilizar o uso dessas áreas à conservação da natureza.

Todas as áreas de Proteção Ambiental precisam de um Plano de Manejo que necessita  ser revisto em intervalos regulares de tempo. No caso do Parque do Ingá, as coletas de dados para o inventário ocorreram entre 2018 e 2019 sobre vegetação, limnologia, mastofauna, avifauna, herpetofauna e aspectos físicos, além de dados socioeconômicos. Uma vez finalizada a caracterização do ambiente, elaboraram-se propostas que orientarão para o gestor público sobre as necessidades e expectativas da população quanto à área.

Dentre as ações para recuperação da qualidade da água do lago sinalizadas pelo plano de manejo está a despesca, iniciada na última sexta-feira (12), que visa diminuir o tamanho da população de peixes exóticos e proporcionar um ambiente melhor para a sobrevivência das espécies nativas. Seguindo os métodos de eutanásia para não provocar sofrimento desnecessário aos animais, os peixes retirados são anestesiados antes de serem sacrificados e descartados  no aterro industrial da cidade.

Para Susicley Jati, umas das pesquisadoras do Nupélia que participou da equipe multidisciplinar, “os processos de recuperação ambiental são lentos, complexos e custosos, mas podem garantir que a unidade de conservação atinja seu objetivo de preservar a biodiversidade e ainda melhorar a qualidade de vida da população”.

De modo geral, a baixa qualidade da água do lago está entre os problemas mais graves apontados pelos pesquisadores. As sugestões de biomanipulação contempladas pelo documento atende ao objetivo de intervir no ambiente para melhorar a qualidade da água, favorecendo a biodiversidade do local.

Segundo Matheus Vieiras da Silva, biólogo formado pela UEM e que trabalhou nas análises do material do Parque do Ingá em projeto de iniciação científica, há contribuição positiva do estudo em vários sentidos. Os levantamentos realizados até então serviram para a construção de um panorama geral do ecossistema do parque, assim como promoveu subsídios para a ciência na formação de recursos humanos e publicações de artigos científicos e monografias.

Susicley Jati também reforça este aspecto, reiterando os efeitos da prestação de serviço do Nupélia no incentivo à criação de uma literatura sobre a biodiversidade regional do Parque do Ingá.

 

*Com supervisão de jornalistas da ASC