Em aula magna, ex-ministro da Educação reconhece que há dificuldades no ERE, mas que é preciso enfrentá-las
O ano letivo de 2020 na Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi oficialmente aberto com a aula magna on-line de Renato Janine Ribeiro, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação. “É uma situação de emergência adotar o ensino remoto emergencial (ERE), que é bem melhor do que nada, apesar das dificuldades que há para tê-lo”, defende. Segundo o docente, a Educação adota o ERE para não entrar em colapso, algo que no passado poderia ocorrer, já que “há 20 ou 30 anos teríamos muito menos condições de ter atividades do que estamos tendo agora”.
Com o tema “O papel da Universidade no Contexto da Pandemia”, a aula magna de ontem (17) à noite, organizada pela Pró-Reitoria de Ensino (PEN) e com tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras), pode ser assistida neste link. Janine, que falou ao vivo, diretamente de São Paulo (SP), diferencia Educação a Distância (EAD) de ERE ao dizer que a “educação a distância implica o uso de muitas ferramentas audiovisuais mais sofisticadas”, ou seja, além da transmissão de uma fala em vídeo é possível, na edição, inserir imagens estáticas e em movimento, dados estatísticos e demais recursos que complementem o conteúdo abordado pelo professor.
Além de tratar diretamente do ERE, Janine destaca a importância da pesquisa científica. “A boa universidade é aquela que não se limita a transmitir um conhecimento nem a fazer as pessoas aprenderem algo, mas que também está pesquisando, criando conhecimento novo”. De acordo com o ex-ministro, a Pesquisa se faz presente não só em laboratórios, mas na sala de aula, tornando-a com mais qualidade, e no dia a dia. Em âmbito universitário, a Pesquisa sobretudo floresce na Pós-Graduação, cujo sistema brasileiro é, segundo ele, praticamente equiparável ao europeu e ao norte-americano.
“É um ano para nos dirigirmos muito para fora da universidade”
Agora é um momento para que todos dialoguem e possam deixar contribuições ao mundo, acredita Janine. No que tange às aulas, enxerga que precisam ser reinventadas, porque pondera que é inadequado lecionar sem considerar que a pandemia está mexendo com todos, em aspectos emocionais, sociais, de saúde e financeiros. “É muito importante que as pessoas possam abrir seus corações. Não existe alta pesquisa sem uma sustentação nos afetos das pessoas. Não existe Educação sem uma base nos afetos”.
Por fim, Janine, que é filósofo com doutorado na área, aponta que a universidade deve dar luz à Extensão, sempre olhar para além de seus muros com “a obrigação ética de reduzir a desigualdade social”, afinal “é um farol de conhecimento e formação na sociedade” como um todo, não só no que se refere a seus alunos e professores. “O conhecimento e a curiosidade enriquecem. Se dermos formação às pessoas nos assuntos mais variados poderemos ter um aumento da qualidade dessas pessoas”.
Organização – Na aula magna estiveram presentes Julio César Damasceno, reitor, Ricardo Dias Silva, vice-reitor, e Alexandra de Oliveira Abdala Cousin, pró-reitora de Ensino.
Reportagem atualizada em 18/08/2020 às 14h48.