22.492 eleitores, 488 candidatos e 173 diferentes pleitos, muitos deles simultâneos. Os números ajudam a dimensionar a ordem de grandeza destas eleições
A pandemia e as consequentes regras de isolamento social trouxeram um problema a mais para a atual gestão da UEM (Universidade Estadual de Maringá): criar condições para escolha dos novos integrantes dos conselhos superiores e dos chefes de departamento, uma vez que o mandato dos atuais membros já havia expirado.
Descartada a realização de uma eleição convencional, quatro programadores do Núcleo de Processamento de Dados (NPD) apresentaram, em 45 dias, um sistema seguro para realização de eleições remotas, solucionando a equação em um tempo recorde.
Foi uma experiência praticamente inédita, segundo o diretor do NPD, Hélcio do Prado, considerando que as experiências acumuladas com eleições on-line na UEM foram mais setorizadas e muito menos complexas.
Os eleitos foram os diretores dos sete centros de ensino, que irão compor o novo Conselho de Administração; os coordenadores de cursos de graduação e de pós-graduação, que entram na composição do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão; e os representantes dos departamentos no Conselho Universitário. Todos com os respectivos adjuntos. Além das chefias e chefias adjuntas dos departamentos.
O processo todo envolveu 173 eleições diferentes, várias realizadas simultaneamente, além de 488 candidatos e um colégio eleitoral de quase 23 mil pessoas. Os pleitos começaram no dia 9 de setembro e encerram nesta terça-feira, dia 29.
"Uma Comissão Eleitoral analisou todos os procedimentos e a viabilidade das eleições on-line. Dentre as discussões foram consideradas as especificidades do momento, de forma a garantir a saúde dos envolvidos durante todo o processo. Para além disso, pensamos num sistema claro, que favorecesse a lisura necessária, mas, também, a agilidade. As discussões foram norteadas pelo bom andamento democrático”, afirma Alessandro Santos da Rocha, atual chefe de Gabinete e presidente da Comissão Eleitoral.
Acessos simultâneos
Walter Marcondes Filho, coordenador da equipe que desenvolveu a votação eletrônica, explica que o trabalho se concentrou em três pilares de segurança da tecnologia da informação: confiabilidade/privacidade, integridade dos dados e acesso em diferentes dispositivos. “O sistema foi dotado de um mecanismo seguro de computação e apuração eletrônicas dos votos, que são criptografados antes de serem enviados. O eleitor é identificado mediante login e senha próprios, enquanto o voto é computado sem ser descriptografado, resguardando o sigilo da votação”, descreve o analista, lembrando que o outro desafio foi oferecer um sistema de votação acessível pelo celular, tablet ou computador.
Ele comenta que diversos testes foram feitos, simulando as mais diferentes hipóteses. “Utilizamos a linguagem Java Framework ZK”, explica o coordenador.
Marcondes Filho ainda destaca outra qualidade importante do sistema, que tem a ver com capacidade e solidez. Conforme o analista, durante a votação os picos de acessos simultâneos chegaram a 1.900 com boa estabilidade na rede. “Em termos comparativos, a cada início de ano letivo, quando a UEM abre o prazo de matrícula, são computados cerca de 500 acessos simultâneos no primeiro dia que, normalmente, costuma ser o de maior tráfego” explica.
A experiência foi válida e abre uma janela para discutir as próximas eleições na UEM, na opinião de Marcondes Filho. “A utilização da votação eletrônica neste momento teve como fato motivador a pandemia. Entretanto a experiência demonstrou que é um voto seguro e descomplicado, que não demanda deslocamentos, relatórios manuais, inúmeras sessões eleitorais”. Ou seja, gera economia e garante agilidade e segurança. “Conseguimos provar que o modelo é possível”, finaliza.
Sob coordenação de Marcondes Filho, o desenvolvimento do sistema teve a participação dos analistas Gesiane Ferreira Leal, Luciane Terumi Kaetsu Tanaka e Norma Kiyoko Murace Derissio. Além do apoio das equipes de desenvolvimento da Diretoria de Assuntos Acadêmicos e da Pró-Reitoria de Recursos Humanos.
Outra participação fundamental foi o das comissões de acompanhamento dos centros de ensino que, segundo o coordenador, foram essenciais no trabalho de cadastramento dos eleitores, chapas e outras colaborações importantes.
As presentes eleições passaram pela aprovação do atual Conselho Universitário que publicou a Resolução nº 14-2020-COU regulamentando o processo eleitoral no contexto de excepcionalidade da pandemia de covid-19, por meio de votação eletrônica.
Posse e início dos novos mandatos
O início dos mandados dos diretores e diretores adjuntos dos centros de ensino será no dia 1º de outubro próximo, sendo que a posse está agendada para esta quarta-feira (30), no auditório do Bloco C-34, a partir das 9 horas, sem a presença de público.
No mesmo dia serão empossados os chefes e chefes adjuntos de departamento, em solenidade remota, a partir das 10 horas. O mandato também iniciará no dia 1º de outubro.
Outras duas solenidades remotas darão posse aos coordenadores e coordenadores adjuntos dos colegiados dos cursos de graduação, além de representantes docentes dos departamentos no Conselho Universitário. As cerimônias serão realizadas às 9 horas e às 14 horas, respectivamente, no dia 1º de outubro. A posse dos coordenadores e coordenadores adjuntos de pós-graduação se dará de acordo com as datas específicas de cada programa.
Todas as cerimônias serão transmitidas, ao vivo, pelo canal da UEM TV no YouTube.