Educador construiu proposta pedagógica da Licenciatura em Ciências do Câmpus de Goioerê, o qual faz 30 anos
Hoje (19), comemora-se o Centenário de Paulo Freire, patrono da educação brasileira. Educador notável e referência nacional e internacional, mesmo décadas após a sua morte (1997), Freire é um nome importante também para a Universidade Estadual de Maringá (UEM), pois debateu e construiu a proposta pedagógica da Licenciatura Plena em Ciências do Câmpus Regional de Goioerê (CRG), que completou 30 anos em 2021.
O relevante projeto para a graduação do CRG da UEM foi construído em parceria com uma grande equipe, da qual era membro Carlos Alfredo Argüello, docente aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já falecido. “Enquanto a sociedade for desigual, a pedagogia de Freire permanecerá atual”, acredita Maria Cristina Gomes Machado, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPE) da UEM. Por isso, toda a comunidade acadêmica da UEM reconhece e enaltece o centenário!
“A obra mais lida de Paulo Freire é a Pedagogia do Oprimido (1968), dedicada aos ‘esfarrapados do mundo’ e às pessoas que lutam por um mundo em que o ser humano possa ser mais humano. A educação assume um papel de conscientização, ao tomar consciência da desigualdade e opressão da sociedade em que estamos envoltos, é exigido de nós uma tomada de posição crítica, que nos mobiliza para mudanças sociais. Essa é a essência da Pedagogia Libertadora”, contextualiza a professora Machado.
Na graduação em Pedagogia do Câmpus Regional de Cianorte da UEM há o Centro Acadêmico Paulo Freire. Homenagem mais do que merecida, conforme Machado, que é pedagoga e doutora em Educação. “Para Paulo Freire, a tarefa radical da educação deve permitir, pelo diálogo e conscientização, que o estudante se sinta partícipe do processo histórico e expresse suas insatisfações sociais em luta por transformações. A Pedagogia Libertadora formaria um ser humano crítico, capaz de realizar a leitura do mundo ao mesmo tempo em que faria a leitura da palavra. Buscava superar a educação bancária e tecnicista que prevalece hoje e denunciava as desigualdades, na qual parte da população fica alijada da humanização”.
Freire ao lado da esposa, em reunião com professores de Goioerê (Arquivo/UEM)
Assista, a seguir, ao vídeo histórico de Paulo Freire na aula magna do CRG da UEM, em 1992, ministrada na Câmara Municipal de Goioerê:
Biografia de Paulo Freire
Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, portanto hoje completaria 100 anos de vida. Recifense, formou-se em Direito e é autor de muitos livros. Dentre os prêmios que foi agraciado em vida, destacam-se: Rei Balduíno para o Desenvolvimento, na Bélgica, em 1980; Educação para a Paz da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1986; e Andrés Bello da Organização dos Estados Americanos, como Educador dos Continentes, em 1992.
Foi professor de Língua Portuguesa do Colégio Oswaldo Cruz, bem como diretor de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria (Sesi), de 1947 a 1954, e superintendente, de 1954 a 1957. Ao lado de outros educadores, fundou o Instituto Capibaribe. Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958, na sua tese de concurso para a Universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação.
Em 1964, no Chile, desenvolveu, durante cinco anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Em 1969, foi professor na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Durante os dez anos seguintes, foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional para vários governos, principalmente na África.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil e deu aulas na Unicamp e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, tornou-se secretário de Educação em São Paulo-SP e lutou pela implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e na recuperação salarial dos professores.
Fonte: Instituto Paulo Freire.