Alunos do Time se destacaram em nível nacional; estudante ganhou a segunda medalha de ouro de Maringá na OBM
O projeto de extensão Teoria e Investigação em Matemática Elementar (Time), do Departamento de Matemática (DMA), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), teve 14 premiações nas principais olimpíadas nacionais de matemática de 2023.
Entre as conquistas, o estudante Arthur Yuuki Mota Fukuoka, de 12 anos, recebeu a segunda medalha de ouro da história de Maringá na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), conforme resultado anunciado na última sexta-feira (15). Também estudante do projeto, Arthur Henrique do Amaral, de 13 anos, foi agraciado com uma menção honrosa na OBM.
A lista dos vencedores da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), por sua vez, foi divulgada nesta quarta-feira (20), com mais 12 conquistas por alunos do Time, entre medalhas de ouro, prata, bronze e menções honrosas, todas a nível nacional.
Organizado por professores do DMA, o Time oferta aulas gratuitas de matemática a estudantes do ensino básico, com foco em estratégias de resolução de problemas. O coordenador do projeto, Thiago Ferraiol, destacou a relevância dos resultados obtidos. “Quando um aluno conquista uma medalha, é sempre algo muito gratificante. É uma visibilidade maior para o projeto, porque a medalha expressa o desenvolvimento de um aluno, mas esse desenvolvimento não é isolado dos outros. É super importante o projeto ter esse espaço de diálogo, de interação, de expressão das múltiplas habilidades matemáticas. A nossa luta é por não deixar essa chama apagar”, declarou.
Maringá não tinha um medalhista de ouro na OBM desde 2014, quando o também participante do Time, João Lucas Foltran Consoni, à época com 13 anos, conquistou a primeira medalha dourada da história do município na competição.
OBM
A prova da OBM deste ano foi realizada entre 19 e 20 de outubro. No nível 1, para estudantes de 6º e 7º ano, os sete primeiros colocados do país receberam a medalha de ouro. Aluno do projeto e estudante do Colégio Marista de Maringá, Arthur Fukuoka ficou na terceira posição nacional. “Antes de entrar no projeto, eu não era muito bom em escrever os meus pensamentos, eu só pensava e escrevia as respostas. Mas depois do projeto, aprendi a escrever melhor as contas”, relatou.
Com o resultado, Fukuoka foi convidado a participar da Semana Olímpica, evento que reúne os medalhistas da OBM em um “intensivão” de aulas de matemática avançada, palestras e atividades de lazer. A Semana Olímpica será realizada entre 21 e 27 de janeiro de 2024, em Bento Gonçalves-RS.
Vencedor da menção honrosa, Arthur Henrique do Amaral ficou na 70ª colocação geral. O estudante do 4º Colégio da Polícia Militar de Maringá (4º CPM) atribuiu o resultado à participação no Time. “Antes eu fazia os exercícios de matemática, mas não me esforçava muito. Agora eu pratico mais e gosto mais de resolver os exercícios. Tenho gratidão aos professores, aos meus pais, que têm me ajudado, e agradeço a Deus também”.
Organizada desde 1979, a OBM é a principal competição da área no Brasil. Atualmente, em fase única, participam da disputa estudantes selecionados com base no desempenho em outras provas do tipo. As avaliações são divididas em quatro níveis. Além do nível 1, no qual os estudantes do Time foram premiados, há provas para nível 2 (8º e 9º ano do Ensino Fundamental), nível 3 (Ensino Médio) e nível universitário (Ensino Superior).
Obmep
Já a Obmep, disputada em duas fases, é uma realização do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), em parceria com outras entidades. Podem participar estudantes de escolas públicas e privadas de todo o país. Em 2023, foram mais de 18 milhões de alunos inscritos para a primeira fase.
Em 7 de outubro, os classificados disputaram a segunda fase da competição, que definiu a relação de medalhistas, divulgada nesta quarta-feira (20). Diferentemente da OBM, a premiação da Obmep é dividida entre estudantes de escolas públicas e alunos de escolas privadas, que concorrem pelas medalhas separadamente.
Entre os alunos do Time premiados na Obmep, Arthur Fukuoka e Arthur Henrique do Amaral foram novamente agraciados, com medalha de ouro e menção honrosa, respectivamente. Eduardo Samuel Rocha e Renato Granemann de Souza, do nível 2, e Murilo Granemann de Souza, do nível 3, também receberam o ouro, enquanto Isaac Bonanni Turci ganhou a prata no nível 3.
Leonardo Silva Scheller (nível 1) e Cássio Martins Canello (nível 2) levaram a medalha de bronze. Ainda foram citados com menção honrosa os estudantes Alinne Hikaru Kono Anzai, do nível 1, Luiza Naomi Hayasi Pinto, do nível 2, e Gabriel Felipe Gonçalves Bezerra e Gabriel Rodrigues Gomes, do nível 3. Quatro dos premiados são estudantes do Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP) da UEM.
Ainda em 2023, estudantes do Time receberam ao menos oito medalhas e menções honrosas em outras competições, como a Olimpíada Canguru de Matemática, a Olimpíada de Matemática Poliedro (OMP) e a Olimpíada de Matemática das Escolas Estaduais do Paraná (Omap). Os estudantes Gabriela Ayumi Iwamoto Ishiba e Murilo Granemann de Souza ainda venceram medalhas em disputas de outras áreas do conhecimento, como a Olimpíada Brasileira de Tecnologia (OBT) e a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA).
Entre tantos certames nacionais e internacionais, Maringá também já teve uma competição de matemática a nível regional. De 2014 a 2018, a Olimpíada de Matemática de Maringá e Região (OMM) foi organizada pelo próprio Time, com apoio do DMA e da UEM. A disputa teve cinco edições e reuniu alunos de diversas cidades do Norte e Noroeste paranaense. A organização foi interrompida em 2019 por falta de recursos e docentes.
O projeto Time
Criado em 2013, o Time completa 10 anos de existência em 2023. Atualmente, a iniciativa atende a cerca de 40 estudantes do ensino básico de Maringá e região, que recebem aulas de aprofundamento da matemática elementar, bem como participam de atividades interdisciplinares. As aulas são gratuitas e realizadas aos sábados, das 8h às 12h, no Bloco F-67 do câmpus sede da UEM.
Premiado com a medalha de bronze no nível 3 da Obmep, o estudante Gabriel Rodrigues Gomes, de 17 anos, destacou a importância da resolução conjunta de exercícios. “Às vezes você faz um exercício de uma maneira muito difícil e demora muito, e quando vai conversar com a pessoa que está do lado, ela fez de outra forma muito mais fácil. Essa comunicação ajuda muito, tanto na parte matemática quanto na parte social”, explicou o estudante, que concluiu o 3º ano do Ensino Médio e já está aprovado para o curso de Ciência da Computação na UEM.
Aos 12 anos, Leonardo Silva Scheller é um dos alunos do projeto que recebeu medalhas na Obmep 2023. Ele entrou no Time para aprofundar os conhecimentos matemáticos, após passar para a segunda fase da competição na edição de 2022. “Depois do projeto, tudo começou a desabrochar na minha mente. Ano passado, eu não sabia quase nada de matemática e de pensamento lógico, aí comecei a participar das aulas, fazer as olimpíadas, e tudo mudou para mim”, contou.
Já Wesley de Brito Bravin, de 11 anos, pegou gosto pela disciplina após ingressar no Time. “Antes eu não gostava muito e era um pouco ruim em matemática. Eu gostei bastante do projeto pela forma que eles estimulam a gente, isso ajuda bastante”, revelou.
As aulas são ministradas por cinco professores - três são docentes do DMA da UEM, enquanto dois são egressos da Universidade, que atuam como professores da educação básica de Maringá. Também participam do projeto duas estudantes de graduação do curso de Matemática.
Colaboradora do Time e professora na educação básica de Maringá, Cristina Kozan de Brito relatou a própria experiência após entrar para o corpo docente do projeto. “Na minha turma, eu tenho alunos que pensam muito diferente do comum. Isso faz com que nós (professores) tenhamos que estudar, pesquisar, buscar coisas novas. E isso contribuiu demais para o meu crescimento profissional. Eu estou dentro da sala de aula há 18 anos, mas com o projeto, eu cresci de uma forma fenomenal”, afirmou.
A iniciativa funciona em parceria com o Programa Polos Olímpicos de Treinamento Intensivo (Poti), do Impa, e o Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), que oferece bolsas de 300 reais por mês para que medalhistas da Obmep estudem no Time.
A abertura de novas vagas para alunos do projeto está prevista para fevereiro de 2024, com inscrições gratuitas. O público alvo são estudantes de todas as séries do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, com ou sem experiência em olimpíadas de matemática.