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Casamentos duram mais tempo em Maringá

Segundo o IBGE, município tem um dos menores índices de separação no Estado; o tradicionalismo dos maringaenses é um dos fatores para os casamentos duradouros


 

No religioso e no cartório (ou apenas no cartório), 2.406 pessoas disseram sim ao matrimônio em Maringá, em 2007, segundo dados do registro civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com 4,18% do total de casamentos realizados no Paraná, a Cidade Canção fica atrás apenas de Curitiba, com 9.960 casamentos (17,3%), e de Londrina, com 3.582 (6,2%). Contudo, quando é levando em conta o saldo entre casamentos e divórcios, Maringá só perde para a capital do Estado.

Curitiba teve em 2007, segundo o IBGE, uma separação judicial para cada 29,38 casamentos. Em Maringá, enquanto 20,9 casais trocavam alianças e juras de amor, um casal recorria a um advogado para pôr fim ao matrimônio. Os dados apontam para o fato de que nessas duas cidades, entre as seis maiores do Estado, os casamentos estão durando mais.

Maringaenses e curitibanos optaram menos pela separação como solução para os problemas do matrimônio do que outras grandes cidades. E a diferença, nesse sentido, é grande. Em Foz do Iguaçu, para cada 4,72 casamentos houve uma separação judicial. Em Londrina, a relação chegou a 9,2, em Ponta Grossa a 10,38 e em Cascavel a 12,34 uniões conjugais contra um divórcio. Números que a Igreja Católica prefere não associar à religião.

O Padre Orivaldo Robles, da Paróquia Santa Maria Goretti, explica que, de um modo geral, as grandes cidades do Estado têm uma mesma vivência católica. “Não acredito que haja uma ligação religiosa nisso. A mesma preocupação que a Igreja em Maringá tem em relação ao sacramento do matrimônio, você vai encontrar em Cascavel, Londrina, Ponta Grossa e Curitiba”, comenta.

O presidente da Subseção Maringá da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), César Augusto Moreno, diz que, com a Justiça desburocratizando o divórcio, a situação de Maringá pode ser considerada uma exceção. “A legislação, em caso de filhos maiores, permite que o casal, estando de acordo e com a presença do advogado, ponha fim ao casamento por escritura pública. Não precisa mais passar pelo juiz, salvo se existir filhos menores”, esclarece.

Se antigamente, diz Moreno, a separação consensual levava um mês, agora tudo fica pronto em até quatro dias. Mesmo assim, os maringaenses se divorciam, proporcionalmente, quase cinco vezes menos que os iguaçuenses. “O que dá a impressão é que os casamentos duram mais em Maringá. Basta saber ao certo por que isso acontece, será que temos uma estrutura familiar mais sólida.”

Ao contrário do que alega o pároco Robles, o sociólogo João dos Santos Filho, professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM) atribui, sim, o baixo índice de divórcios em Maringá à influência da Igreja Católica. “A Catedral é o ícone máximo de uma cidade onde o poder da Igreja é muito forte. Maringá ainda é uma cidade extremamente tradicional”, defende. Para ele, a qualidade de vida da cidade e as boas condições para se criar os filhos também contribui na manutenção do casamento. “Isso favorece o matrimônio, mas não é determinante”, diz.

Ele lembra de uma situação que reflete o tradicionalismo de Maringá. “Fiz um levantamento, certa vez, sobre a Revolução Cubana, de 1957 a 1964. Li os principais jornais daquele tempo, todos os dias. Na primeira página de O Estado de S.Paulo, em 1958, Maringá foi capa por causa da primeira passeata contra a pornografia.” Um fato que, segundo ele, embasa os dados da IBGE.