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Uma análise sobre a educação brasileira

Andando pelas ruas de Maringá semanas atrás pude contemplar a alegria e a festa dos estudantes que conseguiram uma vaga no tão concorrido vestibular de nossa Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Momento este que me levou a uma reflexão sobre as contradições da educação brasileira.

Sem querer aqui entrar no mérito do direito de cada um, da livre expressão e da igualdade constitucional, aliás deixando claro que sou contra a forma como estão sendo instituídas as quotas, quero fazer uma análise da cultura educacional implantada em nossa sociedade.

A classe média e alta brasileira se orgulham de terem seus filhos estudando em escolas particulares, caras e de preferência tradicionais. Além deste ensino particular, é muito comum freqüentarem cursos de música, línguas estrangeiras, informática, além é claro de se portarem a contento da classe que pertencem, ou seja, bem vestidos e educados.

Por outro lado, a classe baixa freqüenta escolas públicas, de bairro, muitas vezes sujas, pichadas, abandonadas pelo descaso público e normalmente associadas a ensino de péssima qualidade.

Aí vem o grande dia, a coroação, ou seja, o aluno que concluiu o ensino médio se prepara para entrar na faculdade. E o que vemos nas ruas: os estudantes oriundos da classe média e alta, que se orgulharam de estudar em escolas particulares, fazendo festa por conseguirem entrar em uma universidade pública.

Não é uma contradição? Aqueles lindos e educados estudantes, agora sujos de lama, pintados, fazendo algazarra e festejando sua entrada no ensino público. Por quê?

O ensino público não deveria ser igual para todos? Não deveria ter a mesma qualidade do primeiro ano do ensino fundamental ao último ano do ensino médio e do ensino superior? Por que tanta festa em conseguir uma vaga em uma universidade pública?

Nossos filhos sejam eles a qual classe pertençam devem continuar sendo lindos, educados, inteligentes e tendo acesso ao ensino seja ele público ou particular.

Mas não poderíamos ver os filhos e pais da classe média e alta orgulhosos por conseguirem uma vaga em uma escola pública de ensino fundamental e médio da mesma forma como da entrada na universidade pública? Por que tantas contradições no sistema educacional brasileiro?

E por incrível que pareça, vemos os filhos das classes menos favorecidas fazendo festa por terem conseguido uma vaga em uma instituição superior particular.

A festa merecida da entrada em uma universidade nos leva a refletir e buscar respostas que atendam a todos de forma indistinta. É claro que os números apontam um aumento gradativo de alunos que estudaram em escolas públicas e agora freqüentam a universidade pública.

Mas em quais cursos? Está na hora de repensarmos o sistema educacional brasileiro como um todo para não amargarmos nossa presença na lista dos piores do mundo.

 

Luiz Antonio Pedro
Professor de História e Filosofia, mestre em Engenharia de Produção de Maringá