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Caminhar faz bem, mas em alguns pontos de Maringá a qualidade do ar é ameaça

Estudo revela que esquina das avenidas Colombo e Duque de Caxias é o local mais poluído de Maringá: e lá, muitos fazem sua caminhada diária

 

O exercício de caminhada não está rendendo tanto quanto muitos maringaenses gostariam. Enquanto se esforçam para dar voltas em um quarteirão ou parque, eles inalam poluentes que agem diretamente no organismo, gerando, principalmente, fadiga e falta de ar.

Baseado em projeções de um estudo realizado para a Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ed Pinheiro Lima, doutor em Engenharia Química, estima que, dependendo das condições meteorológicas e do tráfego de veículos, a concentração de monóxido de carbono (CO) fica um pouco abaixo de 9 ppm (partes por milhão), tornando quase inadequada a qualidade do ar.

Muitos optam por caminhar por volta das 18 horas – hora do rush -, o que aumenta o risco. Junto com o CO, as pessoas inspiram em maior volume o dióxido de carbono (CO2), o material particulado (MP), os hidrocarbonetos (HC) e os óxidos de nitrogênio (NO e NO2) emitidos pelos escapamentos dos veículos.

Um dos locais mais críticos apontado pelo estudioso é nas imediações do cruzamento das avenidas Colombo e Duque de Caxias. Em uma das quadras que permeia essa intersecção, onde estão localizadas a Vila Olímpica, o Ginásio de Esportes Chico Netto e o Estádio Willie Davis, o número de pessoas caminhando cresce à medida que o fim da tarde se aproxima.

Para a qualidade do ar ser considerada boa, os padrões estabelecidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), aprovados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), indicam que a concentração de CO não pode passar de 4,5 ppm. Em 2005, Lima constatou que o índice podia chegar a 4,8 ppm na Duque de Caxias.

Nesta época, Maringá tinha 161.223 veículos. Em dezembro do ano passado, a frota saltou para 203.660 – um aumento de 26,32%. Entre todos os veículos, os que mais poluem são os que utilizam o ólero diesel. Diferentemente dos países europeus, o diesel brasileiro contém concentração dez vezes maior de enxofre (S).

Vilãs
As motocicletas e motonetas também são as vilãs do ar nosso de cada dia. Apesar do baixo consumo de combustível, esses veículos poluem mais que um automóvel. “Muitas motos não têm dispositivos de filtragem, como o catalisador e a injeção eletrônica, comuns nos automóveis, que possibilitam uma queima mais adequada do combustível”, explica Marcelino Luiz Gimenes, também doutor em Engenharia Química.

Ao todo, em dezembro do ano passado, havia 46.755 motocicletas e motonetas circulando em Maringá. Em relação a 2007, o aumento da frota desse tipo de veículo foi de, aproximadamente, 13%.

O perigo pode ser medido pelo tamanho das filas dos veículos que se formam diante dos semáforos. “Um crescimento da frota tão significativo leva a engarrafamentos mais longos e freqüentes, aumentando o tempo de parada dos veículos, que emitem CO e HC em maiores quantidades (quando estão parados)”, explica Gimenes. Além disso, a situação tende a ser mais preocupante entre os meses de junho e setembro.

“Em dias de verão, o clima úmido e quente favorece a dispersão dos gases e, se houver chuva, acontece a lavagem da atmosfera”, afirma. “No entanto, no inverno, os dias tendem a ser secos e frios, o que torna a atmosfera estável, dificultando a dispersão dos gases.”

Com qualidade de ar regular, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo faz alerta para os chamados grupos sensíveis, formados por crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas. Eles estão sujeitos a apresentar sintomas de tosse seca e cansaço.

Se a frota continuar aumentando e, logo, a qualidade do ar se tornar inadequada, com concentração de CO entre 9 ppm e 15 ppm, problemas de saúde mais sérios podem aparecer. “Se a pessoa passa a vida toda em ambientes poluídos, vai ter a saúde e a qualidade de vida prejudicadas”, afirma Gimenes.

 

Thiago Ramari