Imprimir

Trote: laço de boi e garrafa que pode ser urina

Apesar de nenhuma denúncia ter sido registrada pelo Disque-Trote até o início da tarde desta segunda-feira (2), os seguranças que trabalharam no monitoramento interno do câmpus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) fizeram a apreensão de alguns materiais.

Além de quilos de farinha e dúzias ovos, comuns nessas “celebrações”, eles flagraram um grupo com um laço de boi e outro com uma garrafa cheia de um líquido difícil de identificar. “A coloração é um pouco amarelada e desconfio que seja urina”, comentou o segurança José Soares de Andrade.

O trabalho dos seguranças se estenderá durante os próximos dias, para desgosto dos simpatizantes do trote. Para cada turno, serão quatro seguranças percorrendo toda a instituição.

“Não permitimos nem mesmo farinha e ovos, porque, se forem usados, suja o campus inteiro.” É claro que, a cada apreensão, os estudantes reclamam – e muito. “Quando flagramos o grupo com o laço de boi, eles chiaram e disseram que não estavam usando, mas não podemos deixar passar, porque a intenção deles é usar.”

Todo o material é guardado e, com o fim do trote, será devolvido (ou não) aos donos. Há 15 anos como segurança da UEM, Andrade viu trotes violentos acontecerem, principalmente na década passada.

Segundo ele, o mais marcante foi ver calouros sendo “batizados” em um poço repleto de água barrenta e com fezes de animais.

“O buraco foi cavado pelos veteranos e os calouros foram mergulhados ali”, contou. Andrade diz que o perigo maior é à noite, porque a falta de iluminação natural possibilita aos estudantes praticar trotes dentro do câmpus, com risco menor de serem pegos.

De acordo com o sargento Argemiro Mendes Ferreira Junior, nenhuma ocorrência relacionada a trote foi registrada ontem, no 4º Batalhão de Polícia Militar, até o final da tarde.

Ele diz que qualquer pessoa que flagrar situação vexatória ou que coloque em risco a integridade física de outras pessoas, assim como as próprias vítimas, pode solicitar a presença de policiais. “Os agressores serão indiciados e terão de responder pelo que fizeram”, diz o sargento.

Thiago Ramari