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Tabelão motiva guerra de preços entre supermercados

Para a coordenadora da pesquisa, reajuste dos preços é injustificável; mudanças sugerem que supermercados alteram valores para fazer boa figura no Tabelão

O Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá fez nesta sexta-feira (6) um levantamento de preços surpresa nos principais supermercados da cidade, para confrontar os resultados obtidos no Tabelão de O Diário, que teve preços levantados na terça-feira.

A pesquisa surpresa indica que existe uma prática de baixar preços no início da semana – período em que os pesquisadores coletam preços – para aumentar os valores no final de semana.

Todas as empresas pesquisados reajustaram preços de terça para sexta-feira, mas apenas o Super Muffato teve redução no valor da Cesta Básica.

Os que mais fizeram alterações foram o São Francisco e o Big. O São Francisco aumentou o preço de 27 itens e reduziu o valor de dois.

O Big reajustou para cima 19 itens e cortou o preço de três. Juntos, São Francisco e Big são os supermercados que mais vezes apareceram como a Cesta Básica mais barata da semana, desde a primeira edição do Tabelão, em agosto de 2008.

Os supermercados que menos alteraram preços de terça para sexta-feira foram o Cidade Canção – oito itens de um total de 31 – e o Super Muffato – 11 de 31. O Cidade Canção aumentou o preço de apenas sete itens e o Super Muffato, de oito.

As alterações de preços na mesma semana modificam o valor da Cesta Básica. Na comparação dos itens encontrados simultaneamente em todas as empresas, nos dois últimos levantamentos, apenas o Super Muffato manteve os preços estáveis -a empresa tem a cesta mais barata: R$ 53,06.

Já o São Francisco, que tinha a cesta mais barata na terça-feira, reajustou os valores em 47,65%: o valor dos 27 itens passou de R$ 51,12 para R$ 75,47. A cesta mais cara deste levantamento é a do Bom Dia: R$ 82,74. O valor foi reajustado em 27% em relação à terça-feira, quando a soma era de R$ 64,95.

Para a coordenadora da pesquisa, Isolde Previdelli, professora doutora do Departamento de Estatística da UEM, a pesquisa surpresa evidencia um reajusta anormal de preços.

“As informações da pesquisa surpresa nos levam a crer que existe uma disputa entre as empresas para que os resultados publicados sejam favoráveis”, afirma Previdelli.

Para ela, tantos reajustes em apenas três dias não é uma prática normal. “Por mais que haja problemas na economia, vivemos uma situação relativamente estável, que não justifica tantas mudanças num espaço tão curto de tempo”.

O Condor, pela quarta vez consecutiva, barrou a entrada do pesquisador para a coleta.



Fique de olho

A maior diferença encontrada para produtos da Cesta Básica é para o desodorante spray (de 90 a 100 ml). O mesmo produto é oferecido por R$ 0,55 para R$ 2,49 – diferença de 352,73%.

Com o maior valor, é possível comprar quatro frascos de desodorante na empresa que oferece o menor preço.

O desodorante também foi o produto que ficou mais caro entre terça e sexta-feira. O preço médio do produto, nas sete empresas pesquisadas, passou de R$ 1,02 para R$ 1,56 – reajuste de 52,94% em apenas três dias.

No supermercado São Francisco, o preço do desodorante mais barato passou de R$ 0,68 para R$ 2,49 – aumento de 266% de terça para sexta-feira.

Vinícius Carvalho