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Festival Afro-Brasileiro tenta compensar feriado vetado pela Prefeitura de Maringá

Câmara aprovou, por unanimidade, projeto do Executivo que cria o evento na cidade, no dia 20 de novembro; mas feriado foi vetado pela administração municipal

 

O projeto da criação do Festival Afro-Brasileiro foi aprovado por unanimidade na noite de terça-feira pela Câmara dos Vereadores de Maringa.

O evento será realizado no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, e foi criado pela Prefeitura como uma forma de “compensação” pelo fato do feriado que seria comemorado nessa data ter sido vetado nesta quarta-feira (11) pela administração municipal.

O chefe de gabinete Ulisses Maia explicou que o prefeito Sílvio Barros (PP) não poderia sancionar a lei de criação do feriado do Dia Nacional da Consciência Negra por motivos legais. A administração criou o festival com o objetivo de trazer um resultado mais positivo ao Dia da Consciência Negra em Maringá.

“A nossa idéia é que o Festival Afro-Brasileiro se torne um grande evento para a cidade”, disse o secretário.


Cultural

Política à parte – se é que isso é possível – O Festival Afro-Brasileiro terá como objetivo, segundo a secretária de Cultura, Flor Duarte, evidenciar a cultura africana e sua influência na cultura brasileira.

O evento, que foi inspirado no Festival Nipo-Brasileiro, será realizado através de uma suplementação orçamentária de R$ 40 mil no orçamento da Secretaria de Cultura.

“A cultura afro está muito inserida no nosso cotidiano e perdemos um pouco a percepção de sua origem”, diz Flor Duarte.

O assessor de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Maringá, Ademir Félix de Jesus, explicou que o festival é mais um projeto dentro da política de inclusão da administração municipal.

“É um evento do qual as entidades afro da cidade poderão participar e que a cada ano vai crescer. Mas o mais importante é que será um evento que vai se perpetuar, pois tem uma lei amparando”, diz.


Liderança

Para o presidente da Comissão de Direitos da Igualdade Racial, Paulo Bahya, o festival que será realizado pela Prefeitura é importante como um complemento para as diversas atividades realizadas há vários anos na cidade em comemoração à data e à própria cultura negra, como a Semana Zumbi dos Palmares e a Semana da Consciência Negra.

“O lado positivo é que esse festival faz parte da inclusão oficial, que o poder público reconhece que deve ser feito alguma coisa nesse sentido. Mas o festival não pode ser criado e apresentado como se não existisse nada antes na cidade”, diz.

Para o professor Walter Praxedes, coordenador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-Brasileiros da Universidade Estadual de Maringá (UEM), o festival não tem sentido, pois todos os anos a comunidade negra promove diversas atividades culturais ligadas à cultura afro-brasileira sem esses recursos.

“Na minha opinião, os recursos para esse festival são uma espécie de suborno aos movimentos sociais para que eles aceitem a proposta da prefeitura.”

 

Fábio Massalli