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Para psicólogo, aparelho é passaporte para grupos sociais

No aspecto social, o celular pode ser o passaporte para o ingresso em determinados grupos do mundo jovem. O sociólogo Giovanio Rossato, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM), diz que o aparelho tem significados que facilitam a inserção dos adolescentes em grupos de amizades.

“Um adolescente que não tem um celular é considerado um ‘alienígena’ pelo seu grupo. Ele é excluído, passa a ser diferente, mas em um sentido depreciativo”, diz explicando o valor simbólico de inserção social.

“Com o aparelho, o jovem é reconhecido pelo grupo como um igual”, completa. Na avaliação do sociólogo, o celular oferece um atrativo bem maior que as aulas.

Afinal de contas, o aparelho tem jogos, bate fotos e pode mandar mensagens, substituindo a velha prática de passar um bilhetinho de papel para o colega. “É uma concorrência desleal”, arremata.


Inevitável

Na opinião de Rossato é preciso considerar que o aparelho é uma realidade que não regredirá. “Cada vez mais e mais, as crianças e adolescentes terão um celular. Isso é inevitável porque os próprios pais querem por questões de segurança. “Os pais usam como um aparelho de controle”, complementa.

Mas o uso em sala de aula, conforme ele, deve ser evitado. “Não é aconselhável, pois as experiências demonstram que é extremamente prejudicial e propicia um ambiente de dispersão que, para o processo de aprendizagem, a concentração é indispensável”, explica.

Para evitar situações prejudiciais, ele aconselha aos professores que busquem acordos com os alunos. “O ideal é estabelecer regras, mas é preciso dizer o porquê destas regras”, completa destacando que a regra pode ser “todos desligarem o celular durante a aula”. Toda norma, porém, gera um tipo de injustiça.

“Apesar disso, é preciso mostrar, sobretudo aos adolescentes, que existem limites e que ele mesmo [o que usa o aparelho em sala de aula] pode ser prejudicado, como na apresentação de um trabalho, por exemplo”, pontua o sociólogo.

O adolescente e a criança, segundo ele, precisam entender que há limites em função de um contexto coletivo. “Em um mundo individualista como o nosso, é mais difícil lidar com situações como estas, mas o professores devem ser o modelo.”

 

Redação