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Inadimplência aumenta 38% em março em Maringá

Março é um mês em que os atrasos em pagamentos são maiores, mas crescimento em relação ao mesmo mês do ano passado é grande - e reflexo da crise

 

O número de consumidores que tiverem seus nomes incluídos no Serviço de Central de Proteção ao Crédito (SPC) em Maringá aumentou 38% em março em relação a fevereiro, segundo a Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim).

No mês passado, houve 17.729 novos inadimplentes, contra 12.842 de fevereiro. O índice de março também é 6,86% maior que o registrado em março do ano passado.

Para o gerente de produtos e serviços da Acim. Ayrton Silva, o aumento nos números do SPC era esperado, mas não numa quantidade tão grande.

No caso dos cheques, a devolução em março foi 18,5% superior a fevereiro. Se a comparação for feita com março de 2008, o aumento é de 22,08%.

Ao mesmo tempo em que o número de devedores aumentou, também cresceu a quantidade dos que regularizaram sua situação perante o SPC. De fevereiro para março houve um aumento de 22% no número dos que deixaram o cadastro. Em relação a 2008, o crescimento foi de 12,38%.

Para o chefe de departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Antonio Agenor Denardi, os números não diferem muito do restante do país, segundo dados nacionais do Serasa, que indicam que a inadimplência cresceu 11,4% no primeiro trimestre do ano.

Denardi diz que o aumento do número de inadimplentes em março se deve a uma série de fatores. Um deles é que fevereiro é um mês com menos dias úteis.

Outro fator é que é em março que começam a cair os cheques das compras feitas a prazo em dezembro e janeiro. “‘Compre agora e pague só depois do Carnaval’ é um slogan muito usado pelo comércio e que começa a ser sentido agora. Esses são algumas variáveis que explicam esse grande aumento no número de inadimplentes”.


Crise

Para Denardi, o aumento da inadimplências em relação a março do ano passado pode ser explicado pelo desempregado causado pela crise que está atingindo a economia mundial e, consequentemente, a brasileira.

“Há baixa atividade econômica e o desemprego está aumentando nos três últimos meses. Hoje está em 9%, e isso explica essa inclusão tão grande no SPC”, afirma.

Como consequência do aumento da inadimplência, Denardi acredita que os bancos, empresas e financeiras vão aumentar suas exigências para pedidos de empréstimos e financiamentos e haverá um aumento na taxa de juros cobrado pelos bancos e pelo comércio.“Quem acabará pagando a conta é o consumidor”, diz.

Ironicamente, a crise também contribui para aumentar a quantidade de pessoas que “limpam” o nome no SPC. “As empresas estão fazendo o máximo para reabilitar e fidelizar o cliente, dando condições para ele renegociar a dívida, e os consumidores aproveitam a chance de limpar seus nomes”, explica o professor.

 

Fábio Massalli