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No MA, estudantes da UEM retribuem conhecimento

Dezenove dias de trabalho e lembranças que devem durar uma vida inteira. É o que dez maringaenses trouxeram na bagagem ao retornarem, no último dia 6, da experiência a 2.367 quilômetros, em Governador Edison Lobão, no Maranhão. Lá, eles participaram da Operação Babaçu.

O Projeto Rondon é um programa de extensão ligado ao Ministério da Defesa no qual universitários de todo o País são selecionados para ajudar comunidades carentes em diferentes regiões do Brasil.

Depois de 4 anos sem participar do projeto, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi selecionada e partiu em 19 de janeiro com um grupo formado por graduandos de Direito, Educação Física, Letras, Medicina, Odontologia e Psicologia e duas professoras coordenadoras.

Em Governador Edison Lobão, após uma visita prévia de uma das coordenadoras para conhecer as carências do município de 15.895 habitantes, os rondonistas (como são chamados os participantes do projeto) da UEM desenvolveram atividades relacionadas às áreas de saúde, cultura e justiça.

Divulgação
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Alunos da UEM que participaram da Operação Babaçu, no Maranhão

A coordenadora e professora do Departamento de Direito Público, Crishna Mirella Correa, conta que a conscientização sobre saúde foi o ponto forte da viagem. Além da falta de profissionais da área – no hospital não há médicos ou enfermeiros -, não tem água tratada na cidade. "Por isto, doenças endêmicas são comuns. E, mesmo entre os agentes de saúde, a falta de informações básicas era grande. Procuramos capacitá-los sobre gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, hanseníase, higiene bucal e outras questões", explicou Crishna.

"Mas sabemos que se não houver interesse do poder público em melhorar as condições, por exemplo, tratando água no município, estas informações vão se perdendo. A população depende da boa vontade do governo", completou.

O estudante de Direito Carlos Cristiano de Oliveira, 24, está impressionado com a experiência que o ensinou a valorizar coisas que sempre lhe pareceram muito simples, como comida e água que escorre do chuveiro na hora do banho. Para Oliveira, uma cena inesquecível foi ferver a água que todos bebiam. "No fundo da panela ficou uma sujeira preta. Em cima, uma camada de gordura, mostrando que estava totalmente imprópria para o consumo, mas todos bebem. Mais chocante ainda é saber que o poder executivo sabe disto e não toma providências", disse.

Junto ao Conselho Tutelar do município, o grupo ajudou a formular o regimento interno. Mas este era apenas um dos problemas do órgão. "Os conselheiros chegam a ficar meses sem salários e também faltam recursos inclusive para o combustível. Às vezes, eles recebem denúncias que acontecem nos assentamentos rurais e não podem averiguar. Até mesmo para ir à cidade vizinha no Fórum", relatou o estudante.

EXPERIÊNCIA


“Eles podem ter ‘perdido’ alguns
dias de férias, mas com certeza

ganharam muito mais”

Crishna Mirella Correa
Professora da UEM

Além da troca cultural natural, o grupo montou um telão e exibiu dois filmes para a população que, em sua maioria, nunca foi no cinema. No encerramento, os rondonistas foram convidados a participar da típica dança do boi, com moradores da região.

"Foi uma experiência única. Com certeza levamos algo a eles, mas sabemos que não resolvemos os problemas da cidade. Para os alunos, é uma oportunidade de retribuir um pouco do conhecimento adquirido na universidade pública. Eles podem ter ‘perdido’ alguns dias de férias, mas com certeza ganharam muito mais", disse Crishna.


EQUIPE DE RONDONISTAS DA UEM

  • Crishna Mirella Correa – professora e coordenadora

  • Eliane Rose Maio – professora coordenadora

  • Bruna Tomeix – estudante de Direito

  • Carlos Cristiano de Oliveira – estudante de Direito

  • Felipe Hashimoto Bim – estudante de Educação Física

  • Viviane Foss – estudante de Letras

  • Layane Pimenta Baldon – estudante de Medicina

  • Rita de Cássia Rossini – estudante de Medicina

  • Marília Zeczkowski – estudante de Odontologia

  • Deisiane Orben Lopes – estudante de Psicologia

http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/541884/no-ma-estudantes-da-uem-retribuem-conhecimento/