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Em paralisação na UEM, fogo, portões fechados e pichação

A paralisação de servidores – professores e técnicos administrativos – e de alunos do ensino superior estadual no Paraná foi marcada por muita espera e atos de vandalismo em Maringá. Os três principais portões de acesso à Universidade Estadual de Maringá (UEM) foram fechados, feitas barricadas com pneus e galhos secos de árvore e ateado fogo. A ação causou indignação, mas, segundo os representantes do movimento, não enfraquece a campanha da categoria por melhores condições do ensino.

A programação da segunda paralisação em uma semana nas instituições começou, em Maringá, com uma caminhada da reitoria da UEM ao Restaurante Universitário. Enquanto a maioria dos manifestantes estava na concentração, alguém colocou fogo nos pneus e galhos secos que fechavam os portões das ruas Professor Lauro Eduardo Werneck, Bragança e Dez de Maio.

Douglas Marçal
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Um dos portões da UEM que foram fechados ontem durante a paralisação: fogo em pneus e galhos secos

Os responsáveis pelo movimento dos servidores e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição de ensino negaram ter colocado fogo, no início da manhã, nos pneus e galhos secos.


Alguns prédios da UEM que podem ser vistos da Rua Professor Lauro Eduardo Werneck, que cruza a Avenida Colombo, estavam pichados: "Não vamos negar fogo", na Farmácia Ensino (FEN); e "Paralise" e "Educação é prioridade!Lute" na agência da Caixa Econômica Federal. A assessoria de imprensa da instituição não soube informar se as pichações foram feitas antes ou durante a manifestação.


Após ser avisado dos pneus pegando fogo, o prefeito do campus, Igor Valques, foi até os portões. "Eu me pergunto, para que isto?" Minutos mais tarde, um estudante se aproximou dele e respondeu em tom de ameaça: "Você ainda não sabe o que vem por aí, o que tem sido discutido nas assembleias".


Para apagar o fogo sem envolver o Corpo de Bombeiros, a prefeitura jogou uma mistura de terra e areia nos pneus. O caso não foi registrado na polícia.


Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior de Maringá (Sinteemar), Eder Rossato, este tipo de ação não traz nenhum benefício ao movimento. "Ao contrário. Simplesmente acaba desarticulando o nosso movimento que é legítimo em nome de uma educação de qualidade", destacou.


O Sinteemar enviou aproximadamente 120 representantes para se unir àqueles de outras regiões do Paraná na passeata realizada ontem em Curitiba, negociação com o governo e assembleia geral. Durante todo o dia, cerca de 600 pessoas ficaram em vigília no RU aguardando as novidades que vinham da capital. "A assembleia geral e as deliberações acontecem lá", lembrou Rossato.


A paralisação de ontem foi organizada por uma entidade sindical diferente da responsável pela paralisação da última semana. No dia 7 de fevereiro, cerca de 90% dos alunos de graduação da UEM ficaram sem aulas por causa da mobilização do Sindicato de Docentes da UEM (Sesduem). Em nota, o Sesduem informou que os sindicatos docentes de Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel e Foz do Iguaçu aguardariam até o dia 20 para tomar qualquer decisão.


Na semana passada, a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Seti) prometeu que apresentaria uma proposta salarial para os docentes. Segundo Rossato, a promessa serve apenas para desmobilizar as categorias. "Eles já haviam feito uma contraproposta em novembro. E não cumpriram. Então acreditamos que o anúncio tenha sido só para desarticular o movimento."


PARA LEMBRAR


A última greve deflagrada por professores e funcionários das universidades estaduais do Paraná durou 170 dias e foi a mais longa da história.

A greve começou em 17 de setembro de 2001 e se estendeu até 4 de março de 2002. Mais de 30 mil estudantes tiveram o calendário de aulas afetado. Em 2000, as instituições haviam feito greve por aumento salarial e adequação orçamentária. Após 42 dias paralisados, retornaram ao trabalho com a promessa de que o reajuste aconteceria no início de 2001. Como ele não veio, em setembro, os servidores pararam novamente.


A categoria pleiteava 50,3% de aumento dos salários como reposição da inflação no período de 1995 a 2001, sob o governo de Jaime Lerner; revisão anual da data-base; concurso público; aprovação do Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS); e não privatização da Copel.


Na UEM, mais de 1.000 professores e servidores ficaram de braços cruzados nesse período. Em março, eles aceitaram a proposta do governo de remanejar R$ 35 milhões de recursos das próprias universidades para garantir a correção das tabelas do PCCS e a retirada da pauta da Assembleia Legislativa do projeto de autonomia universitária para ser debatido com a comunidade.

http://maringa.odiario.com/maringa/noticia/553075/em-paralisacao-na-uem-fogo-portoes-fechados-e-pichacao/