É humanamente impossível enfiar todos os sucessos de Elis Regina num único show, em cerca de uma hora e meia. Incumbida de uma missão impossível, a cantora Rakelly Calliari já prevê a reação do público amanhã e domingo, no teatro da UEM, após os shows. "As pessoas vão ficar frustradas. Todo mundo quer ouvir sua música favorita, e a Elis gravou muito material. Não dá para agradar a todos", comenta a vocalista do Samba Sim.
No ano em que Elis Regina morreu, há três
décadas, vítima de uma overdose de cocaína e álcool aos 36 anos, o
grupo londrinense presta um tributo com o pé no samba. Canções bem
conhecidas de João Bosco, Gilberto Gil, Adoniran Barbosa e Paulo César
Pinheiro ganham espaço no recorte musical. Entre os clássicos, há
alguns lados B para os fãs mais ardorosos. É aí que "Sai Dessa" e
"Mangueira" surgem no repertório.
Divulgação
Elis Regina: cantora morta em 1982, vítima de overdose, terá os sambas
de seu repertório interpretados pelos londrinenses do Samba Sim: "Se não
fosse a Maria Rita, não sei o que seria", diz vocalista Rakelly, sobre a
popularidade de Elis junto às novas gerações
Esta será a segunda vez que o Samba Sim presta tributo a Elis. O
primeiro foi em 2010, assumindo a trilha às quintas-feiras do mês de
janeiro, no Bar Valentino, em Londrina. Por lá, Elis é homenageada
anualmente, sempre com um mês dedicado ao seu repertório. E não é só de
MPB, não. Tem de tudo. Bandas de rock e black music também mostram
suas leituras para as canções da cantora gaúcha. "É incrível como o
repertório dela pode ser adaptado a outros estilos", observa.
Quem está acostumado a ver shows capengas de covers, vai sentir a
diferença durante a apresentação dos londrinenses. "Virou uma desgraça.
Tem um monte de gente fazendo ‘Especial Maria Rita’, ‘Especial Nando
Reis’, e esses artistas estão aí, em plena atividade, fazendo turnês.
Já o nosso shows exigiu pesquisa musical, estudo biográfico", comenta.
Debruçada sobre a obra da Pimentinha, Rakelly ganhou uma
série de lições, desde a preocupação com compositores até os arranjos
musicais. "É incrível como os produtores e compositores foram
essenciais para ela. Observando a obra da Elis, conseguimos ampliar
nosso repertório, ganhamos uma consciência maior sobre os arranjos",
diz.
Renovação
O público jovem não
está distante do legado musical da Pimentinha. Uma das responsáveis
pela mediação com novos fãs, segundo a londrinense, é Maria Rita,
filha de Elis.
Imagem
Quando: Hoje, às 21h, e
amanhã, às 20h.
Onde: Teatro Oficina da
UEM. Preço: R$ 15
(promocional),
à venda na Genko Mix
(Maringá Park)
"Quando ela concede entrevistas, na Rolling Stone ou em outras publicações voltadas para os jovens, ela sempre responde sobre a relação com a mãe. Se não fosse a Maria Rita, não sei o que seria", observa.
Além da Rakelly nos vocais, o Samba Sim ainda é formado por
André Gião (cavaco e guitarra), André Mendes (baixo) e Leonardo Cacione
(bateria).
Nos shows de Elis, o público sempre ficava
apreensivo. Tudo podia acontecer. Cancelamentos de shows, em cima da
hora, eram comuns. Lágrimas rolando no palco também. Felizmente,
Rakelly não incorporou essas características em sua performance. Sorte
anossa, sem risco de ir em vão até a UEM.