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Maringá ‘exporta’ tecnologia e empresas elevam lucros

Em uma economia local dependente do agronegócio, produtos a base de algoritmos têm dado um novo rumo à cidade. A fabricação de programas de computador não é tão vistosa quanto as plantações de milho e soja que cercam Maringá, mas tem registrado aumento nos lucros a ritmo chinês, movimentando milhões e estabelecido nome da cidade como referência nesse filão tecnológico.

"A frase ‘Fabricado em Maringá’ virou grife de software", diz Rud Rizziolli, sócio da Elotech. Formado em Piracicaba, veio para Maringá e começou na mesma empresa como empregado. Hoje conta com 60 funcionários na cidade, 150 se somados os escritórios em outros Estados e atende cerca de 300 prefeituras. Ano passado a empresa teve faturamento bruto de R$ 8 milhões e espera um crescimento de 30% para 2012.


"A gente deu um salto tecnológico atendendo a prefeitura de Maringá. Eles são muito organizados e exigem demais."


Por conta da demanda da prefeitura de Maringá, a equipe de Rizziolli criou programas que hoje são vendidos para outras centenas de administrações públicas. Um caso é o controle de almoxarifado.


O programa foi feito com base no histórico de compras e um exemplo é que copos descartáveis são mais consumidos no verão do que no inverno. Resultado: o sistema gera um alerta e registra um relatório se alguém se atrever a comprar mais copinhos do que o tido como necessário para determinada época.


Maringá conta hoje com 45 empresas filiadas à entidade que reúne as companhias da área de tecnologia da informação no Estado – 22% do total de 200 filiados. O presidente da entidade, Sérgio Yamada, é de Maringá. "A cidade é diferenciada pelo nível de organização das empresas.


Virou uma referência", diz. Uma das explicações para o fortalecimento de Maringá na área de software pode estar no pioneirismo. "A UEM é pioneira, foi a terceira do País a ter curso de informática. Isso faz a diferença", diz Joaquim Cardoso Tavares, dono da SG Sistemas.


Tavares é da primeira turma da UEM, de 1976. Assim que se formou, passou a desenvolver sistemas para os supermercados Cidade Canção. Virou especialista em programas para o setor supermercadista. Hoje a empresa tem 86 funcionários, atende mais de mil clientes em 14 Estados e registrou faturamento bruto de R$ 4 milhões no ano passado. Para este ano, a meta é chegar aos R$ 6 milhões, aumento de 50%.


O maior obstáculo para cada empresa é a mão de obra. Os empresários têm duas saídas: contratar funcionários com curso superior na área ou ensinar garotos que gostam de programação a partir do zero. "A gente ajuda no custeio da faculdade, paga cursos, faz o que pode para formar pessoal", diz Tavares.


Trabalho não falta


No mural do Departamento de Informática da Universidade Estadual de Maringá (UEM) nunca faltam anúncios de emprego. Nos últimos anos, ao menos duas empresas do ramo espalharam outdoors na cidade anunciando vagas para programadores.


E o assédio vai até à sala de aula. "É normal a gente receber visitas de empresas, os alunos de Maringá são muito bem vistos. Temos ex-alunos no Google, na IBM, quem sai daqui não costuma ficar desempregado", diz a chefe do departamento, Tania Tait.


No vestibular de dezembro, a concorrência para Ciências da Computação na UEM foi de 15 candidatos para cada uma das 17 vagas – média semelhante à do curso de Agronomia. O número de interessados não tem sofrido grande oscilação nos últimos anos.


Em 1997, a concorrência chegou a 20 por vaga. Segundo empresas ouvidas pela reportagem, o salário inicial de programador na cidade costuma ser pouco mais que R$ 1.000. "Os bons recebem na faixa de R$ 3 mil a R$ 5 mil, enquanto os muito bons podem passar de R$ 8 mil", diz o diretor de uma empresa.


Na Índia


Buscar mão de obra fora é um termo que uma empresa de Maringá levou ao extremo. A DB1 abriu no mês passado uma filial na Índia, com cinco programadores. O objetivo é chegar a 30 programadores indianos nos próximos meses, que vão desenvolver sistemas a partir das ordens enviadas pela sede maringaense – hoje a empresa conta com 120 empregados.


Um dos motivos para buscar o caminho das Índias é o preço da mão de obra. Estima-se que um bom programador indiano tenha que acumular dez anos de experiência para chegar a um salário que no Brasil conquistaria em metade do tempo.


Fundada em 2002, a DB1 fechou o ano passado com lucro líquido de R$ 5,8 milhões, crescimento de 31% ante o ano anterior. As principais fontes de renda são cooperativas (atende quatro,das dez maiores do Brasil) e bancos.

Eleita ano passado a 16ª melhor empresa para se trabalhar no Paraná – segundo o Instituto Great Place to Work – currículos não faltam na DB1.


Segundo o chefe do departamento de Recursos Humanos, Cesar Luiz Cardoso Lopes, a empresa recebe uma média de 6 mil currículos por ano. Não que isso signifique que a empresa não tenha problemas com mão de obra. "O pessoal, mesmo formado, chega muito cru", diz. A saída tem sido apelar para os pratas da casa: cerca de 20% do time foi formado em cursos dados pela própria empresa.


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http://www.odiario.com/zoom/noticia/556659/maringa-exporta-tecnologia-e-empresas-elevam-lucros/