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Sem parcerias, inovações não chegam ao consumidor

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) tem mais pedidos de depósito de patentes por invenções e melhorias tecnológicas de processos ou produtos que a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) juntas.

Só nos primeiros quatro meses de 2012, sete novas solicitações foram feitas ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) - órgão responsável pela análise da propriedade intelectual no País - por meio do Núcleo de Inovação Tecnológica da UEM.

Ricardo Lopes

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Rosângela, que coordena pesquisa para eliminar micro-organismo da água

A inovação, fruto da pesquisa científica, tem ajudado a destacar a UEM como uma das melhores universidades do Brasil. No entanto, a instituição de ensino ainda escorrega entre a produção intelectual e o mercado consumidor, o que também é realidade nas outras universidades estaduais.

Dos 70 depósitos de patentes em análise no INPI e de uma carta de patente conquistada por pesquisadores da UEM, ainda não há nenhum exemplo que tenha ganhado escala industrial e que já esteja disponível ao consumo. "Está próximo de acontecer, mas ainda não fechamos um contrato para fazer essa transferência do conhecimento.

Temos o dever de dar um impulso a esse processo e com certa velocidade. Mas ainda temos que aprender a lidar com as empresas e é o que estamos tentando fazer agora", afirma a diretora de Pesquisa e Coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica da UEM, Valéria Neves Domingos Cavalcanti.

Segundo ela, a procura das empresas pelo desenvolvimento científico tem aumentado e ainda vai trazer bons resultados à universidade e à comunidade.
Valéria faz uma ressalva em cima do uso da estévia para produção de adoçantes, desenvolvido na década de 90 na UEM.

O produto ganhou o mercado consumidor, mas se tornou de domínio público e não entra mais nas contas dos depósitos de patentes da instituição. Embora não existam exemplos de mais produtos desenvolvidos na UEM que ganharam as prateleiras, a inovação tecnológica tem colaborado para a produção de conhecimento.

Um exemplo é o do professor do Departamento de Física, Mauro Luciano Baesso, que conquistou a patente sobre os materiais usados na produção de um vidro especial que permite o uso do laser na aplicação biomédica. O depósito foi feito em 1999 e a chamada carta de patente foi concedida em 2008. A técnica ainda não chegou na indústria, mas tem permitido a evolução de pesquisas em outras universidades do Brasil e do mundo.

"Em um teste feito recentemente na Universidade de São Paulo, em dezembro do ano passado, conseguiram uma resposta quase três vezes mais eficiente do que a do produto que é usado no mercado", relata o professor.

Com o resultado, Baesso acredita que há sim a possibilidade da invenção chegar à indústria. O problema é que "como no Brasil não há indústrias de laser e a patente é da universidade, seria necessário, por exemplo, realizar uma licitação internacional para fazer a transferência da tecnologia, o que é bem complicado".

O processo se torna mais fácil quando há parcerias entre os pesquisadores e a empresa que pode usar a tecnologia. É o caso da pesquisa de um "carvão ativado impregnado com prata e cobre para eliminação de micro-organismo da água", desenvolvido por pesquisadores do Departamento de Engenharia Química e a empresa Purific do Brasil.

"Não está no mercado ainda, mas estamos em fase de transferência da tecnologia para a empresa, que financia o projeto. Hoje, temos condições de produzir em menor escala e desenvolvemos um projeto para implantar um piloto e, depois ter condições de produção na empresa", diz a professora-doutora Rosângela Bergamasco, que coordena o grupo de pesquisa envolvido no projeto.

LISTA DE INOVAÇÕES DA UEM
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http://www.odiario.com/zoom/noticia/561976/inovacoes-estao-distantes-do-consumidor/