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Empresa júnior: experiência adquirida ainda na faculdade

Uma firma padrão, inclusive com CNPJ. Assim é definida uma empresa júnior por Matheus Doná, acadêmico do 3º ano de Administração da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e presidente da Adecon, vinculada aos cursos de Ciências Contábeis e Ciências Econômicas, além da graduação à qual ele está ligado.

A diferença está no fato de que uma empresa nesses moldes é gerida por estudantes não remunerados - todo o lucro é revertido para investimentos na própria empresa. Além disso, o valor cobrado pelas consultorias é menor que o preço de mercado.


A Adecon, que oferece serviços em consultoria empresarial, foi criada em 1992 por uma universitária e, atualmente, conta com 22 membros efetivos, além de 20 "trainees". As inscrições para o processo seletivo são realizadas todo início de ano e são abertas após a definição dos aprovados no vestibular.

João Paulo Santos

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Estudantes em trabalho na Adecon; perfil empreendedor é essencial

São três etapas: uma prova escrita, de conhecimentos gerais; dinâmica em grupo - que simula situações da empresa -; e uma entrevista individual feita pelos diretores executivos. Doná destaca que todo o processo de seleção é acompanhado por psicólogos, através de uma parceria da Adecon com uma empresa que presta serviços neste ramo.

Segundo Doná, todos os selecionados ingressam como trainees. Depois de efetivados, se tornam consultores, que podem ser transferidos para a gestão interna, tornando-se diretores, presidentes, vice-presidentes ou gerentes de projetos.

O período de treinamento dura 10 semanas. Nas primeiras 5, os estudantes recebem as instruções em sala de aula e materiais, participam de rodas de discussão e resolvem estudos de casos. Nas últimas 5 semanas, os aprendizes conhecem melhor a empresa e recebem capacitação para prestar consultorias, além de realizar diagnósticos para organizações não governamentais de Maringá.

Por ano, a Adecon realiza projetos de consultoria para 18 empresas. Segundo Doná, a fidelização é alta. "Temos clientes que indicam os serviços para amigos. Adquirimos credibilidade."

Fatores como preço da consultoria abaixo do valor de mercado, qualidade do serviço, universitários capacitados e apoio do professores contribuem para aumentar o interesse pela empresa júnior.

O envolvimento dos alunos também aumentou. O número de inscritos passou de 102 em 2011 para 119 este ano. Didaticamente falando, o grande diferencial do projeto, conforme o presidente, é a possibilidade que o estudante tem de gerir uma empresa antes de sair da universidade.

"Permite um contato com o mercado, com diferentes segmentos e áreas de atuação, e oferece conhecimento técnico elevado, além de mudanças comportamentais, em função da necessidade de responsabilidade", justifica.

Para quem tem vontade de se inscrever para o próximo ano, o que vale é a vontade de aprender. "Não é necessário ter experiência, mas perfil empreendedor e vontade de se capacitar", garante Doná.

Bons frutos


A consultora e administradora Vânia Paula Cruz Claus deve à experiência na Adecon a entrada no mercado de trabalho e os cargos que soma no currículo. Ela entrou na empresa júnior no 2º ano da faculdade, em 2001, e ficou até 2003.

O trabalho consistia na produção de diagnósticos para clientes, feitos com o auxílio de professores orientadores. "Implantávamos melhorias nas empresas." Com a experiência adquirida, Vânia foi eleita vice-presidente, passando a coordenar reuniões, dividir trabalhos e cuidar de burocracias.

A opinião da profissional é de que a experiência em uma empresa júnior é uma ótima oportunidade para estabelecer contato com o mercado, entender como funciona o trabalho de consultoria e como realizar gestão de empresas, já que, além de atender clientes, os estudantes também assumem a função de gerenciar e fazer gestão de pessoas.

SERVIÇO


Mais informações sobre as
empresas júnior do Paraná
são encontradas no site da
Federação das Empresas
Júnior do Estado do
Paraná (Fejepar).O
endereço é o
www.fejepar.org.br.

A entrada também abriu portas para um estágio fora da universidade. Uma das empresas atendidas pela Adecon a convidou para trabalhar. "Saí da empresa júnior para trabalhar como estagiária, e depois fui contratada", conta. Para ela, a empresa júnior fornece a experiência de tomada de decisões e aumento da responsabilidade.

Com a experiência, a timidez também foi deixada de lado. Vânia tinha dificuldade de trabalhar em equipe, mas a rotina de palestras para outros alunos a ajudou a driblar o problema. "Faz toda a diferença para o aluno, pois ao mesmo tempo em que ele está em sala de aula, tem a oportunidade de vivenciar o que aprendeu", explica.

Quem começou a vivenciar recentemente a experiência já vivida por Vânia é o estudante do 2º ano de Engenharia Mecânica Vinícius Monte Muniz. Ele está na Inovatech (empresa de soluções em engenharia mecânica) há cerca de 1 mês, após ser aprovado no processo seletivo junto com outros 21 alunos. Muniz deve atuar como trainne de projetos por 3 ou 4 meses e, se for efetivado, assumirá a função de assessor de projetos.

Para quem tem dúvida se deve entrar ou não em uma empresa júnior, o conselho do aprendiz é para que as pessoas encarem o desafio. "Estou conhecendo muitos acadêmicos do meu curso e estou notando que cada um ali tem um diferencial, pois são dinâmicos, inteligentes e muito capacitados."

Além disso, a expectativa de Muniz é de que a experiência o ajude a estabelecer contato com o mercado de trabalho.


OPÇÕES

Além da Adecon e da Inovatech, a Universidade Estadual de Maringá conta com empresas júnior nas áreas de Agronomia (Agrojr), Engenharia de Alimentos (EMPEA Consultoria), Engenharia de Produção (Dinâmica Empresa Júnior), Engenharia Química (Conseq), Farmácia (Teófilos), Psicologia (Psique), Secretariado Executivo Trilíngue (Conset) e Zootecnia (Zoojr).

http://www.odiario.com/cidades/noticia/563794/empresa-junior-experiencia-adquirida-ainda-na-faculdade/