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Maioria diz que plantas não causam danos à saúde

Um levantamento feito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) mostra que sete de cada 10 usuários de um posto de saúde acreditam que as plantas medicinais são inofensivas. As receitas ancestrais dos chás são consideradas seguras por 68,5% das pessoas entrevistadas em pesquisa na Unidade Básica de Saúde Pinheiros.

Vistas como alternativa natural e menos tóxicas, as plantas passam a falsa impressão de que não oferecem riscos à saúde. "Nos deixa preocupados saber que quase 70% das pessoas acham que não há mal nenhum em usar o chá dessas plantas", diz a professora do Departamento de Farmácia da UEM, Adriana Lenita Meyer Albiero, doutora em Biologia Vegetal e tutora da pesquisa. "Não há medo em usar o chá porque acreditam naquela história de ‘se é natural, não faz mal’, mas não é bem assim", alerta.


Das 97 pessoas ouvidas na pesquisa, 24,2% disseram usar com frequência ervas medicinais e fitoterápicos e 40%, esporadicamente. A maioria não conta ao médico que usa produtos à base de plantas, o que resulta no conflito entre sabedoria popular e resultado clínico. Para Adriana, esse comportamento é um risco à saúde. "Os pacientes devem dizer ao médico que usam plantas. Muitas delas interferem nos tratamentos convencionais", explica.


Segundo ela, é comum ver diabéticos que associam o chá de pata-de-vaca ao remédio para controle da glicemia e não contam ao médico. "Essa associação interfere na dosagem do medicamento, mas é importante contar, para que o médico tenha certeza de que o resultado dos exames não está sendo influenciado pelas plantas."


A superdosagem das ervas pode provocar intoxicação. Geralmente o fígado é o órgão mais afetado. Para que, em vez de benefícios, a planta não traga problemas, o paciente deve ficar de olho na dosagem. Ninguém deve tomar mais de quatro xícaras do chá de erva cidreira ou de camomila por dia. Doses exageradas de erva cidreira causam irritação gástrica e queda de pressão.


Dos que fazem uso de fitoterápicos ou plantas medicinais, 8,2% tiveram efeitos colaterais e 9,8% já abandonaram tratamentos alopáticos para utilizar apenas o alternativo.


Médicos


Para 11,6% dos entrevistados, em caso de doença, a primeira atitude é tomar chás medicinais, e não ir ao médico. A maioria – 65,3% – procuram o médico; 10,5% recorrem ao farmacêutico; 4,2%, ao balconista da farmácia; e 2,1%, a uma benzedeira.


O estudo também ouviu médicos e enfermeiros do posto de saúde. Cada um respondeu a um questionário com 15 perguntas. O resultado mostrou que 75% dos médicos prescrevem fitoterápicos eventualmente e 25% sempre indicam. "Eles têm interesse no assunto e muitas vezes acham mais vantajoso usar o fitoterápico, mas não têm formação sobre o tema", diz Adriana.


Os números comprovam que os médicos receitam os fitoterápicos para casos "leves", como insônia e mal-estar digestivo. A maioria deles prescreve os extratos das plantas como calmantes (100%), para gripe (50%) e mal-estar gástrico (37,5%). "Conforme o quadro se agrava, os fitoterápicos somem das indicações, por causa do risco de doenças infecciosas, como pneumonia e infecção de pele e garganta", explica.



VOCÊ USA CHÁS MEDICINAIS QUANDO ESTÁ DOENTE?

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"Sim,
principalmente
os de camomila,
erva-doce e erva-
cidreira. O de
manjericão é
ótimo para
tratar cólica de
rim"

Arlete Araújo

Comerciante

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"Uso muito o
chá de capim-
limão com
algumas
gotinhas de
limão. Para
curar gripe é
excelente"

Ana Maria

Ribeiro
Autônoma

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"Faço bastante
em casa os
chás de
hortelã, poejo e
guaco. Eles
funcionam bem
e costumo
comprar em
farmácia"

Consuelo Garcia

Comerciante

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"A minha
esposa faz,
principalmente
o chá de hortelã
e orégano,
bons para tratar
dor de
estômago"

Darci Partika

Engenheiro

agrônomo

 

SAIBA MAIS

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http://www.odiario.com/zoom/noticia/563735/maioria-diz-que-plantas-nao-causam-danos-a-saude/