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Imposto deve ser levado em conta na hora de contratar

O governo federal encampou uma "guerra" contra os juros bancários, e os cortes nas taxas das instituições públicas pressionaram bancos privados a tomar a mesma atitude. Mas com todas estas reduções, o que muda, de fato?

Para a economista e docente da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Maria de Fátima Garcia, os bancos privados também terão que reduzir o valor das taxas de serviços. Mas o cerne da questão é forçar as instituições para que baixem as margens do spread bancário - uma espécie de lucro sobre os juros cobrados do cliente.

Arquivo/DNP

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Cheque especial teve a maior queda nas taxas; clientes "VIP" podem conseguir índices ainda melhores

Da redução dos juros para a aquisição de carros, crédito pessoal e cheque especial, foi nesta última que se observou o maior impacto. Entre abril e maio deste ano, a Caixa reduziu em 3,68 pontos porcentuais a taxa do cheque especial: caiu de 8,04% ao mês para 4,36% (vide gráfico). A economista acredita que a migração de clientes para bancos com taxas mais atraentes criará um "efeito dominó" entre as instituições.

ATENÇÃO


1,5%
É a alíquota máxima de IOF
cobrado ao dia, sobre o valor
das operações de crédito

360%
É o quanto cresceu a carteira
de financiamentos de veículos
do BB após a queda dos juros

"A tendência agora é que os bancos entrem numa concorrência por clientes. Por isso os bancos privados terão que seguir a tendência. O mais importante de tudo é que vai baixar o spread bancário", especula Maria de Fátima.

O professor de Análise de Investimentos da UEM Antônio Denardi concorda que a revisão dos juros do cheque especial é de fato seletiva. No entanto, os bancos podem não querer renegociar uma dívida acumulada. "Essa será a taxa de juros a partir de agora. O que está em saldo devedor fica do mesmo jeito", alerta.

Divulgação/AEN
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Veículos em pátio de montadora:

refinanciamento exige cuidados

No entanto, quando o assunto é aquisição de carros e crédito pessoal, a variação foi mais modesta. Denardi aconselha cautela para quem quiser renegociar o financiamento de um carro popular, a exemplo do Fiat Uno Mille, que custa perto dos R$ 25 mil. Ele observa que se estiverem faltando poucas parcelas para a quitação, a migração pode não compensar.

"É preciso tomar muito cuidado com alguns detalhes, como a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para uma transação de R$ 14 mil, por exemplo, o custo do IOF é de R$ 500. Às vezes não compensa, se faltar pouco para quitar a dívida", pondera.

Para Denardi, já passou da hora de o Brasil passar a praticar taxas de juros civilizadas, a exemplo de países da Europa ou dos Estados Unidos. "É por isso que os bancos crescem. Os juros bancários ainda são muito pesados no Brasil. Em nenhum outro país é proporcionalmente tão alto", finaliza.

http://www.odiario.com/cidades/noticia/566928/imposto-deve-ser-levado-em-conta-na-hora-de-contratar/