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coluna do impresso 10/05/2012

Pela via judicial
Concebido para ser um hospital escola, o Hospital Universitário de Maringá se converteu na porta de entrada do sistema público de saúde de um universo de mais de cem municípios da região noroeste do Estado e se transformou na maior dor de cabeça para seus administradores e fonte de problemas para a entidade mantenedora, a UEM.

Com menos de 30 por cento do seu projeto concluído, o HU padece de leitos, centros cirúrgicos, salas de atendimento e, principalmente, de pessoal para dar solução à infinidade de demandas de quase um quarto do Estado.

A situação é tão ruim e tão antiga, que já se tentou de tudo: desde uma emenda conjunta dos parlamentares para se buscar dinheiro federal – emenda que não resultou no esperado – para sustentar suas deficiências, como a mão firme do Ministério Público forçando atendimentos específicos. O problema, todavia, não se resolve.

Em juízo

Cansada desta paralisia, a promotora de Defesa da Saúde Pública, Stella Maris Santana Pinheiro, ultima uma ação civil pública para obrigar o Estado do Paraná a concluir a parte física do hospital e municia-lo com o pessoal necessário para que a unidade pública funcione adequadamente.

Hoje, trabalhar no HU é mais ou menos como atender em hospital de guerra, tal a precariedade e estresse a que os profissionais ali lotados estão sujeitos.

Amanhã, a promotora realiza com membros do corpo diretivo do HU uma reunião que indicará quais os quantitativos necessários para o objetivo de um atendimento adequado da unidade de saúde. Depois disso, a ação será distribuída. No início da próxima semana.

Definitivo

Ainda bem que temos o Ministério Público. Por essa, e tantas outras, temos de dar graças à Constituição Federal de 1988 que deu maiores poderes para o órgão. Até aqui, pela via administrativa e pela via política, não se conseguiu solução definitiva para o hospital.

Recursos esporádicos, como aquela verba liberada no meio do ano passado pelo secretário de Saúde do Estado, Michele Caputto Neto, não resolvem a parada.

É necessária uma decisão definitiva que importe na aplicação de recursos vultuosos para que a coisa realmente ande. E a via judicial, no momento, parece ser a única com a força necessária para fazer com que a coisa aconteça.

Emenda 29

O Estado, com seu profissionalíssimo corpo de procuradores, tentará com competência eximir-se da obrigação. Mas desde que foi regulamentada a Emenda 29, é função sim do ente estadual responder pela saúde pública especializada.

Para isso, precisa comprovar a aplicação dos 15% do seu orçamento na área. E, pelo modo como o Estado agiu no passado, a imposição de uma obrigação judicial parece ser a única solução para que cumpra com suas responsabilidades.

Porque, se for deixar pela conta dos políticos, continuaremos a ver decisões equivocadas como a que teve o governador anterior, que preferiu construir um hospital público em Guaraqueçaba, litoral pouco freqüentado pelos paranaenses, apenas para botar o nome do seu pai no prédio. Enquanto isso, o HU de Maringá continuou aos frangalhos, como se vê até hoje.

Vai tempo

Parabéns ao MP pela iniciativa, especialmente à promotora Stella Maris, que sabe bem compreender sua função como agente de transformação e não se intimida dos adversários que escolhe pela defesa da saúde coletiva.

O único problema é que uma ação como essa tende a levar muito tempo até ter o trânsito em julgado (a decisão definitiva). E, até lá, a população regional continuará sofrendo a ausência de um hospital público de referência.

http://www.odiario.com/colunas/noticia/567872/coluna-do-impresso-10052012/