Crescem os casos de abuso sexual a menores

O Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil, hoje, chama atenção para uma triste realidade. Dados do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) mostram que 63 crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual foram atendidos no ano passado. Em 2010, o órgão registrou 48 casos e até a primeira semana deste mês, foram realizados 11 atendimentos.

No Brasil, relatório da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República aponta que, em 2011, o Disque Direitos Humanos (Disque 100) recebeu 91.932 denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes, o triplo do total registrado em 2010, com 30.543 ocorrências.

Em Maringá, as denúncias formalizadas na Polícia Civil ou feitas ao Disque Denúncia são encaminhadas para o Creas. A coordenadora do órgão, Sirley Oikawa, explica que o caso primeiramente é avaliado por uma psicóloga e em seguida a família recebe uma visita. "Os profissionais do Creas fazem a coleta de informações sobre a situação e se o caso for verídico é encaminhado para atendimento na rede municipal."

Sirley diz que nos casos de abuso sexual é feita orientação aos pais e à vítima. Todos passam por atendimento psicológico. "Recebemos diariamente denúncias de violência contra crianças e adolescentes." O tratamento varia de acordo com o estado emocional da vítima.


Identificação
Para detectar casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes é necessário cuidado na coleta de informações. Segundo a enfermeira do Departamento de Epidemiologia da Secretaria Estadual de Saúde, Terezinha Mafioletti, "é muito importante ter um olhar bastante cuidadoso em relação aos comportamentos e perceber também o que não vai ser dito".

O profissional da área da saúde, de acordo com a enfermeira, deve observar pequenas lesões, manchas roxas, cicatrizes, marcas de queimaduras de cigarros e arranhões. "No exame dos órgãos genitais, o profissional deve ficar atento a qualquer sinal que pareça inadequado, além de observar corrimentos e até assaduras.

Além dos exames físicos, profissionais de outras áreas também podem ajudar no diagnóstico. Um comportamento inadequado normalmente é o primeiro sinal de um possível abuso sexual. "Se a criança era tranquila e se torna mais agitada ou agressiva, se apresenta níveis de ansiedade, baixa autoestima, hiperatividade, autoflagelamento. Todos esses podem ser sintomas causados pelo abuso", exemplificou Mafioletti.

A enfermeira acrescenta que o diálogo com os pais deve ser cuidadoso e inteligente. "É importante fazer diferentes perguntas e analisar se há alguma informação que não condiz com a outra e ficar atenta aos comportamentos na hora das respostas."

Mafioletti chama a atenção da população também para a importância das denúncias de casos de abuso contra a criança e o adolescente, além da divulgação nos meios de comunicação. "É fundamental dar visibilidade a esses casos para que as pessoas se conscientizem do problema."


AGENDA

Em Maringá, será realizada a 7ª Ação de Mobilização da Comunidade com atividades que buscam sensibilizar os cidadãos para a situação das crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, e também atividades de capacitação para a rede de atendimento e proteção.

Hoje, das 10h às 15h, profissionais da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc) vão distribuir material informativo sobre violência contra crianças e adolescentes, na Praça Raposo Tavares, Centro da cidade.

Ainda hoje, haverá capacitação para profissionais, promovida por meio de parceria entre as secretarias municipais de Saúde, Educação e Assistência Social, Ministério Público Estadual, Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Hospital Universitário.



DADOS

Atendimento a crianças e adolescente pelo Centro de Referência Especial da Assistência Social (Creas) – Proteção à Criança e Adolescente Vítimas de Violência