Quando o maringaense Guilherme Puglia concluiu a
graduação em Ciência da Computação, em 2010, pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM), a mudança para São Paulo já estava planejada.
Chegou na capital paulista matriculado no Instituto de Matemática e
Estatística (IME), da Universidade de São Paulo (USP), onde cursou o
mestrado em Otimização Combinatória.
Fotos/Douglas Marçal
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Mas foi surpreendido no último semestre do curso quando foi aprovado
numa seleção para Engenheiro da Informação do Google, uma das maiores
empresas de informática do mundo.
Atualmente, Puglia é o único
paranaense a desempenhar o cargo mais cobiçado na empresa. Apenas outro
ex-aluno da UEM, formado em Processamento de Dados, teve a mesma
oportunidade.
Com 24 anos, ele desenvolve soluções para o
principal produto da empresa: o search. É aquela ferramenta de busca
que já virou até verbo. Ao invés de pesquisar na internet, muitos
chamam a atividade de dar uma "gulgada", que significa buscar no
Google.
Puglia contou durante a entrevista algumas nuances da
vida de engenheiro. Mas, por questões corporativas, não pode comentar
nenhuma nova estratégia do Google. Mas opinou sobre alguns pontos como
cloud computing (computação em nuvens), aumento na velocidade
segmentação dos serviços de pesquisa e sobre as possibilidades que a
profissão de engenharia de software oferecem para o futuro.
O DIÁRIO - Como você analisa a revolução que a internet fez no dia a dia das pessoas?
GUILHERME PUGLIA -
Tive a possibilidade de conhecer o computador antes da internet. Eu
via a máquina como muito potente, mas ainda não era o ideal. Com o
surgimento da internet hoje as possibilidades são inúmeras. Não existem
mais barreiras de distância. Se consegue conversar ou fazer reuniões
por videoconferência.
Não é o mesmo que no presencial, mas já
existem experiências pela internet. Existe, entre outros, o HangOut do
Google Plus que possibilita a conversa entre mais de duas pessoas ao
mesmo tempo. Nisso é possível se comunicar com três, quatro ou cinco
pessoas. É um leque de possibilidades de comunicação à distância.
Como você avalia o conceito de cloud computing, também conhecido como nuvens de informação?
Em 2008, estive num congresso com o Richard Stallman, que debate a
questão do software livre, que comentou sobre o problema de não ser
sustentável desenvolver e fabricar computadores da maneira que ocorre. A
cada seis meses as máquinas são trocadas.
E na mesma
velocidade se melhora a capacidade de armazenamento de informações em
discos ou outras interfaces. É uma tendência natural que a tecnologia
centralize as informações. No fundo, o que vejo é um retorno ao
princípio da computação quando existiam as grandes centrais de
processamento (mainframes). Nas organizações havia uma sala com
servidores que armazenavam todos os dados.
O que estão tentando
fazer com as nuvens é encontrar uma maneira de colocar muitas
informações em um mesmo lugar. Penso que isso é um processo natural:
sair do disquete, que dava problemas de perda de informações e
arquivos, para entrar na era do Google Disco (do inglês Google Drive),
uma central que possibilita armazenar e editar os dados dentro do
conceito de nuvens.
Sem contar que é possível juntar isso com
arquivos de e-mail, fotos, etc... A tendência é ter um lugar seguro,
onde as pessoas respeitam a sua privacidade.
Os computadores saíram dos grandes servidores e viraram netbooks. Ocorre um retorno ao passado na tecnologia?
Hoje podemos usar tecnologias que não existiam pela falta de uma rede
confiável em grande escala. A transmissão de dados é muito melhor. E
passamos a analisar que arquitetura ideal para a informação é a antiga.
Por isso essa tentativa de centralizar os dados outra vez.
Não
consigo imaginar o que vem de agora em diante dentro desse mercado, mas
quem conseguir imaginar e acertar dois ou três passos vai ganhar muito
dinheiro.
Mas o que está em evidência nesse mercado?
Imagino que os aparelhos tendem a não precisar de tanta capacidade de
armazenamento. Um celular não precisa ter 30 ou 40 gigabytes. É
necessário uma internet que permita a você enviar as informações para um
local próprio para aquilo.
O Ipad é mais para assistir um
vídeo ou responder um e-mail urgente. Agora com um computador potente
na sua casa é melhor armazenar as informações. Fala-se muito nisso
hoje.
E o mercado de engenharia de software. Qual a perspectiva para o futuro?
O mercado está precisando de engenheiros de software e o Brasil
carece de mão de obra qualificada no segmento. E não é só saber a
linguagem da informação. Para estar qualificado é ter conhecimento de
matemática, física e a base de computação.
Quem tem o domínio
dessas aptidões é requisitado e será bem sucedido na profissão. Outra
vantagem é uma amplitude mundial que a profissão oferece. Se não
encontrar emprego no Brasil existe ainda a chance de encontrar trabalho
fora do País. Quem sonha com a engenharia de software tem nas mãos uma
profissão que torna isso viável.
Para onde o Google caminha?
O objetivo do Google é oferecer a melhor experiência para o usuário.
Existe um empenho em pesquisas personalizadas. O que eu imagino como
usuário é que a empresa sempre caminha para melhorar a vida do
internauta. O Google quer que você procure seus amigos e encontre.
Procure um restaurante e encontre. É isso que ele tenta fazer.
O Google é uma empresa que tem a proposta de tornar agradável o ambiente de trabalho?
Eles tentam fazer o ambiente ser o mais tranquilo possível. É
interessante o fato de ter uma sala de videogame. Mas uma mesa de
trabalho com cadeira ruim é algo que não permitem. Existe uma
preocupação de fato com o profissional.
Eles tentam focar não só
no produto final, mas nas pessoas. Se há algo de errado com o
funcionário, com o trabalho pode ocorrer o mesmo. O dono do Google foi
funcionário de empresas e criou um ambiente para as pessoas trabalharem
da maneira que ele quis um dia.