A greve é um direito constitucional assegurado aos trabalhadores, que
serve de instrumento de pressão em uma negociação trabalhista. Com isso,
na avaliação das reivindicações, são ponderados pelo empregador os
transtornos que uma eventual paralisação ocasiona, além do mérito.
No
âmbito da administração pública, a experiência comprova que
diferentemente do sistema de transporte público em que os transtornos
são perceptíveis a olho nu e, consequentemente, tomadas providências
imediatas, no caso de paralisação no sistema educacional não são
adotadas medidas tão rapidamente porque seus efeitos são percebidos
apenas em tempo médio.
Para além disso, em se tratando de greve
docente, quais os riscos de não sermos notados por alguém? Como a
sociedade vê uma paralisação de professores? Como ela enxerga o
administrador público que não contém uma paralisação dessa natureza?
Como recuperar uma imagem institucional desgastada por greve? Como
compensar as pessoas prejudicadas? Como reaproximar colegas de trabalho
após uma paralisação?
Ademais, vejamos o que sugerem alguns
fatos básicos associados à história da UEM nos últimos 10 anos. Os 170
dias de paralisação em 2001 resultaram em 13% de atualização salarial e
3 longos anos para ajustar o calendário letivo da universidade.
De
2003 até 2010, sem nenhuma paralisação, foram obtidos 20% de correção
líquida no salário dos docentes. Por fim, a partir de 2002 a UEM
experimentou um crescimento significativo em quantidade e qualidade dos
serviços prestados!
Nesse contexto, independentemente da época,
em maior ou menor grau, os investimentos em educação nunca foram
satisfatórios. Então, como compreender esse crescimento verificado na
nossa universidade?
Diferentes fatores concorrem para o
esclarecimento dessa interrogação, e, dentre esses, uma possível
explicação reside no simples fato: a universidade trabalhou
continuamente, sem interrupção!
Por isso a importância de se
encontrar caminhos para que a universidade prossiga ininterruptamente
com sua missão de ensino, pesquisa, extensão e cultura. Mas, para
tanto, será necessário conciliar rigor com flexibilidade entre o ideal e
o que for possível diante das adversidades governamentais.
Em
tempo, neste momento talvez seja oportuna a seguinte reflexão: se o
câmpus da UEM não estivesse instalado próximo do centro da cidade, mas
em algum ponto no meio do Contorno Norte de Maringá, por qual motivo
então uma paralisação da UEM seria notada pela comunidade?
Luciano Gonsalves Costa
Professor-doutor
do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e
presidente da Associação dos Docentes da UEM (Aduem).
http://www.odiario.com/opiniao/noticia/576989/qual-o-limite-de-crescimento-da-nossa-universidade/