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Terça: recorde pluviométrico

A chuva abundante que desabou entre o meio-dia da última segunda-feira e 4h de ontem atrapalhou o dia a dia do maringaense e castigou a cidade. O Instituto Tecnológico Simepar registrou, no período, índice pluviométrico de 260,2 milímetros de água.

Como consequência houve desabamento de encostas e paredes de contenção de obras, afundamento de fossas e alagamento de ruas. O abastecimento de água foi interrompido na Zona 7, Novo Centro e distrito de Iguatemi.

Dados do Simepar mostram que só na terça-feira choveu 184 mm. O número é maior que a média histórica de 30 anos para o mês de junho: 114 mm. No acumulado do mês, entre o dia 1º e 20, o total de água precipitada foi de 323 mm. O volume de chuva que caiu em 20 dias já superou em 73% a marca do mesmo mês no ano passado, que registrou 186,6mm.

João Paulo Santos


Ivonete Martin e a amiga Roseli veem o buraco na frente da casa: "A terra foi cedendo e avançando"

Samuel Brau, meteorologista do Simepar, informa que esse período foi o mais chuvoso desde junho de 1999, quando a estação foi instalada em Maringá. Ele explica que duas frentes de chuva ficaram estacionadas nas regiões norte e noroeste do Estado.

"O natural é avançar para São Paulo. No inverno essas frentes passam rápido. Tanto que as médias no período costumam ser baixas. Foi uma situação atípica", analisa Brau.

O meteorologista não descarta o retorno da chuva no fim de semana. Mas se ocorrer será em menor intensidade. Ontem, o tempo permaneceu nublado com chuviscos. Para hoje, a previsão é de tempo fechado. "A expectativa é de melhorar o tempo até sexta-feira."


Estragos

Segundo Claudio Parisoto, gerente de Prevenção de Riscos da Defesa Civil, na Avenida Sincler Sambatti, o Contorno Sul, houve desabamento de encosta em dois pontos que interditou um trecho de 1,5 quilômetro em uma das pistas, próximo ao bairro Cidade Alta.

O problema se estendeu das 19h de terça-feira até o início da tarde de ontem. O tráfego operou apenas com meia pista e foi controlado por agentes da Secretaria Municipal dos Transportes (Setran). Houve congestionamento e passar pela região demorava até 10 minutos. Operários da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semusp) fizeram mutirão para remover a terra que invadiu a pista.

Na obra de rebaixamento da via férrea, na Zona 6, o barranco de terra no trecho entre a Avenida 19 de Dezembro e a Rua Arlindo Planas veio abaixo. Funcionários que trabalham no local limparam os trilhos.

Na esquina da Rua Marechal Deodoro com a Avenida Pedro Taques, a parede de uma escavação de 9 metros das obras de fundação de um edifício cedeu. Houve desmoronamento de terra que abriu uma cratera na calçada da Marechal Deodoro.

Na parte dos fundos, a parede de sustentação ruiu. Isso fez a casa de um vizinho tremer. O imóvel ficou danificado com rachaduras e precisou ser interditado pela Defesa Civil.

Ana Gonçalves Bacaro, que mora no local com o marido e o filho, comentou que durante a madrugada de quarta-feira escutou os ruídos das rachaduras das paredes.

Cada fissura tinha até 1 centímetro de espessura. O problema se espalhou pelos quartos, sala e cozinha. Até o chão ficou completamente rachado. "Agora o susto passou e não estou com medo. Mas de noite foi terrível."


Fossa

No Jardim Copacabana, a modelista Ivonete Martins passou uma madrugada de tensão. Uma fossa na parte da frente de sua casa afundou por volta das 17h de terça-feira.

O buraco tem 3 metros de largura por 1,5 metro de profundidade. "O problema é que durante a noite a terra foi cedendo e avançando para debaixo da minha casa. É exatamente onde fica meu quarto. Tive que desocupar de medo", comentou.

Ivonete reclama da falta de atitude dos órgãos municipais. "Fica um empurrando para o outro. O problema é que a rede de esgoto que passa pelas ruas da redondezas, mas aqui não. Se o esgoto chegasse aqui não teria acontecido isso. Agora vou ter que abrir uma fossa na calçada e pelo jeito vai ser complicado", reclama.


Abastecimento

A assessoria de imprensa da Sanepar informou que o desabamento parcial em obras de dois prédios privados interrompeu o fornecimento de água em três regiões de Maringá.

Na Avenida Horácio Racanello, um problema na obra de um prédio afetou as imediações do Novo Centro. Na Zona 07, o quadrilátero formado pelas avenidas Pedro Taques, São Paulo, Colombo e Bento Munhoz da Rocha Neto ficou sem água durante até 14h de ontem.

No distrito de Iguatemi, um desbarrancamento rompeu a rede de distribuição de água na Rua Aparecido Crivelaro.


Buracos e bueiros

Com o grande volume de chuva, moradores também tiveram problemas com bocas de lobo entupida. No Jardim Paraíso, o técnico em Segurança do Trabalho Rogério Mathias, 43 anos, diz que luta há 2 anos luta contra alagamentos ocorridos por bueiros entupidos.

Nas avenidas Morangueira e a Pedro Taques bocas de lobo também ficaram entupidas. O alagamento chegou a provocar buracos nas duas vias.

Na avenida Colombo, o asfalto se soltou na frente da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e se estendeu por outros trechos.


AEROPORTOS

  • O Aeroporto Governador José Richa, de Londrina, reabriu ontem, às 12h15, e funcionou por instrumentos depois de mais de 41h fechado de forma ininterrupta. Foram cancelados 82 voos desde a última segunda-feira à noite, quando parou de operar às 19h07 por conta das chuvas fortes e nuvens baixas.

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  • O Aeroporto Regional Silvio Name Júnior, em Maringá, reabriu as operações após ficar fechado na manhã de quarta por conta do mau tempo. O terminal também foi fechado na manhã e tarde de terça-feira. Ontem, o aeroporto informou, por volta das 10h15, que dois voos – um da Trip, que seguiria às 6h para Campinas (SP) e outro da Gol, que partiria para Curitiba às 6h20 – não saíram pois não chegaram a pousar em Maringá na noite de terça.

http://www.odiario.com/zoom/noticia/578887/terca-recorde-pluviometrico/