A 85 quilômetros de Maringá, Campo Mourão recebe todos os anos milhares de pessoas interessadas em saborear um prato que faz do município uma referência no País.
É a Festa Nacional do Carneiro no Buraco, já em sua 22ª edição, que acontece na próxima semana no parque de exposições da cidade. Preparado em 150 tachos, o carneiro é servido no último dia do evento após ritual em que a carne permanece em cozimento por cerca de 12 horas.
Se a festa cresce em tamanho todos os anos, atraindo apreciadores de várias partes do País, o mesmo se vê no campo, com a ovinocultura.
Arquivo/DNP
Rebanho de Santa Inês, raça brasileira, rústica e boa produtora de carne: recomenda-se cruzamento com machos Dorper para melhorar a carcaça
Porém, mesmo em expansão contínua, com seus principais criatórios situados na região dos Campos Gerais, a atividade é incapaz de atender a uma demanda que aumenta em ritmo veloz.
Para um rebanho estadual estimado em 600 mil cabeças de ovinos, o consumo anual seria o equivalente a 4,5 milhões de cabeças, segundo calcula o professor, especialista e criador Francisco Assis Macedo, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Por causa disso, o Paraná, cujo consumo per capita é de 2,5 kg/ano, se obriga a importar carne do Rio Grande do Sul e de países como Argentina, Uruguai e Chile. O Rio Grande do Sul é o principal produtor nacional e também onde a população mais consome carne de ovino, em média 4,5 quilos por habitante/ano.
Macedo, que mantém rebanho em uma pequena propriedade no município de Mandaguari, diz que a região de Maringá oferece condições favoráveis para o desenvolvimento desse negócio. "Economicamente é mais interessante que a bovinocultura", afirma, destacando que a cotação da carne de cordeiro é, no mínimo, o dobro em relação a do boi.
CUSTA MAIS
O custo de produção de
carne de carneiro é 25%
maior que o da carne
bovina
"Em dez alqueires onde se coloca 60 vacas, é possível manter 600 ovelhas", acrescenta o professor. Se todas as vacas parirem, serão 50 bezerros em média por ano (considerando o período de gestação de 9 meses).
Mas se todas as matrizes de ovinos derem cria – cuja média é de 1,5 cabeça/ano (levando em conta a gestação de 8 meses) – o criador terá 900 novos cordeiros em um ciclo de 12 meses. Segundo ele, o ideal é que um investidor, para ter lucratividade, inicie com um plantel de 600 matrizes e uma área mínima de 10 alqueires.
A recomendação é a opção por fêmeas Santa Inês, uma raça deslanada brasileira, rústica e própria para produção de carne e com facilidade para entrar no cio o ano inteiro -, cruzando-as com machos Dorper, de origem africana, que conferem melhor carcaça.
http://www.odiario.com/regiao/noticia/580564/ovinocultura-cresce-e-aparece-na-regiao/